sábado, 28 de fevereiro de 2009

Throw back your head and kiss it all goodbye!

Prestem atenção à música ou leiam a letra...




Doing the Unstuck, The Cure


it's a perfect day for letting go
for setting fire to bridges
boats
and other dreary worlds you know
let's get happy!
it's a perfect day for making out
to wake up with a smile without a doubt
to burst grin giggle bliss skip jump and sing and shout
let's get happy!

but it's much to late you say
for doing this now
we should have done it then
well it just goes to show
how wrong you can be
and how you really should know
that it's never too late
to get up and go

it's a perfect day for kiss and swell
for rip-zipping button-popping kiss and well...
there's loads of other stuff can make you yell
let's get happy!
it's a perfect day for doing the unstuck
for dancing like you can't hear the beat
and you don't give a further thought
to things like feet
let's get happy!

but it's much too late you say
for doing this now
we should have done it then
well it just goes to show
how wrong you can be
and how you really should know
that it's never too late
to get up and go

kick out the gloom
kick out the blues
tear out the pages with all the bad news
pull down the mirrors and pull down the walls
tear up the stairs and tear up the floors
oh just burn down the house!
burn down the street!
turn everything red and the beat is complete
with the sound of your world going up in fire
it's a perfect day
to throw back your head
and kiss it all goodbye

it's a perfect day
for getting old
forgetting all your worries
life
and everything that makes you cry
let's get happy!
it's a perfect day
for dreams come true
for thinking big
and doing anything you want to do
let's get happy!

but it's much too late you say
for doing this now
we should have done it then
well it just goes to show
how wrong you can be
and how you really should know
that it's never too late
to get up and go

kick out the gloom
kick out the blues
tear out the pages with all the bad news
pull down the mirrors and pull down the walls
tear up the stairs and tear up the floors
oh just burn down the house!
burn down the street!
turn everything red and the beat is complete
with the sound of your world going up in fire
it's a perfect day
to throw back your head
and kiss it all goodbye

Ainda o Courbet, esse porco, pintor de quadros pornográficos.

Fiquei indignado com tudo o que aconteceu em Braga, desde os protestos inquisitórios da populaça (burn witch, burn!!) até à actuação desastrada (e inconscientemente apoiante da indignação dos populares) da PSP no caso do livro com a capa do quadro "A Origem do Mundo", mas não fui capaz de traduzir essa indignação por palavras.
Em conversa com um amigo ele dizia-me que, os pais que tão revoltosos ficaram com a imagem, que não é mais que anatomia feminina pura, são os mesmos que encorajam os seus filhos a ver os Morangos com Açucar com toda a permissividade e promiscuidade subtil que é vigente nesse programa televisivo. Eu não vejo os Morangos mas não me custa a acreditar neste facto.
Contudo, hoje encontrei uma análise a toda esta situação que vai um pouco mais além e encontra razões codificadas na nossa sociedade que melhor explicam este fenómeno. Leiam e reflitam.

Mais "Coisas que me fazem sorrir!"

A M. também me mimou com este selinho adorável (ou não tivesse a imagem das minhas personagens favoritas!) e isso dá-me uma razão para escrever aqui mais "Coisas que me fazem sorrir"!!!
Vamos lá embora:
- Avós e netos a brincarem juntos
- Sair do hospital ás 8 da manhã, depois de 16 horas de trabalho, e ver o sol já radioso, e sentir o calor na face
- Chegar a casa e o meu filho correr na minha direcção e dar AQUELE ABRAÇO.
- À noite, chegar a casa e observar a M. (não é a M. que me desafiou!!) num sono profundo e descansado.
- O recibo de pagamento no mês do subsídio de férias. E de natal!
- Ouvir, inesperadamente, na rádio uma canção que me tenha marcado e pensar: "Já nem me lembrava disto!"
- Vestir roupa que estava arrumada no roupeiro e encontrar uma nota perdida num bolso!
E é isto!!
Obrigado pelo miminho!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Consultório sexual.

Gosto de saber de onde aparecem os visitantes aqui do sítio. Normalmente vêm recomendados pelos meus mais ilustres parceiros (leia-se bloggers que me referenciam!) mas também aparecem assim, sem aviso e completamente equivocados. Vem isto a propósito da pessoa que chegou ao meu recanto virtual através de uma pesquisa no "searchaol", que nem conheço, pela seguinte frase: "tenho fecaloma sera que posso dar o cu".

Ora bem, o cliente deve ter ficado satisfeito em saber que sou um expert no que diz respeito a bolas de bosta empedernidas que teimam em permanecer no recto, conforme descrito num post anterior.
Meu caro (não sei porquê, mas acho que deve ser um homem), teoricamente e do ponto de vista técnico, não existe nada que o impeça de ser penetrado por via rectal com a presença de fecalomas. Na verdade, poderá juntar o útil ao agradável (atente que este "agradável" é apenas uma figura estilística e não uma preferência deste que se assina) se começar o acto com a retirada dos fecalomas. Esta faz-se com recurso a um (ou mais) dedos introduzidos no recto, dedos esses que puxarão os ditos para fora. No seu caso, parece-me que aguentará que o parceiro introduza toda uma mão na ampola rectal, aumentando assim o prazer (que como certamente saberá, está no diâmetro introduzido e não no comprimento) e a eficácia do tratamento. Por outro lado, se preferir "apimentar" este acto terapêutico poderá utilizar outros utensílios, que poderão ser óptimos brinquedos sexuais. Por exemplo, uma pinça para saladas! Como tem as extremidades redondas é relativamente segura, pode aumentar ou diminuir o diâmetro do recto ao gosto dos intervenientes e facilmente agarra as pedrinhas de caca. Outro exemplo é o tubo de um aspirador. Retira a parte metálica e introduz o início plástico do tubo, ligando depois a sucção. Talvez obtenha melhor resultado e prazer se arranjar um Rainbow (aposto que nunca nenhum vendedor da Rainbow se lembrou deste tipo de utilização!).
Se o meu caro leitor for um malandreco e desejar "to take a walk on the wild side" gozar da penetração anal mesmo com os fecalomas ainda no recto, o seu parceiro sentirá mais resistência à penetração e o penetrado sentirá uma pressão adicional em todas as vísceras abdominais, o que poderá resultar em cólicas seguidas de evacuação provocada das fezes acumuladas acima dos fecalomas e isso, penso, poderá arruinar o "ambiente". Contudo, e considerando que a ocorrência de fecalomas é mais prevalante nos idosos, o meu caro leitor já não vai para novo e este é o meu melhor conselho: tenha lá juizinho, sim? Obrigado e volte sempre.

Sorrisos

Um miminho da Sanxeri! Obrigado!
Implica dizer 7 coisas e 7 blogs que nos façam sorrir. Então cá vai:
- Adoro o Calvin & Hobbes. Sou fã há muitos anos e tenho quase toda a bibliografia!
- O meu filho. Sorrio só de pensar nele!
- O sorriso da M.
- A perspectiva de ganhar o Euromilhões!
- Férias!
- Viajar
- Um velho CD de qualquer um dos que comprei há 10 anos atrás! Trazem sempre à lembrança velhos sorrisos!
Passo a todos os autores dos blogues que sigo, de uma maneia ou de outra, fazem-me sempre sorrir!!

Diferenças.

Repararam nas diferenças aqui no bloguezito?
Pois é. McSleepy era um nome assim... como dizer... parvito! Era apenas uma referência ao meu imenso gosto por dormir ("cú-de-sono" como, tão carinhosamente diga-se, me apelida a M.!) e a foto do boneco já me chateava.
Olá, o meu nome é Miguel C., bem vindos ao meu blog.

A cabeça em água.

Quem segue este blog assiduamente (bem-hajam por isso!) facilmente percebe que as coisas no "mundo real" não estão lá muito radiantes.
Desde o início deste ano que retomei uma actividade que sempre gostei muito: a natação. Não sou um profissional nem sequer alguma vez tive aulas. Contudo, "safo-me" bem dentro de água! Originalmente tomei esta decisão por razões óbvias: o físico! Não é que estivesse gordo, felizmente tenho um óptimo metabolismo, mas porque me sentia em baixo de forma, cansaço fácil, respiração ofegante ao subir meia dúzia de escadas. E notei isso com o aumento das exigências do meu filhote, agora com quase dois anos!!! E assim foi.
Hoje, aquela hora que passo na piscina revela-se muito mais que simples exercício físico. Na verdade, considero aquela vulgar hora do meu dia como uma terapia para serenar os meus ânimos mais exaltados, a tempestade mental que vigora, já à alguns dias, no meu cérebro, a minha impaciência face aos outros, a minha irascibilidade, a minha falta de vontade. Aquele é tempo onde só estou eu... comigo. Aparentemente, a água limpa a minha cabeça de tudo, o bom e o mau. Sou só um corpo na água. A minha mente está apenas e só concentrada em controlar a respiração, controlar e melhorar cada movimento de braços, corrigir a posição das pernas, a intensidade das braçadas, o momento em que mudo de direcção. É ela que me incentiva a percorrer mais uma piscina quando os braços já latejam de cansaço, quando engulo um "pirolito", quando o oxigénio me foge. É comum dar por mim a pensar em... nada.
Sinto a falta desse vazio mental, dessa hora vazia, quando o trabalho não me permite. Aquela é uma hora só minha. Nem do trabalho, nem da companheira, nem do filho, nem do blog, nem do cão, nem das contas para pagar, nem dos projectos futuros que estão em stand-by, nem dos doentes, nem do arranjo que o carro precisa, nem dos pais, nem dos sogros. Nada, ninguém, só eu... e a água!
Por incrível que pareça, hoje estou mais disponível, mais desperto, menos irritável e irritado. Não estou cansado. E isso melhorou muita coisa. Tenho mais disponibilidade emocional para o meu filho (que merece que eu esteja sempre no meu melhor) e para a M. (que merece que eu lhe dê o apoio que ela precisa e merece, nestes tempos conturbados) porque, no final, são eles que importam. E depois, também estou mais magro, menos barriguinha, músculos mais tonificados e isso, caros amigos, faz toda a diferença!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

??!?!?!???!?!!!!!????!!!??

Isto é a prova da pequenez que ainda existe em Portugal. Resquícios do período Salazarista? Talvez, talvez...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Somos o que fazem de nós!

Mais um post inspirado pela Ana C. Tu inspiras-me. Obrigado.
Os blogues, a Internet. Neste mundo é mais normal o anonimato, as pessoas esconderem-se atrás do ecrã, do teclado. A exposição pessoal em sítios acessíveis a todos, sem controlo não costuma ser muito normal. Existe ainda o medo da exposição.
Eu, no que me toca, utilizo o anonimato ou, neste caso, um nome falso com uma foto de um objecto porque este blog pretende ser um local onde eu me expresso de uma forma leve, livre de pretensões e de segundas intenções. O anonimato, neste caso, permite-me a liberdade total e isso aumenta a minha criatividade. Por isso, são muito poucas as pessoas que me conhecem pessoalmente que sabem da existência deste blog.
Por outro lado, o anonimato e a falta da imagem real de quem escreve no blog leva sempre a que cada um de nós imagine a pessoa por trás dos textos de uma forma muito própria, que decorre directamente de como os textos nos atingem. É um bocado como nos filmes adaptados de livros. Eu, quando vi o primeiro filme do "Harry Potter" fiquei, digamos desiludido, com o aspecto do Professor Snape. Da leitura um tinha imaginado um personagem bem diferente, mas alto, mais magro, ainda mais maquiavélico e hipócrita do que o actor o tornou.
Quando um blogger revela uma foto sua, ainda que esta seja desfocada ou de alguma forma alterada, há sempre algo em nós que fica surpreendido. Eu gostaria bem de saber qual a imagem que os meus (poucos) leitores têm de mim, seria bem giro!!!
A ti Ana, que nos mostraste um pouco mais da tua imagem eu digo: G'anda mulher!!!"

Serviço Público.

Mendigos. Todas as grandes cidades os têm. Não vou estar aqui a dissertar sobre as razões que levam alguém a pedir na rua, a sujeitar-se a viver da boa vontade de estranhos, a rebaixarem-se e a terem atitudes muitas vezes humilhantes. Devo dizer que, na maioria dos casos não me deixo comover. O "profissionalismo", a encenação, a exacerbação das queixas e dos lamúrios levam-me sempre a pensar que há algo de desonesto naqueles apelos. Mais facilmente dou uma esmola a alguém que não pede mas que demonstra o seu desespero no mais triste olhar, do que aos histéricos com refrões perfeitamente estudados e ritmados, mais condizentes com uma feira do que com uma situação de desespero.
Exemplo máximo disto que falo ocorre no metro de Lisboa. Quem já andou e quem utiliza este meio de transporte concerteza que já se deparou com esta personagem. Cego (isso é certo), com um ar escanzelado mas surpreendentemente bem tratado, sinais claros (para quem trabalha na área) de toxicodependência. O refrão: "QUEM TEMA BONDADE DE M'AAAAAAUXILIAR?", repetido até à exaustão durante anos. Penso que esta é já uma personagem típica do Metro. Depois dele, outros surgiram com a mesma técnica o que levou o nosso cromo original a mudar de lenga-lenga, utilizando agora um rap ritmado e dançante com direito a acompanhamento rítmico da bengala nos ferros dos bancos!! O que me leva a desconfiar desta pessoa? Bom, já por várias vezes o apanhei a praguejar contra as pessoas (em surdina) por ninguém lhe dar dinheiro. E isto, meus amigos é, quanto a mim o pecado maior do mendigo: morder a mão que o alimenta, literalmente.
Contudo, existe uma excepção à regra. Quando eu era estudante de enfermagem, sem carro, sem casa própria, sem dinheiro, era cliente assíduo do Metro. Na estação do Rato estava sempre um outro cego, normalmente à saída do lado da estação da PSP. Este jovem tinha uma particularidade: tocava acordeão. Mas fazia-o de uma forma tão bela, com melodias tão tocantes e tão alegres que, fosse qual fosse o meu estado de espírito, melhorava sempre depois de o ouvir. E mais, a expressão na face daquele homem, plena de sentimento, num quase transe musical revelava que, aquela pessoa merecia melhor sorte que tocar no metro, para pessoas sem tempo e sem paciência para apreciar o seu trabalho. Pérolas a porcos, foi o que sempre pensei. A estas pessoas eu dou dinheiro, quase sempre, porque considero que elas estão a prestar um serviço que deve ser pago. Não é comum uma pessoa que pede ajuda, por desespero, conseguir alegrar o dia de alguém e isso é impagável. O homem merece mais do que uma simples moeda de um desconhecido. Outro exemplo. Paris, colina do Sacré-Coeur, vista lindíssima sobre uma parte da cidade. Um cenário lindíssimo e para dar a envolvência perfeita, um homem a tocar harpa! Se isto não é merecedor de uma recompensa, o que será?
É uma questão de inteligência. Há quem aborde a pobreza e as esmolas de uma forma negativa (a maioria) e algumas que o fazem pela positiva: tocam, cantam, dão espectáculos de rua, com marionetas, pintam o chão, fazem-se de estátuas, o que for, mas trabalham por um objectivo. Haverá algo mais deprimente e que cause incómodo e afastamento das pessoas que um homem ajoelhado no chão, no meio da rua, com os braços abertos e sem camisa, em pleno Janeiro? As pessoas fogem do que as incomodem, e isto incomoda.
Por isso, se por algum acaso encontrarem o rapaz do acordeão na estação do Metro do Rato parem por uns momentos, escutem a melodia e penetrem nas expressões faciais e corporais do Artista. Digam-se se não mexeu, de alguma forma, convosco. Se encontrarem alguém que traga um pouco mais de emoção, alegria ou outro sentimento qualquer ao vosso dia rotineiro e clonado dos outros todos, por favor, agradeçam a essa pessoa e ajudem-na. E muitas vezes ajudar significa apenas parar um pouco e dar-lhe alguns minutos de atenção!! Se, associado a isso surgir uma moedita, tanto melhor!!!!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Um bocadinho mais do McSleepy.

Ok, ok. Um desafio da Mariinha que consiste em revelar 6 particularidades que revelem algo mais sobre mim.

-Sei falar francês muito bem! Adoro ouvir e falar a língua. Também falo inglês bastante bem e adorava saber falar alemão e o máximo de líguas possível. Gosto de comunicar!

-Já estive junto ao lago e na estrada que aparecem na 1ª cena do último filme do 007, Quantum of Solace!

-Não sou grande fã de praia. 3 horitas de manhã e outras tantas à tarde é mais que suficiente!

-Sou um bocado picuinhas com o que uso nos pés. Confortável e com "estilo" são requisitos essenciais e, por isso ou estou muito tempo sem comprar ou gasto uma pipa de massa cada vez que compro.

-Detesto andar ás compras! Se gosto e posso comprar está o caso resolvido, não há cá mais voltinhas!

-Não gosto lá muito de ir acampar. Esse conceito de "andar com a casa ás costas" não me convence...

E é isto, um bocadito mais do McSleepy!

Era suposto passar este desafio... passo a quem por aqui passar e o queira fazer! Depois digam alguma coisa!!!

(Alguém me explica o que é uma mansarda??)

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Ainda o post do quadro branco (1 post abaixo deste).
Não. A nossa vida não é escrita pelo nosso punho. Pelo menos a minha não foi. Hoje, à beira dos 30 anos, tenho feito uma aturada retrospectiva da minha vida e chego a uma triste conclusão: praticamente tudo na minha vida foi forçado por alguém ou por um conjunto de circunstâncias. Isto foi, em parte causado por mim. Sempre fui um rapaz sossegado, educado, bom aluno, trabalhador e consciente das dificuldades que havia em casa. Em suma, o exemplo acabado do "bom filho", do "bom menino". E isso, em si mesmo não é mau. Não o seria se por um lado não me fizessem sentir o peso da responsabilidade e se, por outro eu não tivesse aceite essa responsabilidade. Ao longo de anos, desde muito cedo, abdiquei de muitas coisas em função de outros, e com elas sempre uma parte de mim. Sempre me fizeram acreditar que eu era maduro, adulto, responsável e que estava preparado para assumir responsabilidades condizentes com esse estatuto. E eu acreditei que estava e aceitei. Hoje sei que não estava. A minha adolescência foi baseada numa falsa maturidade e eu senti esse peso. Hoje vejo que não vivi a minha adolescência. Adoro música e nunca fui a um festival, nunca arrisquei nada, nunca fui espontâneo. Sempre achei que outros valores se sobrepunham, que tinha uma reputação a manter. Eu era o irmão mais velho, o primogénito, o orgulho dos pais, o aluno aplicado, o bom desportista, o capitão da equipa de futebol da terra, o promissor. Sinto falta da adolescência que não vivi, das experiências que não tive, de tudo o que não experimentei e hoje, com 30 anos, sinto que isso é uma lacuna na minha formação e que não vou poder transmitir essas experiências ao meu filho, como um bom pai deve fazer.
E profissionalmente? Bom, sou enfermeiro porque sim. Nunca tinha pensado nisso, não era profissão na qual tivesse pensado. As circunstância forçaram-me nesse caminho. Se gosto do que faço? Sim, tem dias (hoje não é um deles) mas consigo imaginar-me a fazer dezenas de outras coisas bem diferentes. Sinto que estou sempre a ajudar alguém, a amparar alguém, a escutar alguém. E tristemente, algo em mim me força a ser assim, mesmo quando já não tenho mais nada a oferecer. "Sempre apanhados na curva" como diz a M. Quero ser egoísta, não quero mais saber dos problemas dos outros, da vida dos outros. Estou farto de pessoas doentes e negativas, farto de dores e infecções, farto.
A minha força contudo está nas únicas coisas que são da minha inteira responsabilidade, aquelas que escolhi conscientemente e que foram por mim construídas: M. e G., minha mulher, companheira e amiga de muitos anos, que me equilibra, me ilumina em tempos de trevas, que me amacia as mágoas, a quem eu devo muito do que sou hoje e o meu filhote, a Luz. E talvez isto queira dizer algo. Construí este blog com base numa ideia principal: tinha de ser um espaço de ondas positivas, de bom humor, leve e de fácil digestão. Mas ele tornou-se em algo mais, num espaço onde eu despejo algumas das minhas frustrações. Esta foi uma delas. E há algo de libertador em publicar isto na blogosfera, como se libertasse ao vento as cinzas de um velho corpo cremado, sem rumo nem destinatário.
Volto quando tiver algo de positivo para dizer.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

The Spiderman is having in for dinner tonight...

Se tivesse que escolher A música seria esta. Boa noite...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Não é normal... isto não me está a acontecer!!!

Imaginem que querem mudar de vida, profissionalmente falando. Imaginem que essa mudança depende dos "Sim" de 4 senhores administradores praticamente inacessíveis. Imaginem que, com muito custo, conseguem um compromisso verbal (não vinculativo mas promissor) de todos estes senhores que nenhum deles me vai "cortar as asas". Imaginem que um destes senhores, por sinal, a peça-chave, o senhor da última palavra vai ser substituído por outro senhor antes do meu processo estar concluído. E imaginem que o seu substituto é uma das pessoas mais insensíveis e burocráticas que alguma vez conheci.
É caso para dizer:
AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!
Por esta é que não esperava.... se as coisas correrem bem, mesmo depois deste revés...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Então muito bom dia!

Balneários. Uma grande parte da minha vida foi passada em balneários. Desde a infância, nos balneários do clube de futebol da terra onde joguei dos 8 aos 18 anos, até ao curso de enfermagem quando vivi numa espécie de residência universitária onde não haviam WC nos quartos, mas sim um balneário que servia cerca de 50 pessoas e depois nos ginásios e piscinas por onde vou passando.
Nesse tipo de ambiente apanha-se de tudo. Desde os homens que só tiram a toalhinha da cintura mesmo antes de entrar para o chuveiro, aqueles que entram vestidos nos chuveiros "privados" (individualizados e com porta fechada) e aqueles que andam com a toalha ao ombro. Orgulho-me de pertencer ao terceiro grupo. Esta minha "costela naturista" contudo, já me colocou em algumas situações... digamos, pouco ortodoxas!
Certo dia, em casa dos meus pais, pleno verão, andava em pelota pela casa (estava sozinho) depois de um banhinho que não afastou o calor que nos assolou nesse dia. Acontece que a casa dos meus pais fica num primeiro andar, numa rua estreitíssima lá da aldeia e eu, habituado que estava ao meu 9º andar sem vizinhos em frente, nem me lembrei de fechar as cortinas ou estores. Então, vem o espertinho do McSleepy à varanda (ainda por cima daquelas cuja protecção são umas gradezitas) apanhar alguma roupa do estendal e depara-se com a vizinha da frente!!!
Eu:"Ahhhh..."
Vizinha:"Olá menino McSleepy!! Há muito que não o via! Os seus paizinhos como vão? E a sua mulher? Ouvi dizer que já casou, tem que encomendar um menino! É enfermeiro não é? Pois olhe que eu tenho aqui umas dores nas cruzes... ando a tomar umas injecções que não fazem efeito nenhum."
Não sei se ela se apercebeu que a minha indumentária era nula e acho que ela vê muito bem, mas asseguro-vos que me senti mudar de cor, tipo camaleão para um vermelho intenso e juro que o termómetro subiu naqueles segundos de conversa (bem, conversa não porque eu limitei-me a grunhir uns monossílabos incompreensíveis!) mas o que mais me incomodou foi: que posição adoptar? Colocar as mãos nas "jóias da coroa"? Muito comprometido. Coloca-las à cintura? Demasiado descontraído, quase debochado. Cruza-las ao peito? Muito macho man. Enfim... aqueles segundos pareceram horas e juro, juro que percorri todas aquelas posições durante o interrogatório da senhora da frente. Acho que ela não deve ter comentado com ninguém porque, caso contrário o "telefone árabe" rapidamente teria informado pelo menos um dos meus distintos progenitores!!!
Mais recentemente, numa piscina municipal onde vou "dar umas braçadas" para manter estas belas formas arredondadas, eu estava num dos vários sectores desse mesmo balneário e eis que, quando saio para o corredor de acesso aos chuveiros, me deparo com uma fila de meninos da escola primária que iam para uma aula de natação. Risinhos mas ou menos comprometidos. Penso que deve ser engraçado para eles ver assim tão perto um adulto completamente nu, ainda por cima numa idade onde se começa a descobrir o "corpo sexual". Dirijo-me aos chuveiros e, ao levantar o olhar do "rés-do-chão" onde se encontravam os miúdos... PUMBA, dou de caras com AS DUAS EDUCADORAS que estavam a acompanhar os putos.
Microssegundos de hesitação... reparo nos sorriso "à la Mona Lisa" nas suas faces, os braços cruzados ao peito numa atitude claramente provocatória de quem afirma: "Foste apanhado!".
"Recuo?" penso. "Não, avanço!"
Troco a toalha de ombro, "Bom dia! Dão-me licença que passe?" (o corredor é estreito e elas estão lado a lado). Dirijo-me para os chuveiros com ar triunfante depois de observar a mudança das suas faces para um misto de surpresa e indignação e penso que, caramba, é o balneário masculino, elas é que estão mal!!! Tomo a minha chuveirada, com calma, demorando-me. Afinal está tudo visto e revisto e olhar não tira bocados e, sabem que mais? Elas continuaram a olhar até que me voltei a cruzar com elas na volta e disse: "Então muito bom dia!"

Ofensa!!

Diz o Gates português, o Sr. Belmiro de Azevedo que se Portugal continuar a gastar desta maneira, vamos brevemente tornar-nos num país de nível africano. Eu acho que o senhor tem razão, que assim não vamos a lado nenhum mas, ó senhor Belmiro, não havia necessidade de ofender os africanos!!! Acha mesmo que eles gostam de ser comparados com uns desgraçadinhos como os portugueses?
(Lá se vai o negócio dos hipermercados lá em África!!)

O Starbucks não é só café.

O Starbucks, que iniciou a sua invasão a terras lusas e, cheira-me, vai crescer tanto que vai enjoar, é um sítio que eu gosto. O café é bom, o ambiente é requintado, os bolos são melhores ainda que o café, a música ambiente é muito agradável e, porque os preços são um pouco acima da média, acaba por ocorrer uma espécie de "selecção natural" dos frequentadores. Mas bom, dizia eu, (ainda) gosto de ir ao Starbucks.
A primeira vez que fui, no entanto, houve um pequeno pormenor que me chamou a atenção.
-"É um Caramel Machiatto, tall, e um muffin supremo de chocolate, por favor."
-"Qual é o nome?"
-"Desculpe..."
-"O seu nome por favor..."
-"Ahhhh... McSleepy."
-"UM CARAMEL MACHIATTO E UM MUFFIN SUPREMO DE CHOCOLATE PARA MCSLEEPY!!!" (isto acompanhado de um salto que eu dei!!)
-"É só aguardar por favor. Obrigado"
Aguardo e...
-"MCSLEEPY!! PEDIDO PARA MCSLEEPY!!"
Duas pequenas considerações que me ocorrem. Em primeiro lugar: mas o que é que o resto da loja tem a ver com aquilo que eu vou comer? Já estou mesmo a imaginar os comentários: "Já estás pouco gordo e ainda vais mamar essa tonelada de chantilly e essa carrada de chocolate?!!?" Eu sei que isto é factual porque é um pequeno passatempo que gosto de fazer enquanto espero pela minha vez.
Em segundo lugar, não posso deixar de pensar que o Starbucks deve ser o local ideal para a prática do... engate!!! Vejamos, o ou a engatatão (ou o seu equivalente feminino) já sabem à partida duas coisas acerca do engatado: o nome e o que está a beber!! E isso abre inúmeras estratégias de abordagem!!
-"Olá Virgulina... desculpe, estava a observar e não pude deixar de memorizar o seu nome. Exótico, por sinal! Mas bonito. Aliás, faz jus á pessoa que nomeia!! O meu nome é Sleepy, McSleepy! Encantado!!!"
-"Olhe... McSleepy, não é? Antes de mais devo dizer-lhe que o seu nome é, no mínimo... parvo. E depois... não lhe parece que já está demasiado gordo para ingerir esse muffin?"
Pois...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Coisas de homem que as mulheres nunca compreenderão.

Homem que é homem mija de pé. Ponto final. A única excepção a esta regra acontece quando acontece uma mijadinha em simultâneo com as tais conversas com o Sr. Intestino.
Uma colega de trabalho dizia-me que o seu filho, de 4 aninhos, faz xixi sentadinho na sanita e é incapaz de o fazer de outra maneira. E fora de casa, baixa-se como as meninas. Dizia isto com inegável orgulho estampado na face. A minha dúvida prende-se com o porquê deste orgulho: seria orgulho no filho por ser "limpinho" ou nela por ter (por enquanto) conseguido domar um instinto puramente macho? Tendo mais para a segunda hipótese. Resta dizer que este menino vive sozinho numa casa com 5 (!!!) mulheres, mãe e tias, o que explica o facto.
Mas esta minha colega não é a única com estas ideias, longe disso. Tenho o privilégio de partilhar a casa com uma defensora dos direitos das mulheres (e, já agora também dos animais, o que é semelhante!) e que tentou, em vão diga-se que EU adoptasse esse comportamento anti-natura. Sou um tipo liberal, não tenho problemas com a homossexualidade, o consumo de drogas leves, o absentismo sexual, o bestialismo, os eremitas e até tolero os benfiquistas em geral mas, mijar sentado.... ISSO NUNCA! Será que não percebem que isso é um comportamento social entre os homens que encerra um determinado conjunto de regras a cumprir? Claro que não, ora essa... são gajas. Só quem nunca sentiu o ambiente numa casa de banho pública, com os urinóis todos alinhados, significando a ordem que deve ser cumprida naquele local, é que pode pedir a um homem que urine sentado. Por exemplo, num WC público nunca nos colocamos no urinol livre entre dois homens, a não ser que este seja o único e a vontade seja já insuportável. Olha-se sempre em frente, mesmo se estivermos a conversar com o parceiro do lado (os publicitários perceberam isto e colocaram anúncios por cima dos urinóis!). A alternativa a olhar em frente é olhar para baixo e contar quantos buracos tem o sifão do urinol. O que vai acontecer a este menino quando for já adolescente e romper uma destas regras?? Será, com certeza ostracizado do seio do seu grupo de machos, passando a ser uma espécie de pária que fica com os restos dos outros.
É por isso que eu NUNCA vou permitir que o meu filho, meu querido filho, urine sentado!! Vou constantemente boicotar a doutrinação feminista aplicada pela M. nesta matéria demonstrando orgulhosamente ao meu primogénito como um verdadeiro homem urina em pé!! Afinal quais são as vantagens de urinar sentado??? Não urinar em cima da sanita? Umas pinguitas insignificantes e inócuas não são argumento para privar um rapaz de uma série de comportamentos sociais, tornando-o num handicaped no mundo dos machos!
E há uma coisa que me intriga acerca dos homens que mijam sentados. Como é que eles limpam os resquícios de urina que teimam em permanecer na uretra? Penso que deve ser com papel higiénico como fazem as meninas. Mas vocês imaginam o que é um homem ser visto a limpar o seu pénis com papel higiénico??? Lá estou eu... CLARO QUE NÃO!!! Homem que é homem, após terminar a sua mijadinha sacode vigorosamente o seu pénis até este ficar seco e se, por algum acaso alguma pinguita molhar a roupa interior, essa mancha será usada como um orgulhoso sinal da nossa masculinidade!!!
Tenho dito.

Adeus, até um dia.

Acabei de prestar os ultimos cuidados de que aquela senhora irá precisar: os cuidados post-mortem. Nunca é agradável, mas a senhora merecia o descanso que agora terá. Adeus, até um dia.

Um pormenor sem a mínima importância.

05:00 da matina. Já estamos todos mais para lá do que para cá, nos Cuidados Intermédios, sítio onde ficam os doentes demasiado instáveis para as enfermarias mas não suficientemente graves para os Cuidados Intensivos. Uma espécie de Limbo ou melhor, Purgatório onde se decide se o doente vai para a Luz das enfermarias ou para as Trevas dos Cuidados Intensivos. Enfim, estava tudo calmo, os doentes menos graves dormem e os monitores dos "afundados" dizem-nos que também estes descansam, através das linhas rítmicas, coordenadas, sem picos ou vales que traduzam dor ou uma perigosa aproximação ao abismo.
Subitamente, um dos monitores irrompe o silêncio com os seus alarmes que sempre se parecem demasiado com gritos humanos ou então com os sinos a tocar os "finados" (porque será??). Um dos doentes menos estáveis estava a tentar escapar-se em direcção ao túnel (aviso: se estiverem num túnel e virem a luz não a sigam, fujam da luz. Bom... a não ser que estejam no Metro e aí talvez seja melhor não me darem ouvidos.) e, enquanto iniciamos todos os procedimentos para o estabilizar ligo ao médico de serviço. Esse médico, embora excelente do ponto de vista técnico, tem uma personalidade com um ligeiro toque esquizofrénico, o que faz dele uma figura mítica neste hospital.
"Dr., venha aqui ao serviço porque o Sr. Fulano está a escorregar-nos."
"Grrrrunffff, hã???"
"O homem está a parar, venha depressa!"
"Gruuunhhhhhh, raio de hora para parar... fo****-se!!! Já vou, já vou!!!"
....
....
Entra apressado no serviço. Olhos remelosos e ainda semicerrados de quem não passou a cara por água, o cabelo desgrenhado, bata desabotoada, roupa amarrotada. Dirige-se ao doente cuja cama é a primeira que se encontra quando se entra e PUMBA!!!!!! Prega um belo murro pré-cordial ao doente (é um simples murro no peito que serve para tentar que o coração recomece a bater antes de se iniciar manobras de suporte de vida. É baseado no mesmo princípio que seguimos quando espetamos uma murraça no computador quando este não arranca!) e ouve-se:
"EI!!! MAS QUE?.... EU ESTAVA A DORMIR!!!!!"
E eu, com enorme dificuldade em conter o riso, digo: "Dr. não é esse doente. É o da cama do lado..."
"Porra, merda pá!! Podiam ter-me avisado!!!!
Acabam as manobras, o doente sobrevive e tem alta do hospital uns dias depois, passamos o resto do tempo a rir que nem maluquinhos. O doente que dormia descansadinho quando foi bruscamente acordado não mais voltou a dormir profundamente enquanto lá esteve, abrindo o olhito sempre que alguém se aproximava. O médico voltou para o seu quartinho e juro, juro que aquele murro foi com um tudo nada mais de força do que é normal e que, por instantes me apercebi de um esgar de ódio na face do médico como se gritasse "Isto são horas de acordar um gajo???"
E tudo está bem quando acaba bem.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Desabafo...

Depois de uma manhã inteira a tentar falar com A pessoa que me pode libertar dos meus compromissos contratuais (existe uma coisa chamada "poder descricionário",mas disso falarei mais tarde...), fui literalmente chutado de um lado para o outro e sinto que o meu futuro está nas mão de um fulano qualquer.
Por isso permitam-me o desabafo...
PUTA QUE O PARIU!!!!!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A Vida, a Morte, os hipócritas.

Eutanásia. Morte Assistida. Sim, chamemos-lhe morte assistida porque é disso que se trata. Na minha opinião, o direito à morte com dignidade é tão inegável como o direito à vida com dignidade. E parece-me que este, como outros assuntos está rodeado de penumbras religiosas e, pior ainda políticas. Veja-se o caso (mais um) da mulher italiana a quem (por fim!) foi dada a oportunidade de descansar. Descansar, repousar, deixar de sofrer, quem de entre nós ficaria feliz se lhe negassem o direito a estas três coisinhas simples? Então porquê nega-lo a quem não se pode defender? Porque insistir no conceito de "vida" clássico e carregado de estéreotipos de influências religiosas? O que é a vida? Certamente não é vida ficar numa cama durante décadas, sendo alimentada por uma sonda (provavelmente colocada cirurgicamente através do abdómen até ao estômago), ligada a um ventilador através de outro tubo, desta vez através de um orifício na garganta, com uma algália, catéteres venosos e centrais, cuja existência se resume a ser mudada de posição a cada duas horas e cuja interacção social está limitada a escutar as conversas entre médicos, enfermeiros e outros, inconfidências acerca de uns, maledicências acerca de outros e, talvez até, uma ou outra conversa sobre o doente, invariavelmente no tom de "coitadinha, mais valia deus levá-la" ou "que porcaria de vida esta. Mais valia morrer de uma vez por todas!", já para não falar de outras em tom mais jocoso que o tema e o tom deste texto não permitem. Mas esta é a minha opinião, fundada em anos de convivência com casos deste tipo e, provavelmente, muito tendenciosa.
Contudo, que dizer do espanhol que há uns anos bebeu uma solução com cianeto? E do jovem jogador de rugby britânico que pediu aos pais que o matassem, após ter ficado tetraplégico? Falamos aqui de 2 pessoas conscientes, na plena posse de todas as suas capacidades cognitivas e que tomaram esta decisão após uma aturada reflexão? Quem somos nós para lhes negar isso? Com que direito ou regras morais? Podem dizer-me que também não somos nós a quem cabe executar as acções que levam à sua morte mas. se não somos nós, profissionais de saúde diferenciados e especializados, então quem? Quem? Chega de hipocrisias! A morte é uma etapa da vida, a última é certo, e como tal devemos ser tão profissionais face a ela como somos perante as outras situações da vida. Como? Com critérios clínicos bem definidos, com o método clínico bem aplicado e com um princípio fundamental no tratamento dos doentes: o princípio da não-maleficência, que preconiza que qualquer acto terapêutico não pode ser vazio de objectivo e, acima de tudo, entre não fazer nada ou fazer algo que em nada vai adiantar no tratamento do doente e lhe vai causar dor ou sofrimento, mais vale nada fazer. Face a isto, tirem as vossas conclusões.
Obviamente que não sou a favor da eutanásia discriminada. Cada caso é um caso e á assim que deve ser tratado. Agora, não sejam hipócritas. A igreja (sim, com "i" bem pequenino) com as suas palas nos olhos, agarrada ao conceito de vida redutor e à ideia de que só deus (qual deus? O deles?) pode pôr e dispôr da vida de alguém, com a sua arrogância do Saber supremo e indesmentível e a intolerância típica das mais fervorosas e fanáticas seitas. Por outro lado, os políticos, sempre na onda eleitoralista de tentar dizer as coisas de forma dúbia e com várias interpretações, sem nunca se comprometerem e a remeterem as decisões para os tribunais. Mas o que é que os tribunais têm a ver com tudo isto??? Porque é que a decisão de um juiz vale mais do que a de um médico? E acima de tudo, porque tem que ser o juiz a dar a aval para que o médico tome uma decisão? Depois vê-se a merda que fazem!!
Caso não saibam, a senhora italiana morreu porque pararam de a alimentar!! Isso é matar à fome. Perdoem a franqueza mas não vejo outro nome para isso. Os condenados à morte tem uma morte mais digna: em primeiro lugar uma droga deixa-os sedados e anestesiados, a seguir um outro fármaco suspende a respiração e um terceiro faz o coração parar de bater. Entre isto e estarem sem comer até definharem, escolham (atenção que sou contra a pena de morte). Não era mais fácil, mais humano proporcionar este tipo de conforto a alguém? Quem os garante que aquela pessoa, em coma, não sente? Está sedada, anestesiada, não tem controlo sobre o seu corpo? Pois não. Mas estará inconsciente ou sentir-se-á presa naquele corpo? Será que essa pessoa não tenta gritar com todas as suas forças que está ali e que não quer continuar presa? Será? Alguém provou o contrário? Estarei a dramatizar, sim, talvez sim. Mas eu proponho a quem é totalmente contra a morte assistida o seguinte quadro. Imaginem-se numa cama estranha de um hospital, estão sob sedação e não são capazes de mover um músculo, respiram mas são incapazes de comunicar, sabem que a situação é irreversível e que estarão assim o resto das vossas vidas. Tão simples quanto isso. Ou então, se são pouco imaginativos, tentem ir a uma unidade de cuidados intensivos e olhem, vejam os doentes ventilados sem hipóteses de recuperação e coloquem-se naquela situação.
Tanto que escrevi e tão pouco que disse, tanto que queria reflectir em palavras e não sou capaz. Isto mexe comigo, isso acho que ficou claro.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Se não querem, por favor, sejam sinceros!!!

Porque é que as pessoas se disponibilizam para ajudar e depois se descartam no "momento de verdade". Não percebem que assim prejudicam mais do que ajudam? Não será óbvio que, se falham quando estamos a contar com eles fragilizam ainda mais quem precisa da sua ajuda? Não seria mais correcto dizer que não podem, não querem, não conseguem ajudar-nos?
Eh pá, vão pró caralhinho... assim mesmo, explicitamente e com todas as letras.

Nuvem negra

Uma colega, adepta da cena kármica, diz-me que a minha nuvem kármica é geralmente cinzenta mas, por vezes, é tão negra que chega a incomodar o seu equilíbrio dos chacras. Não acredito muito nessas cenas esotéricas mas lá que estou com uma grande neura, lá isso estou. Este blog tem uma enorme nuvem negra, carregada de más energias, que paira por cima dele.
Sei que há muito que não escrevia aqui e voltar com tão "má onda" não deve ser lá muito bom, mas neste(s) m0mento(s) (últimos dias) é assim que estou...
Pensei em apagar o blog, faze-lo desaparecer numa espécie de metáfora daquilo que eu gostaria de fazer mas... afinal, estão aqui tantas coisas positivas... já muita gente que conheço e gosto se riu com algumas coisas que aqui descrevi, não seria justo. A vida é assim, as nossas acções causam sempre um eco em alguém, e em última análise, é nessas pessoas que nos são mais próximas que devemos pensar antes de... desaparecer.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Diz então o Sr. Andrei Arshavin, jogador de futebol que joga (e bem!) no Arsenal de Londres, no seu livro "555 Perguntas e Respostas sobre Mulheres, Dinheiro, Política e Futebol" que “se tivesse possibilidade de banir as mulheres de conduzir era o que fazia. Retirava todas as cartas de condução às mulheres sem pensar duas vezes. Para mim, mulheres e homens são criaturas completamente diferentes”. Mas não se apoquentem meninas! Este iluminado sr. refere também na sua obra literária que "tenho medo do escuro e da água. Acho que na água podem existir criaturas escondidas”.
É nisto que dá deixarem as vedetas do futebol escrever livros! Eu, se tivesse a possibilidade de banir os jogadores de futebol de escrever era o que fazia. Retirava todas as esferográficas e computadores aos jogadores de futebol sem pensar duas vezes. Para mim, jogadores de futebol e seres humanos são completamente diferentes.
Ah... só para dizer que nos comentários a esta notícia, num site de um jornal desportivo, quase todos concordavam com o Sr. Arshvin.
E, já agora, se pudesse também proibia o Autor de se aproximar a menos de 10 m de uma garrafa de vodka.

Café, Correio da Manhã, melancias e oligofrénicos com disfunção eréctil.

Um destes dias, enquanto tomava um café antes de ir para o trabalho, e enquanto desfolhava um desses "jornais" de café (ou o "Correio da Manhã" ou o "24 Horas") descobri uma notícia que vai, concerteza mudar o rumo deste país e, quiçá, do Mundo!! Trata-se da visita a Portugal da fantástica, fabulosa, impressionante, exótica MULHER MELANCIA!!!!!!! Quem?? Pois... foi também a minha exclamação.
Ora pois bem... pelo que li, trata-se de uma brasileira (porque não estou surpreendido?) que dança uma coisa chamada "dança do créu" que parece que é popular lá em terras de Vera Cruz mas que se distingue por umas características corporais muito próprias. A foto é esclarecedora: a senhora tem pernas gordas e um CÚ que deus me livre!! Bem... aquilo não é um cú, é um PORTA-AVIÕES!! Pesquisem no google que logo encontram.
Mas o que mais me impressionou foi o facto de a discoteca estar a abarrotar "com milhares de homens portugueses loucos para ver a nova sensação brasileira!!", estamos portanto perante a genuína "festa da mangueira", precisamente o tipo de festa que nenhum, repito, nenhum homem gosta de admitir que esteve presente. Depois, a entrevista de fundo concedida à fulana, com os tiques de "coitadinha-de-mim-que-era-pobrezinha-e-agora-sou-conhecida-graças-ao-meu-talento-graças-a-deus". MAS QUAL TALENTO?? Abanar um rabo do tamanho de uma camião TIR em frente a milhares de oligofrénicos babosos e com disfunção eréctil que vão depois masturbar-se nos WC da discoteca?? Oh pá... vai mas é trabalhar, oh, que tens bom corpinho para isso!!!
Mas a culpa disto não é tua. É antes nossa, dos homens. Felizmente para ti, a maioria (a maioria disse eu, suas más línguas!!) de nós tem uma de duas características: ou temos cérebro na glande ou temos o cérebro ligado directamente ao canal espermático. Pois é... não me entendas mal, eu gosto de ver uma mulher bonita (atenção que que eu disse bonita!) mas de preferência que não esteja constantemente a mover a pélvis circularmente, de cima para baixo e vice-versa, ou para trás e para a frente. Além de não ser lá muito sensual (demasiado explícito...) ainda partes a cana do nariz a alguém, com esse bombardeiro que chamas de cú!
Eis os meus devaneios enquanto tomo uma cafézinho....

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Portugal começa por C.

Em todos as situações, todos os planos, todas as investigações temos de ter em conta o Factor X, ou seja, tudo o que não podemos controlar, que não depende da nossa vontade ou acções. Em Portugal, para tudo, temos sempre de ter em conta o Factor C. Cunha, Conhecido, Comprar, Corromper (veja-se o Caso Freeport. A propósito: quem acredita que o Sócrates está "limpo"?). Tudo neste país funciona assim. O Hospital onde trabalho é o exemplo vivo disso. A quem vai pelas vias normais entregar o seu currículo ao Serviço de Pessoal a resposta é sempre a mesma: "De momento não precisamos de enfermeiros." e isto aconteceu a amigos meus. Mas depois existe a "porta de serviço": ontem apresentou-se uma enfermeira nova cá no serviço. Recém-formada, com muita vontade mas pouco currículo e tendo ultrapassado centenas de candidatos bem melhor preparados. Porquê? Bom, a sua mãe é funcionária cá no hospital. E tem sido assim com as últimas pessoas que temos recebido.
A Cunha é já uma instituição! É de tal forma tida em conta que só falta ir escarrapachado no currículo uma alínea: C) é "apadrinhado" por Sr. Fulano-de-Tal. Sendo honesto, isso já acontece mas em forma de post-it colado na folha de rosto do CV. É o principal factor que se tem em conta quando se procura um emprego.
Aqui, neste ponto, devo ser o único funcionário do mundo que precisa de uma cunhazita, não para entrar numa instituição mas para SAIR de uma!!! Sou ou não sou um tipo interessante, hem? Pois assim é. Estou preso a estes indivíduos com algemas burocráticas. Então andei hoje em telefonemas para "amigos-de-amigos" que estão colocados em locais estratégicos, para que o meu pedido seja aceite.
É isto.
PS: já agora peço-vos um favorzito: pensem cá no McSleepy e mandem ondas positivas a ver se isto corre bem, OK? Obrigadinho.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Hora da Visita.

Todos os hospitais têm a hora da visita. Tempo não muito apreciado por muitos enfermeiro, que se fecham na sua sala de trabalho assim que as primeiras visitas entram no serviço, é um óptimo campo de estudo social.
A hora da visita é esperada por muitos dos doentes, mas também temida por uns outros tantos. É comum observar o brilho nos olhos de um doente que, de repente se vê rodeado de filhos, noras, genros, netos, amigos. Para essa pessoa, a hora da visita é o momento alto do dia. Passam a manhã a arranjar-se, descançam para poderem estar despertos durante essas (poucas, pouquinhas) horas e ficam ansiosos se os familiares se atrasam. Identificam-se facilmente pela vida e alegria que transmitem ao serviço.
Contudo, estes não são os mais comuns. A maioria dos doentes não gosta da hora da visita. Porque fazem muito barulho. Porque fico cansado. Porque me dói a cabeça, porque fico nervoso. Estas são as suas razões. Aquilo que depreendo é, no entanto um pouco diferente: porque me lembra que estou só, porque me mostra que não sou querido no seio da família, porque me faz sentir um fardo que obriga a família a deslocar-se para me visitar, porque não conheço os meus filhos e não sei que lhes dizer (e assim o tempo pesa), porque sinto inveja do meu colega de quarto e da sua família, grande, unida e feliz à volta do seu ancião.
Hoje assiti a uma cena que me fez reflectir nisso:
Filho: -"Olá Mãe. Como se sente hoje?" enquanto a beija
Mãe: -"Boa tarde filho. Sinto-me... na mesma"
Filho, enquanto se senta e pega numa velha revista cor-de-rosa:-"Nunca pior mãe, nunca pior..."
.... passa a hora, o filho levanta-se e diz:
Filho: -"Pronto mãezinha, gostei de a ver. Adeus, até amanhã."
Mãe: -"Adeus filho. Não voltes amanhã, é muito transtorno para ti. Vem para a semana."
Filho: -"Adeus mãe. Até para a semana."

Mais "Coisas que me irritam profundamente", levando mesmo à insanidade mental temporária com laivos de ideação homicida.

Hospital. Almoço. Cantina.
Almoço com um colega com quem não tenho particular afinidade. Mas OK, tento manter uma conversa minimamente aceitável durante o caminho, afinal, não há nada mais desconfortável do que almoçar em silêncio ou com uma conversa monossilábica:
"Então?O serviço hoje está pesado não é?
Pois.
E o Sr. Fulano-de-tal, melhorou?
Sim
Vais fazer a tarde?
Não.
Ok, ok.... (suspiro)"
Já eu dizia mal da minha vida por ter escolhido aquela hora para almoçar e eis que eu me sento e o rapazinho... senta-se ao meu lado!!! Uuuuiiii, como fico irritado quando me fazem isso!! Mas alguém consegue ter uma conversa decente sem estar frente a frente???!! Enfim...
Contudo, lá mudei eu de lugar... Como as minhas tentativas, os meus desbloqueadores de conversa se estavam a revelar infrutíferos... calei-me e mergulhei na sopa.
Sluuuurp, chhhhhhlurrp
Ai a minha vidinha... o gajo tá a sorver a sopa. Oh meu, abre lá a boquinha e enfia a colher lá pra dentro...
chhhhhhhhhhluuuuurp!
Queres ver!!! O gajo tá a fazer de propósito! E porque estou eu a olhar fixamente para boca do tipo! Merda! Sou mesmo masoquista... já não basta o som ser nauseante ainda estou a olhar... Porra pá! Mais valia ter vindo sozinho! CHIÇA PÁ, SENÃO PARAS COM ESSA MERDA NÃO TARDA NADA A ENFIAR-TE UMA SONDA NASOGÁSTRICA E ENFIAR-TE A MERDA DA SOPA PELA PORCARIA DO TUBO!!! JAVARDO!! BÁCORO!
Acaba a tortura. "Já acabaste? Então vamos tomar um cafézinho? Ah... não bebes café. Pois, sim, sim... ficas muito acelerado. Pois é, então vamos. Eu? Ahhh..... eu tomo lá no serviço."
Suspiiiiiiiiiiiiiirooooooooooo.