sábado, 29 de novembro de 2008

Para quem só uma vida não chega...

"Una vida es poco para mi!"

Este é o lema de vida da minha amiga Sandra. Esta mulher (como outros) passou pela experiência marcante de um trasplante pulmonar. Num país onde a lei está do lado dos doentes, uma vez que qualquer um de nós é um potencial dador de órgãos (já que temos que declarar que NÃO queremos que nos sejam extraídos órgãos, em caso de morte) é inaceitável que a taxa de transplantes seja um número absolutamente ridículo. Caso não saibam, o irmão do Sócrates (sim, esse...) teve de ser transplantado em espanha, como alíás a Sandra. Depois venham dizer que de espanha nem bom vento nem bom casamento...
Enfim, poderia estar aqui a discorrer sobre o que está mal acerca deste assunto mas encaminho-os para o blog da Sandra que dedica boa parte da sua vida a tentar melhorar este panorama.

Bom trabalho Sandra!!!!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Fruta da época.

Ora aí está! Chegou a época do AVC: Alta Vontade de Cagar (aposto que era mesmo isto que tinham em mente.).
Diarreia, vómitos, febre, cólicas abdominais. Estou um catedrático do vómito e acho que vou dedicar um dos próximos post a descrever os vários tipos de vómito... (lá se foi a vasta legião de seguidores deste blog, ou seja, 2 individuos).
Mas a sério, uma ode ao vómito chamada: "Ó Gregório..."

Chega leve, levemente, como quem chama por mim
Ó Enfermeiro, enfermeiro
Será febre, será ranho?
A cólica chega primeiro mas só o Gregório me chama assim

Pode vir com aviso
Com náusea para alertar
Aí oferecemos um saco
para o doente se gregoriar

Mas normalmente não diz nada
Surge sem avisar
Vem em jacto, de rajada
Só temos tempo de pró lado saltar

Pode chegar isolado
Ou em grupo encadeado
Quando menos tu esperas
Já estás gregoriado

Da diarreia infecciosa
O vómito é amiguinho
Primeiro, gosma biliosa
Depois, cagas fininho


Eh pá... que bela diarreia mental!!

OBRIGADO SRA ENGENHEIRA!!!!

Está em todas a Banita. Primeiro comentário, primeiro link para este modestíssimo blog... a menina merece! Visitem o méxico através do seu blog que é muito "boa onda". E eu como tenho muita curiosidade e, acima de tudo, muita vontade de experimentar a vida fora deste país, gosto sempre de saber as experiências de quem vive noutras culturas. E, convenhamos... MÉXICO!!!
O que eu gostava de ir ao México, as praias, as cores, a comida....

Acorda... Tens doentes para ver....

Reclamações

Em jeito de contuinuação do post anterior...
As condições nos nossos serviços de saúde não são as melhores. Esperam-se horas pelo atendimento em condições terceiro-mundistas e ainda tem de se levar com a má disposição alheia. OK...
Agora, PORQUE RAIO TENHO EU DE SER INSULTADO PESSOALMENTE COMO SE FOSSE EU O CULPADO DE TUDO ISSO?????

Existe claramente uma falta de "cultura da reclamação" neste país. Os utentes normalmente barafustam com quem lhes aparece à frente, independentemente de cor, raça, credo ou profissão. Eu, pela minha parte, não entro em bate-boca com utentes que tenho mais que fazer (como estar aqui a escrever parvoíces!) e encaminho o exaltado/a para o livro amarelo... Ahhhhh, o livro amarelo... que bela instituição.... E não é que as pessoas ficam ofendidas???!!! Então eu, que me identifico (aliás, tenho sempre o meu cartão visivel) e calmamente digo:
"Percebo que esteja desfraudado nas suas expectativas e que o SNS não está a cumprir o seu papel e também que o Sr.trabalha muito e desconta religiosamente a sua parte para a seg. social" (bom, talvez não exactamente com estas palavras...)"mas deve solicitar o livro de reclamações na recepção e aí escrever todo o chorrilho de impropérios que me tem dirigido."
Ao que me respondem:

"LIVRO AMARELO?! Isso é o que tu querias, que ninguém lê isso e ninguém quer saber... pois, que é para eu receber uma carta a dizer que vão melhorar o atendimento... isso é que era bom, sou maltratado e ainda tenho que escrever...."

E aqui reside o núcleo da questão: as pessoas não escrevem e não sabem escrever. Se cada uma das pessoas que me aborda para reclamar o fizesse convenientemente gastavam-se 2 livros amarelos em cada dia. Mas não, o livro fica sossegadinho na sua gaveta sem ser incomodado enquanto os profissionais (a quem, por acaso pagam para tratar dos doentes e não para resolver os problemas logisticos dos serviços) tem que perder tempo a ouvir insultos e insinuações de incompetência além de serem envolvidos nessa grande conspiração que existe entre todos nós e que consiste, basicamente, em fazer os possíveis para que o doente seja maltratado nos hospitais. É para não voltarem...

Meus amigos, se TODA a gente reflectir as suas insatisfações no lugar próprio talvezse vejam resultados. Enquanto estivermos mais preocupados em libertar as nossas frustrações na primeira bata branca que nos aparecer pela frente só vamos ter em troca... maus humores!

Obrigado e. já agora, sintam-se à vontade para encher livro amarelo deste estabelecimento de reclamações e impropérios.... mas sejam meiguinhos!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Humores.

Um tema que muito me toca é o do bom ou mau humor dos profissionais de saúde (e quem é que nunca teve uma conversa onde o tema foi o mau humordo médico ou enfermeiro num dia em que alguem estve num hospital!) Como trabalho num serviço de urgência lido directamente com o doente em fase aguda e com a sua família. Ora vejamos: a pessoa está doente, a sentir-se mal, chega ao hospital e espera 2 ou mais horas numa sala apinhada demais gente doente, sala essa que está ou muito quente ou muito fria, as casas de banho estão imundas e não há nada de jeito para comer. MAS QUEM É QUE NÃO FICA DE MAU HUMOR PERANTE ISTO?????
Quando finalmente é chamado depara-se com um médico que nem o escuta e a seguir um enfermeiro (a) mal-encarado enfia-lhe uma "bandarilha" no braço ou no rabo ou faz-lhe coisas piores....

F######A-SE!!!

E ainda alguns colegas meus se queixam que os doentes são agressivos!!!

Meus amigos, cá pra mim, o bom-humor, a simpatia a cordialidade, além de serem sinal de profissionalismo são essencialmente ACTOS TERAPÊUTICOS. Experimentem lá brincar um pouco com o doente, contar uma piada ou falar do futebol ou das novelas e pasmem com o resultado (DICA: as velhotas adoram beijinhos!).
O doente lá tem culpa que nós estejamos a trabalhar 20 horas consecutivas e sejamos mal pagos!! E já agora que temos que gramar com horas e horas de trabalho, que o façamos com um sorriso nas trombas, é o mínimo que devemos aos doentes, afinal a nossa razão de existir...

Vejam lá isso, vá.

(é nisto que dá fazer turnos com colegas mal-humorados, desde as 8 da matina...)
FOGUETES, BANDAS E MATRONAS!!!!

Já tenho um comentário, o 1º COMENTÁRIO!!!
E para a Banita um check-up completo!!!

Obrigado e bom dia!!!

Ah... E VIVA MÉXICO!!!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

NEURA!!!

NEURAAAA!!!!!

Só me apetece dizer palavrões, bater em alguém e depois dormir até até 2010...

sábado, 22 de novembro de 2008

Fobias e outras merdices

Não há nada pior que um doente com "fobia" a agulhas.
"Ai que eu tenho muito medo de agulhas. Foi de uma injecção mal dada quando era pequeno". Eh pá!! Será que houve algum "Enfermeiro-Psicopata" a espalhar o terror nas criancinhas das décadas de 50, 60 e 70??? É que são tantos os doentes com esta conversa!!! Claro que não me refiro às pessoas que verbalizam o seu receio. Obviamente que eu também não gosto de estar "do outro lado da agulha", e isso é normal. Refiro-me pois aos anormais que fogem com o braço, berram e insultam ou recusam terminantemente a administração de terapeutica injectável mesmo depois de lhes ser explicado o prejuízo que daí pode advir.
Porque, se vem ao médico e depois recusa terapêutica é porque não pode estar verdadeiramente doente. E, além disso, é uma tremanda falta de respeito pelo médico que observou, pelo enfermeiro que perdeu tempo a preparar medicação que depois não é aceite e pelos outros doentes, pois está a encher o serviço e a ocupar o nosso precioso tempo.

Não sejam uns merdas porque, no final, nem se sente a picadinha!!!

FOBIA: em linguagem comum, é o temor ou aversão exagerada ante situações, objetos, animais ou lugares.
Sob o ponto de vista clínico, no âmbito da psicopatologia, as fobias fazem parte do espectro das doenças de ansiedade com a característica especial de só se manifestarem em situações particulares.

Dizer "Tenho fobia a agulhas" é deprimente, além de estúpido!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Haja pachorra....

Estou a trabalhar desde as 8 da matina. Entretanto, ás 16 comecei na urgência e bom... mais um dia de injecções, soros, ECG, tensão arterial e outras coisas de extremo interesse...
O turno começou bem: um caso de hemorragia cerebral grave e uma insuficiânca cardíaca e eis senão que... EMERGÊNCIA, EMERGÊNCIA!!!
- Ai socoorrooo qu'a minha filhinha foi mordida por um bichoooo, SOCORRO (em tom histérico.)
- (Eu) Mas o que se passa? Foi mordida por um bicho? Deixe lá ver isso.... Mas, isto são mordidas de insecto... Pode ser venenoso?... Repare, temos casos de urgência aqui, tem de aguardar pela sua vez....

GRITOS, BERROS, MURROS NOS VIDROS E PONTAPÉS NAS PORTAS!!

- Ai q'este senhori dissi que tinha q'esperari. Aiiiiii que a minha filhinha morriiiii!!! Sã racistas contra nós, RACISTAS!

Nem era dia algum elemento desta "etnia" não viesse apimentar o meu turninho descansadinho e controlado. P'AMOR DE DEUS!!!




DASSSSS!!!