sábado, 30 de janeiro de 2010

Basta um Sorriso.

Reli o post anterior, acerca do Rex. Na verdade esse texto ficou tão aquém daquilo que eu tinha pensado que resolvi voltar ao tema. O meu filhote! Aquilo que eu pretendia descrever vai tão além daquilo que escrevi... o que é facto é que não encontro palavras para descrever as emoções que aquele miúdo causa em mim. Hoje passámos a tarde toda a brincar num fantástico parque verde com estruturas para as crianças. Escorregas, paredes de escalada e estruturas de cordas para trepar. E pinheiros e relva. Levámos uma bola para jogar. E jogámos! E andámos no excelente escorrega que era comprido e grande ao ponto de eu lá caber dentro e me divertir a escorregar! E, quando pensava que o Gabriel ia ter receio de escorregar sozinho, eis que o puto se manda lá para dentro, feliz e divertido! Ele correu atrás de mim e a fugir de mim, subiu e desceu escadas, aprendeu comigo a fazer aquela espécie de cambalhota, quando apoiamos a nossa barriga num ferro e depois rodamos o corpo usando esse ferro como eixo, pediu-me ajuda para subir para o cimo da parede de escalada e depois atirou-se para os meus braços. E ria-se! Muito, aquelas gargalhadas que só as crianças são capazes de produzir, límpidas, cristalinas e sinceras. Pelo meio destas brincadeiras surgiu o Rex, claro! E não deixou de me surpreender quando, ao subir as escadas em direcção ao escorrega pediu, simulando uma voz de cansaço de quem atravessou um deserto: "Rex, ajuda-me...". E o Rex ajudou. Depois o Rex escondia-se atrás das árvores e saltava ao caminho dele, rugindo com as garras em riste!! Quando anoiteceu eu e o Rex estávamos exaustos! Mas ele não! Chorou que não queria ir embora mas foi. Limpou as lágrimas e deu-me a mão (a mim ou ao Rex?) e quando entrámos no carro disse que tinha adorado a brincadeira. Arranquei e ele adormeceu.
Por vezes esqueço-me da idade do meu filhote: 2 anos e (quase) 10 meses! Caramba! Nem 3 anos ainda e já tão independente, tão desembaraçado fisicamente e tão fluente no discurso. A sua imaginação não tem limites, a sua energia é inesgotável, é rebelde e tem personalidade, não é grande fã de beijinhos e abraços mas consegue ser tão meigo que nos abraça e beija quando não o esperamos! O seu sorriso ilumina a milha alma, se ela existir...
Releio e vejo que as palavras continuam a não descrever exactamente aquilo que sinto.
(isto está perigosamente parecido com um babyblog...)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Rex.

O Rex é um dinossauro. É um dinossauro porreiraço, gentil e companheiro. Um compincha das brincadeiras do Gabriel. O Rex tanto pode jogar à bola, como à apanhada ou às escondidas. O jogo preferido deles é uma mistura entre escondidas e apanhada onde o Rex se esconde e o Gabriel procura. Quando o Gabriel encontra o Rex, este ruge e corre atrás dele! É uma diversão. Por vezes é o Gabriel que persegue o Rex, munido das suas espadas imaginárias ou de outras munições que nascem no seu bolso e nunca acabam. O Rex é um grande amigo do Gabi. O Rex sou eu.
Isto do meu alter-ego (apesar de ter sido criado pelo meu filho) ser um dinossauro tem muito que se lhe diga. Logo à partida, a voz! Um dinossauro que se preze deve ter uma voz rouca e potente, uma espécie de rugido perceptível, e isso dá conta de qualquer garganta. Ora, como o Gabi gosta particularmente de falar com o Rex durante as viagens de carro, não é de estranhar que além de me doerem as costas também esteja rouco!
Mas o que mais me fascina nesta brincadeira é o facto de eu e o Rex partilharmos em simultâneo o mesmo corpo. Quer isto dizer que o Gabriel tanto pode estar a falar com o Rex como com o Pai! Por exemplo: -REX! REX! Esta é a espada dos dinossauros! Foi o pai que deu! (a propósito de um sabre de pirata que lhe ofereci esta semana). Ou então, quando ele chama pelo Rex e eu respondo com voz de Pai e ele replica "NÃO QUERO A TI! QUERO O REX!!".
E aí eu pergunto:
-Onde está o Rex filho?
-Está atrás de ti, Pai!
-Atrás de mim?
-SIM! Ele é grande e tem uma boca grande!
-E quem é o Rex, Gabi?
-És tu!!
Dizem que a imaginação é sinal de inteligência.

Porreiro pá!

Chego ao trabalho e descubro que bloquearam o acesso ao Facebook. Começou a retaliação por causa da greve!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Verdades Absolutas acerca de ser Pai

Se houver uma poça de lama ou semelhante nas imediação do nosso filho-em-queda, é certo que é lá que a queda se dará.

Verdades Absolutas acerca de ser Pai

Se gritarmos "OLHA QUE VAIS CAIR!!" ao nosso filho enquanto ele corre desenfreadamente, é certinho que ele se vai espetar.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Mas que originais que somos!

Dei-me hoje conta que a televisão portuguesa está na vanguarda da produção de ficção. Fiquei siderado com a originalidade quer da SIC quer da sempre vanguardista TVI. Falo de duas produções de nome "Lua Vermelha" e "Destino Imortal". Reparem no conceito destas duas séries: vampiros adolescentes!!! FANTÁSTICO!
Confessem lá, confessem que nunca vos tinha passado esta ideia pela cabeça! Que mentes, que criatividade, que on-the-edge é a televisão portuguesa. Vampiros adolescentes que serão representados por modelos-actores e actores pós-"Morangos com Açúcar", já que os vampiros são seres de uma beleza estonteante e cheios de glamour. Haverá uma história de amor que cruzará um vampiro e uma humana, conflitos entre vampiros bonzinhos e gangs de vampiros mauzões mas os vampiros estão perfeitamente integrados na sociedade humana, frequentam as nossas escolas e, pasme-se este conceito, andam em plena luz do dia!!
Já estão a ver este conceito a ser plagiado descaradamente pelos americanos, originando grandes franchisings cinematográficos de nomes do tipo Crepúsculo, Lua Nova, O Diário do Vampiro e outros sem piada nenhuma!
(Na verdade, quer a SIC quer a TVI são TV-vampiro. É o tipo que se alimenta das ideias de outras.)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sobre o direito civil de alguns portugueses.

Na minha opinião, toda esta historia do casamento gay e adopcão por casais homossexuais nem devia sequer ser discutida pois trata-se de um direito fundamental de qualquer individuo. Contudo não posso deixar de chamar a atencão para uma opinião brilhantemente fundamentada e elaborada acerca deste assunto.
Sejam a favor ou contra não deixem de ler.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Usado como novo.

Por vezes aparecem-nos nos Internamentos uns velhotes castiços! Doentes mas sempre bem dispostos. A Rosinha dos Limões (é assim que a chamo e entro no quarto dela a cantar a canção homónima!) é uma dessas velhotas. 94 anos cheios de energia que a doença veio roubar. Hoje, enquanto lhe dávamos banho, a minha colega comentou:
-A Dona Rosa tem um pipi muito bonito! Bem feitinho, pequenininho. Mesmo giro!
-Diz filha? Ouço mal sabes...
-ESTAVA A DIZER QUE TEM UM PIPI TODO BONITO!
-... ó filhinha... está assim porque teve pouco uso. Antes estivesse estragado e tivesse sido usado.
Ora toma.

O Sonho Mau que não foi.

Ontem tive um sonho mau, muito mau. Um pesadelo. Sonhei que um casal se tinha divorciado e desentendido. A sua filha ficou no meio da guerra entre dois adultos. No meu sonho a menina não queria ver o pai. Gritava e esperneava e recusava ficar com ele. O pai afirmava que e menina estava a ser manipulada pela mãe, esta recusava e a menina dizia que o pai lhe mexia no pipi e que ela não gostava. O sonho continuava no tribunal e, entre acusações e ataques entre os progenitores, o juiz decidiu que a menina tinha que ficar com o pai e ordenou à GNR que fosse buscar a menina. E os agentes iam e depois escreviam nos seus relatórios que a menina chorava e gritava e que não queria. E diziam aos seus colegas (off the record) que isso lhes cortava o coração mas era a lei.
No meu sonho mau isso não resultou. O juiz decidiu então, depois de ouvir psicólogos e pedo-psiquiatras, que a menina sofre de um síndrome de alienação parental. Mas todos os especialistas lhe disseram que esse síndrome não existe. Não consta das tabelas de doença da OMS e que ele não devia basear uma decisão judicial nesse facto. Mas, todos sabemos como os sonhos são estranhos, o juiz decidiu retirar a menina a ambos os pais e mandou que fosse internada num orfanato. Mas não um orfanato qualquer. Um orfanato que ele próprio escolheu.
Realmente os sonhos são muito estranhos por vezes. Sonhei que esse orfanato faz parte de uma extensa rede de orfanatos da Igreja Evangélica (subsidiados pelo estado) que levam os meninos às suas igrejas, para serem evangelizados. Dizem os responsáveis que as crianças não são obrigadas, que escolhem. E volto a sonhar que foi o juiz que escolheu esta instituição, sem qualquer outra consulta.
Mãe e pai da menina só podem ver a filha uma hora por semana, numa sala despida e com a presença de duas funcionárias. Não podem tirar fotografias nem levar brinquedos. Se não fosse um sonho eu diria que se tratava de uma prisão. Mas não, no sonho vejo um orfanato. No meu sonho mau, a menina não tem previsão para voltar a ser entregue a um dos pais. Está afastada dos seus pais, da sua casa, dos avós, dos amigos, da escola, do seu mundo sem que haja um final definido para o tratamento determinado pelo juiz. O juiz entregou essa decisão ao orfanato. Também lhe entregou a custódia da menina e a responsabilidade pela sua reabilitação. Neste sonho mau a menina pertence-lhes.
Hoje acordei angustiado pelo meu sonho mas depois ocorreu-me. Isto não foi um sonho! Isto é real, vi ontem na RTP1 logo depois do Telejornal, no programa Linha da Frente. Aconteceu no States, onde a realidade nos ultrapassa? Não. Em Portugal, em Fronteira. A realidade ultrapassa largamente a ficção...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Farinha do mesmo saco.

Farinha do mesmo saco. Os homens são todos farinha do mesmo saco. Pelo menos é o que tenho ouvido dizer, da parte de algumas mulheres. Que tipo de mulheres? As traídas! E é impressionante o que uma mulher atraiçoada pelo marido é capaz de verbalizar. Para este tipo de mulher todos nós somos demónios traidores, mesmo quando não traímos! Se não estamos com outra mulher, temos planos para isso! E como é que eu sou capaz de afirmar isto? Fácil! São elas que mo dizem!
Nunca me hei-de esquecer do que uma funcionária de um hospital me disse quando soube que eu estava já casado e já com alguns anos de duração... "Isso não dura muito. Um jovem como você, que passa mais tempo em hospitais do que em casa... não tarda nada está metido com alguma doida dessas que praí andam. Se é que já não anda! Tantos anos a comer o mesmo bife com batatas fritas, qualquer homem enjoa." Reparem que a dita senhora elaborou este brilhante e elaborado raciocínio apenas na posse de alguns factos: que eu sou novo, trabalho muito e gosto de variar o bife que ando a comer! Sendo que o elemento aglutinador desta tese é o facto de eu ser um homem! E isso é suficiente.
Na minha faixa etária é muito comum encontrar mulheres divorciadas. São aos magotes! E como o seu discurso é semelhante! "Homens... todos iguais. Um marido de uma amiga arranjou uma brasileira na net. Achas normal? Já o porco do meu ex-marido também arranjou uma porca qualquer pela internet." Aqui os lugares comuns são: trocamo-las sempre por brasileiras que encontramos pela internet. Sendo bastante comum encontrar-me a escrever num dos computadores do serviço (como agora, por exemplo!) algumas delas tentam perceber se eu estou a falar com alguma "gaja"!
Mas o cúmulo dos cúmulos acontece quando essas generalizações são feita por alguma familiar. Neste caso uma mulher da minha família que se encaixa no grupo das traídas. E dizia ela, falando para a minha mulher como se eu não estivesse na sala: "Homens é tudo farinha do mesmo saco! E piora com os filhos! Então quando vem o segundo... parece que ficam loucos! E com a avançar dos trinta começar a pensar mais neles e nas suas necessidades... parvalhões. Lembras-te da P.? Aquela que tina uma relação de sonho, saiam, viajavam, ela dava-lhe imenso espaço e confiava nele a 100%? Pois é. Ele arranjou outra. A autora de um blog que ele seguia... metem-se na internet e depois dá nisto!" Depois, virando-se para mim: "Vocês são todos farinha do mesmo saco!"
Vejamos então o perfil: trinta anos, dois filhos, usa muito a internet, frequenta redes sociais como blogues, por exemplo, trabalha muito fora de casa e, claro, ser homem. Estou tramado.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Mais um momento perfeitamente escusado de crítica literária.

Sempre fui, abertamente, um defensor do Saramago. Fiquei do seu lado na polémica pré-lançamento de "Caim" e considerei que saiu vencedor no debate com a Igreja. O que eu admiro em Saramago, mais do que a escrita, são as premissas que originam os seus romances e a argúcia com que ele faz uma certa crítica social nos seus livros. Não os li todos, mas li bastantes para apreciar a sua obra. "Caim" é um flop. Uma mera forma de ganhar uns trocos para pagar os cuidados da velhice. Uma obra escrita à pressa.
Mas, pior que tudo isso, afinal o homem pode fazer "render o peixe" da maneira que entender, é que "Caim" trai todo o espírito saramaguiano na medida em que, em vez de ser uma crítica bem elaborada e estruturada e com um ponto de vista diferente mas legítimo (como o foi "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" que conta uma história sobejamente conhecido através de um ponto de vista diferente mas perfeitamente legítimo), trata-se antes de um exercício de sobranceria e arrogância do autor sendo mesmo ofensivo em algumas partes.
Em "Caim", Saramago aproveita o desterro a que Caim foi votado por Deus após assassinar o ser irmão Abel e imagina uma viagem que o leva a testemunhar alguns dos actos mais sanguinários descritos na Bíblia, desde o dilúvio do qual só sobreviveram Noé e a sua família e animais, passando pela destruição da torre de Babel e pelo genocídio ocorrido em Sodoma. Acontece que estes eventos não ocorreram na mesma época em que viveu Caim! Calculo que Saramago seja um grande fã da série "Lost" porque acontece a Caim exactamente aquilo que acontece às personagens perdidas na ilha durante toda a 5ª temporada (quem não viu que se informe porque eu não quero estragar a expectativa a ninguém)! Depois há muito sexo com sémen espalhado por várias partes do corpo da mulher, há violência gratuita sempre vinda da parte de Deus, que a propósito, é um sacana sem lei da pior espécie, um déspota que retira prazer do sofrimento humano e até os anjos são meros funcionários manietados por esse crápula, discordando dele à boca pequena.
Eu não sou de todo cristão, nem católico, nem de outra religião qualquer mas respeito. E, agora sim, depois de lida a obra, a Igreja tem argumentos para atacar o velho sabichão do Saramago. Em primeiro lugar porque a narrativa do livro é imensamente rebuscada e depois porque, enquanto obra de relevo, "Caim" é muito fraquinho.
Ó Saramago, não havia necessidade.... (mas, mérito seja reconhecido, safaste-te bem nas vendas durante o Natal, hmmm?)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Será a Festa do Pijama?

Minha gente. Mesmo para ir ao hospital porque se está doente tem de haver em nós uma réstia de dignidade. E ir de pijama para as urgências anula uma dignidade já fragilizada pelo facto de estarmos pálidos, despenteados, com os olhos encovados, a irmos constantemente ao gregório e a cagar fininho. A tendência natural dos profissionais ao avistar um doente de pijaminha é a de desconfiar. Alguém que sai de casa com um pijaminha cor-de-rosinha-com-ursinhos-carinhosos só pode querer chamar a atenção! Ou então é louco! Logo dois dos estereótipos menos aceites em contexto de urgência! A não ser que vos tenha dado um enfarte fulminante ou uma queda com perda de massa encefálica... vistam-se! E, façam o que fizerem, não vão para o hospital com aquelas pantufinhas-fofinhas-e-quentinhas-em-forma-de-cãozinho-de-olhar-meigo. É... deprimente. Também há a variante chic destes doentes. Os que usam chinelinho de pele e pijama com roupão de seda ou cetim! Meus amigos, não importa se é um pijama com griffe Louis Vouitton ou D&G. Um pijama é e será sempre um pijama.
O mesmo se aplica aquelas pessoas que passam o fim-de-semana de pijama vestido. Mas há coisa menos dignificante do que vir despejar o lixo de pijama? Não, não há. Mas qual é o problema em vestir uma roupa normal? Nem que seja um fato-de-treino! Um pijama é roupa-para-dormir. Dormir. Não para despejar o lixo ou passear o cão, para almoçar e estar a abobrar no sofá! Já pensaram que ninguém dorme com a roupa que enverga durante o dia? Eu pelo menos não!
Para mim, o conjunto pijama-felpudo/roupão-fofinho é das coisas mais deprimente e menos apelativas que há. Admito que há pijamas bem giros e que até são bastante atraentes mas lamento constatar que aqueles que aparecem no hospital são sempre ou rosa com ursinhos, ou azuis com gatinhos ou amarelinhos canário! E todos nas versões tecido-fofinho-mas-extremamente-sintético! Juntem-lhe as tais pantufas e voilá! São oficialmente os doentes-pateta!!!
Eu não uso pijama. Boxers e t-shirt. E não vou assim para as urgências.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A Verdadeira Causa da Extinção dos Dinossauros.








(Ou, o que fazer com um filho quando chove a potes lá fora...)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Entrar no espírito da coisa.

Completamente dentro do meu papel de trolha (como tão simpaticamente me baptizaram nos comentários ao post anterior) hoje, ao ver a minha mulher e as suas formas gravídicas dei aqueles dois míticos assobios e...
FUIIIIII FUIIIIIU!
Pareces um helicóptero!! És gira e boa!!!
(e não, não é uma "cozinha rústica".)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Uma Carreira Alternativa.

Andamos em obras cá em casa. O meu pai, hábil e sábio mestre-de-obras mostrou-me aquela que pode bem ser a minha carreira de sucesso alternativa: servente de pedreiro!
Ah, deviam ver a força a carregar com aqueles enormes baldes de entulho, a habilidade a passar as ferramentas ou a subtileza com que falhava todos os palpites...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Chamar os blogs p'los nomes!

Eu vou descobrindo blogs novos através de vários caminhos diferentes. Ou através dos comentários que deixam por aqui, ou através da lista da origem dos meus visitantes que consulto diariamente na página que faz a estatística aqui do pasquim ou através da listas de blogs existente nos blogs que eu próprio sigo.
Contudo eu sou um gajo exigente e não ando por aí a clicar em tudo o que é link para blog! Nada disso. Quando criei este blog achei que o nome devia ser ao mesmo tempo original e diferente mas devia definir o espírito da coisa. Não sei se fui bem sucedido mas pronto, saiu o título que encontram lá em cima, por cima do Calvin em cuecas. E esse é o meu principal critério na escolha dos links a clicar: o nome do blog! Quero aqui deixar alguns exemplos de nomes de blogs que eu considero de alguma forma originais e que me levaram a descobri-los:
-"Digo eu com os nervos...", fiquei com vontade de saber o que a autora dizia com os nervos!
-"O Doutor dá licença?" é uma expressão mítica para quem trabalha em hospitais!
-"Optimistas são pessimistas mal informados", este confesso, é um dos meus preferidos!
-"Porque deixei de ser enfermeiro", chamou-me a atenção por razões óbvias.
-"Xarope pa tosse", muito bom!
-"Como escrever uma tese como deve ser!" é também muito original
-"Odeio o travian", como não espreitar um blog com este título?
-"A Vontade de Regresso" pensei que era um blog sobre viagens e o primeiro post que li falava de enviar postais das nossas viagens, nem que fosse para nós mesmos! Enganei-me.
-"De Mel de Melão", fiquei com a sensação que era um de culinária e como gosto de mel e de melão... wrong again!
Há muitos mais por aí, e muitos ainda por descobrir! Contudo há uma pequena ressalva que gostaria de fazer... nem sempre o conteúdo do blog está ao nível do seu título e há muitos blogs EXCELENTES que não têm nomes tão chamativos...
(desculpem os blogs não estarem linkados, mas eram muitos e agora não tenho tempo!)

Vida cor-de-rosa.

Há qualquer coisa que me irrita no jet-set nacional. Ah! Já sei! É a completa acefalia dos socialites. E também a futilidade e aquela sobranceria intrínseca a quem julga que pertence a uma casta de genética superior. Mas o que me irrita mesmo são as pessoas comuns que alimentam estes fenómenos. As parvinhas que vão a correr comprar essas revistas cor-de-rosa onde se descrevem as vidinhas plásticas dessa gente plástica e de plástico. As loiras-burras cujo objectivo maior é "aparecer". As doidinhas que tudo imitam que tudo veneram, desde que apareça na bíblia-Caras. Uma ex-colega da minha mulher também queria "aparecer". Ri-me à brava quando ela de facto apareceu: na gala de fim-de-ano do Ídolos era uma das meninas a fazer aquela ridícula figurinha de "centro-de-mesa vivo" com um sorriso postiço mas com um olhar que não escondia a humilhação. Bem-feito!
A todas as wannabe de Lili, Cinha, Carolina e Pimpinhas: a nova moda é servir de centro de mesa vivo aos VIP, sabiam? Vá, vão a correr arranjar uma mesinha vaga, vão.
(acham que as enganei?)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

"Less is more"

Julgo que, em algumas pessoas corre ainda o sangue dos nossos antepassados recolectores. Mas esta veia recolectora, de armazenamento evoluiu para algo diferente adaptado ao modo de vida moderno e sedentário. E penso que podemos distinguir dois tipo de sucedâneos dos nossos primos primitivos recolectores tribais: os "amontoadores" e os coleccionadores.
Os "amontoadores" são aquele tipo de pessoa que não só não é capaz de se ver livre de nada que esteja em sua casa como também não é capaz de dizer que não a uma oferta ou uma "pechincha", mesmo que nenhuma destas lhe faça particular falta. Estas pessoas nunca deitam nada fora porque "Pode dar jeito". Tenho um familiar que tem a garagem atafulhada de material absolutamente inútil e obsoleto desde aqueles rádios leitores de cassetes dos anos oitenta, antenas parabólicas, televisões a preto-e-branco, pneus de carros, ferramentas repetidas, esquentadores, etc, etc, etc. Muitos deles poderiam ser vendidos a lojas de antiguidades ou usados como objectos decorativos, para aquelas pessoas que pretendam um look retro em sua casa mas não! Nada daquilo pode ser mexido porque "pode dar jeito" num dia qualquer. O mesmo se passa com os amontoadores de roupa. Pessoas que, por mais roupa que tenham nos armários são incapazes de dar a roupa que já não usam! Porque nunca se sabe quando é que aquela peça pode ser necessária! Curiosamente, estas pessoas queixam-se sempre que não têm roupa suficiente. Na minha linha de trabalho porém, existe um "nicho" destes indivíduos que me diverte particularmente. Falo dos "ratos de congresso". Os "ratos de congresso" são aqueles profissionais que vão aos congressos apenas com o objectivo de conseguir o máximo de brindes da propaganda médica que lhes for possível! Desde canetas, malas de mão, cadernos, blocos de notas, borrachas, guarda-chuvas, suportes para telemóvel, pastilhas, rebuçados, fitas-porta-chaves, ratos de computador, calendários, tapetes para rato de computador, pins e alfinetes de lapela... podia estar aqui a escrever tudo aquilo que a propaganda médica oferece. É uma autêntica corrida ao brinde onde a regra é "quanto mais melhor". E, na próxima vez que estiverem num hospital ou centro de saúde tentem reparar na quantidade de canetas que as enfermeiras (sim, as meninas são piores!) trazem na lapela... Portanto, os amontoadores armazenam coisas mais ou menos dispensáveis como as formigas armazenam comida para o inverno!
Os coleccionadores por outro lado são mais selectivos. Seleccionam um e apenas um objecto e armazenam o maior número possível de exemplares desse objecto. De sublinhar que um coleccionador ostenta com orgulho e destaca a sua colecção de objectos! Se eu até compreendo o argumento dos "amontoadores" de que "pode dar jeito", já me custa mais a entender os coleccionadores. Qual será o objectivo de coleccionar caricas, ou latas de refrigerantes? Para a maioria das pessoas estes objectos são lixo, depois de usados! E as colecções mais sérias como selos, moedas, carrinhos em miniatura, barcos dentro de garrafas, etc? Qual a utilidade disso? Já não falando de colecções que considero como sintomas de uma qualquer condição mental psiquiátrica como ementas de restaurantes, prendas e convites de casamento (mesmo que não se tenha sido convidado), pedras, cigarros, copos roubados de bares ou chávenas de café surrupiadas, colheres, etc, etc, etc...
Imagino sempre uma conversa deste tipo, num bar:
Coleccionador: Olá jeitosa! Posso oferecer-lhe uma bebida?
Jeitosa: Ui... olá homem bem parecido e atraente! Para mim um malte...
Coleccionador: Mas que bem parecida que a menina é... aposto que é instrutora de fitness. Eu sou empresário.
Jeitosa: Oh, obrigado! Mas não, sou secretária... Então e o que faz tão distinto homem nos tempos livres, para além de andar a engatar miúdas em bares duvidosos e usando frases de engate muito fraquinhas?
Coleccionador: Ora essa! Eu colecciono caricas e adoro passar horas a puxar-lhes o brilho e a dispo-las ordenadamente por ano de aquisição e por um elaborado código de cores que só eu descodifico! Gostaria de passar por minha casa para ver como desfiz cuidadosamente a curvatura causada pela abertura da garrafa devolvendo assim à carica a sua forma mais bela?
Jeitosa: Filho, eu posso estar desesperada mas tenho padrões mínimos. Adeus.
Numa palavra: deprimente.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Prémio: "Serás excomungada e arderás no fogo dos Infernos!"

"Jesus alinharia pelo casamento dos homossexuais, pois se Deus criou heterossexuais e homossexuais, quem somos nós para perseguir pessoas criadas por Deus?"

Anna Vicente, 66 anos, escritora e ex-presidente da Comissão para a Igualdade e Direitos da Mulher in "Visão" de 24 de Dezembro de 2009.

Gostava de ver os católicos anti-casamento gay a refutar este argumento...

Wondercalças?

Ninguém duvida que o wonderbra foi uma conquista na luta pelo aumento da autoestima feminina! Contribuiu também para o aumento de alguma da anatomia masculina, mas isso é uma outra história... Mas, dizia eu que o wonderbra foi, de facto uma grande conquista para as mulheres e quer-me parecer que se eles existissem nos anos 60 as feministas não andariam por aí a queimar tão prestimoso acessório. E após tanto sucesso do soutien-maravilha surge agora uma nova peça de vestuário que se propõe a elevar uma outra parte bastante importante do corpo feminino. Falo das novas calças "push-up" da Salsa Jeans!
O meu primeiro contacto com esse conceito deu-se (onde mais poderia ser...) num gaja-blog (sim, eu leio blogs de gajas muito gajas.), e pela foto e descrição fiquei curioso. Seria de facto assim, um simples par de calças poderia transformar uns glúteos flácidos e disformes num lindo e vistoso rabo? Passei então à fase de pesquisa nesta investigação: a observação! E, após ter observado (de um ponto de vista meramente científico, sublinhe-se) várias mulheres que envergavam orgulhosamente esse modelo de calça, posso hoje concluir que os resultados são... menos satisfatórios de o que a publicidade fazia prever. De todas as mulheres que tive a oportunidade de observar, nem uma beneficiou do milagre elevatório que a marca publicita. Pelo contrário! Pelo que pude observar, esse modelo específico tem um efeito pouco desejável: espalma o rabo feminino. Espartilha-o! O efeito "rabo empinado" que de que a marca fala pressupõe um rabo redondinho e elevado, não (presumo) um efeito em que o rabo é espalmado fazendo com que as nádegas subam sim, mas também se afastem! Ficamos com a sensação que estamos perante um enorme e largo rabo. E isso senhoras não é atraente.

Estes resultados de minha colheita de dados nesta investigação de enorme interesse quer para o mulherio, quer para os homens levam-me a fazer algumas interpretações. Em primeiro lugar: não há milagres! Nenhum par de calças no mundo é capaz de transformar umas nádegas flácidas num rabo de modelo Victoria's Secret! Depois, minhas amigas, se Deus não vos agraciou com uns glúteos firmes e perfeitos então a solução é.... correr e ginásio! Chama-se a isso "minimização de danos" e é bom para o estado geral do corpo. Um outro aspecto não menos importante é a questão do "engano". Imagino qual será a reacção do homem que, estando naturalmente com as expectativas elevadas erradamente causadas por um artefacto, se depara depois com os efeitos devastadores que a gravidade costuma ter nessas zonas corporais...

Acham mesmo que a miúda da publicidade precisa de umas calças que lhe realcem o rabo?



Pois. Precisa tanto das calças como a Eva Herzigova precisava do wonderbra para lhe realçar as seios!
Resumindo então os resultados deste meu estudo: as calças "push-up" da Salsa não resultam! E querem saber mais? Ainda bem!

sábado, 2 de janeiro de 2010

A Arrecadação.

De volta ao trabalho em 2010. Reencontro uma velha colega de outros campos de batalha e, inevitavelmente, pergunto como estão as coisas no trabalho, os antigos colegas. "Same old, same old" tudo na mesma, muito trabalho, a desorganização de que ainda me lembro, os colegas desse tempo foram saindo, muita gente nova sem espírito de equipa, enfim. A novidade está na reestruturação do espaço. aproveitaram um dos internamentos para ser o Serviço de Observação da Urgência (que não passa de uma espécie de purgatório onde os doentes aguardam que haja uma vaga numa enfermaria qualquer) abrindo assim espaço no Serviço de Urgência. Bem, em urgência em Portugal "mais espaço" significa normalmente "mais macas". O espaço que era anteriormente ocupado pelo SO é agora aquilo que nós chamamos "Box". Doente que, não se esperando que sejam internados, têm de esperar por algum exame ou consulta ou cirurgia ou, simplesmente estão em observação para que se decida o que fazer.

Até aqui tudo bem, parece-me uma clara melhoria das condições dos doentes até que pergunto o que foi feito da antiga Unidade de Cuidados Diferenciados (na verdade trata-se de uma Unidade de Cuidados Intensivos que funcionava na Urgência mas que, por razões logísticas não se podia chamar "cuidados intensivos"). Essa passou também para o novo piso da Urgência, agora esse espaço é utilizado para colocar os "casos sociais". Estes "casos" são na verdade pessoas, idosos na maioria, que ninguém quer receber, que a família abandonou, que os lares não querem manter porque dão trabalho e prejuízo, que os filhos e/ou netos deixam na Urgência e quando queremos dar-lhes alta o número de telefone fornecido ou não está atribuído ou nunca é atendido. O espaço de que falo não tem mais que 30 m2 e recebia, na sua antiga vida, três camas para doentes críticos. Quando perguntei qual a lotação máxima neste momento a minha colega respondeu: "Os que couberem."

Os que couberem? Conhecendo aquela realidade como conheço não me foi difícil imaginar o cenário: enquanto houver espaço enfiam-se macas lá para dentro. Para se chegar ao doente que está encostado à parede tem que se desviar as três ou quatro macas que estão juntas, numa espécie de estacionamentos em 3ª ou 4ª fila. Estes doentes são "não prioritários", não precisam de "cuidados essenciais", são os últimos a ser vistos, os últimos a ser cuidados. Considerando que a urgência nunca para. estes doentes recebem atenção quando o fluxo de doentes "a sério" acalma. São vistos nos intervalos da chuva. Este espaço fica bem no fundo do serviço, última porta à direita. Baptizaram-no de "A Arrecadação".
E "A Arrecadação" bem pode ser uma metáfora para caracterizar a sociedade moderna, aquela à qual pertencemos, aquela que ajudamos a construir. Que sociedade somos nós, que permitimos que os nossos velhos sejam "arrecadados" desta maneira? Gostaria de poder melhor descrever aquilo que me refiro mas não é possível. É uma sala com 30 m2 atulhada com macas onde pessoas velhas estão deitadas e onde é impossível chegar de uma parede à outra mantendo todas as macas lá dentro. É uma sala cheia de gente deitada em macas mas também cheia de murmúrios e gemidos, de gritos de dor e desespero. E de solidão. Isto é o fim da linha para muitos dos nossos.
Para mim, uma vida de sucesso é aquela que termina junto dos nossos. Dos nossos filhos e netos, genros, noras, amigos. Não sei como definir uma vida que termina na "Arrecadação".