quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2008...

...passou.

O ano que hoje termina pode muito bem revelar-se num ano de viragem na vida dos McSleepy. Não pelo que aconteceu porque a única coisa que (não) aconteceu foi o aborto espontâneo de todo um projecto de vida e futuro. E foi suficiente, no que diz respeito a não-acontecimentos!

Ah, esperem, também não aconteceu a Sra. McSleepy arranjar emprego!

O ano de 2008 é válido pelas reflexões que permitiu e pelas resoluções tomadas. Pode não ter acontecido nada de particularmente importante mas foram construídas as bases para que 2009 ou 2010 possam ser ricos em acontecimentos importantes!!

Acima de tudo, 2008 foi um ano de maturação. Amadurecemos como indivíduos e, principalmente como família. Mas também aconteceram coisas giras: o 1º aniversário do G., o bebé McSleepy no início do ano e a sua transformação em G. "Katrina" McSleepy (sim... o furacão) agora no final do ano!!!
E 2008 passou, na sua passada aparentemente lenta mas firme, e 365 dias depois parece-me que aconteceu ontem a passagem do ano de 2007 para 2008, passada aqui mesmo, de onde vos escrevo, junto de colegas de trabalho e doentes. E é engraçado e surpreendente a perspectiva que temos do tempo: 12 meses passados que pareceram alguns dias e a espera do próximo mês, ou a perspectiva de uma boa notícia lá para Março que parecem miragens de difícil alcance!
Morreu 2008, esperamos 2009 confiantes!
Feliz 2009!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Alguém pode explicar...

... o significado da palavra "ligeiramente" aos meus doentes?
Quando, antes de uma injecção, se pede:
"Volte-se em direcção à maca e baixe ligeiramente as calças, para fazer uma injecção.", porque é que a maioria das pessoas baixa as calças até aos joelhos???

Vejam lá isso... obrigadinho.

Penso logo... escrevo!

Voltemos a um tema que parece ser recorrente neste blog: as reclamações, o livro amarelo.
Num dos textos mais antigos aborda-se o facto de os utentes não saberem reclamar. No meu ponto de vista, esse facto insere-se num problema bem mais vasto que se pode definir como a inexistência de uma "Cultura da Doença ou do Doente" que se prende com o facto de que os portugueses não sabem estar doentes, não sabem acima de tudo ser doentes. Arrisco-me a afirmar que somos incompetentes no papel de doentes. Mas avante, que esta reflexão dava um post completamente diferente e muito extenso.
Voltando às reclamações e ao livro amarelo. O que se passa é que os utentes não sabem, na sua larga maioria, escrever. É isso mesmo!
Passo a explicar que eu sou o tipo de pessoa que escreve SMS muito extensos porque detesto a nova linguagem utilizada neste sistema de comunicação. Se há coisa que me afecta é ver a língua portuguesa maltratada. E é isso que se passa neste caso. Fico absolutamente horrorizado ao ler o que é escrito pelos utentes.
Na maioria dos casos a caligrafia é ilegível sendo que a grafia se parece muito com a minha própria caligrafia... mas quando ainda estava no 4º ano!!! Os erros ortográficos são mais que muitos, já para não falar da utilização da tal "linguagem SMS". Isto num documento que se pretende sério e que se destina a um fim muito a sério.
Além disso não existe um corpo de texto definido, os temas são expostos de uma forma perfeitamente errática, não existe coerência no discurso, não há pontuação... enfim!
Sinceramente, a maioria dos textos são incompreensíveis, uns por causa da caligrafia e outros devido à encriptação criada pela estrutura do texto.
Obviamente não sou um perito da língua portuguesa, nem perto disso, mas parece-me que este pode ser um espelho da formação da nossa população. E estamos a falar de uma faixa bem representativa dessa mesma população!!
Lembro-me de, durante o curso, debater a questão do pensamento e da linguagem: haverá pensamento sem linguagem, e haverá linguagem sem pensamento? Uma coisa eu sei: para escrever é preciso pensar e aquilo que escrevemos e como o escrevemos reflecte o nosso pensamento.
Resumindo, as pessoas não sabem escrever, logo não sabem pensar!
E depois admiram-se que as reclamações não dêem em nada!! Pois se a maioria delas não se entendem (seja a letra, o texto ou o motivo da reclamação)...
(felizmente existe a blogosfera para ler coisinhas com jeito!!)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Mas porque raio é que eu perco tempo...

... a fazer ensinos aos doentes?!!
Principalmente aos pais de crianças pequenas com febre, vómitos e diarreia (afinal, as três grandes causas das vindas de crianças à urgència.)
Febre: antipiréricos nos intervalos determinados e nas dosagens estabelecidas pelo peso da criança. Explico o mecanismo da febre, como fazer arrefecimentos, principais cuidados a ter, sinais e sintomas perigosos e tempo máximo de evolução da situação até recorrer à urgência.
Vómitos: principal tratamento - paciência por parte dos pais! É a situação que mais atinge os miúdos mas não há nenhum remédio milagroso para a resolver. Muita paciência e cuidado com a desidratação e sinais de desidratação.
Diarreia: dieta, cuidado com a desidratação.
(isto é muito superficial, mas dá para perceber a ideia...)
Enfim, a sensação que tenho é que eu sou um vendedor charlatão a tentar impor um produto que ninguém precisa. Os pais olham para mim desconfiados, incrédulos, agressivos, indiferentes. Por incrivel que pareça, já ouvi insinuações de que toda aquela conversa era só para eles não virem, porque dão trabalho ou que nós estamos aqui é para isso mesmo e que eles, os pais, não querem ser responsáveis porque algo de mal aconteça com o seu filho. (anormais...)
Com a febre acontece uma coisa gisíssima. Passo a explicar: aparecem miúdos com 39 e mais graus de febre e perguntamos:
-"Há quanto tempo tem febre?"
-"Desde hoje pela manhã."
-"E qual foi o antipirético que lhe deu pela última vez?"
-"Nenhum, cheguei do trabalho e vim a correr para aqui!"
OH sua ESTÚPIDA!! Então deixas o puto a morrer de febre durante 6 ou 7 horas!!!!!
Enfim, as pessoas simplesmente não acreditam no que lhes dizemos. Há doentes que nos aparecem em turnos consecutivos (e os turnos duram 8 horas)!!
Agora a questão é: sabendo eu deste facto, porque continuo a gastar o meu latim, mesmo depois de anos a trabalhar nisto?
(Ah sim, chama-se masoquismo...)

sábado, 27 de dezembro de 2008

Quando os pais não gostam dos filhos...

Como é de calcular, passo boa parte do meu tempo de trabalho a chamar pessoas pelo seu nome. João, Maria, Clotilde, Mara, Marta, por aí fora.
Há nomes muito esquisitos, estranhos, invulgares, vá lá.... feios, pronto! Já disse.
Mas o pior, o mais inominável nome (bela figura de estilo, hem?) de todos não é um... foram 3.
Pio Higino Periquito
Alguém achou que esta combinação era a adequada para o seu filho...
I rest my case.

A pedido de muitas famílias...

... e porque é o que mais aparece por estes dias...
"Elogio à Ranhoca"
"Oh mar salgado
quanto do teu sal
é a ranhoca de portugal?" (sim, plágio, eu sei...)
"Começas bem líquida
Transparente, luzidia
Depois ficas amarela
Ou então de outra cor, aquela,
cor do burro quando fugia"
"Olhos lacrimejantes
e ouvidos entupidos
Não tem febre? Não me leve a mal
Se os peitos estão bem enchidos
É apenas congestão nasal!"
"Por outro lado,
Se lhe dói o peito,
e a ranhoca é verde e espessa,
amigo, você está f... feito
Tem o pulmão tolhido" (sim, não rima com "feito"...)
"A chatice a sério começa,
e a coisa fica feia
quando a dispneia começa,
A malta fica mesmo à rasca
Parece que respira areia."
"Vem tudo pró hospital
a correr e a saltar
A ranhoquinha não faz assim tão mal
Só causa um pouco de mal estar.
Fiquem em casa a curtir
o quentinho e uns batidos
Se se quiserem divertir
Vão a ranhoca cuspir, mais longe!
Vocês e os vossos amigos.!"
(Fraquinho não é? Pois é...)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A quem o dizem...

Diz que os serviços de urgência estão a abarrotar um pouco por toda a região de lisboa...

http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=1063801

VÃO MAS É TRABALHAR OH!!!

Os novos Esquizofrénicos.

A esquizofrenia é, talvez, a patologia psiquiátrica que melhor define o conceito popular de "Louco". Quem de nós já não viu pessoas na rua, normalmente com roupas velhas e sujas, aspecto de mendigo, a falarem (normalmente a discutir) com alguém que simplesmente não está lá? Este é, provavelmente, o denominador comum da esquizofrenia.
Mas agora temos um novo tipo de esquizofrénicos. Normalmente bem vestidos, andam pelas ruas, lojas, centro comerciais, hospitais, etc. a falar literalmente para o ar. Conversas em tons altos ou mais baixos, discretos ou exuberantes, temas divertidos ou sisudos. Mas eles não parecem importar-se que todos oiçam as suas conversas com quem só eles ouvem e os outros não conseguem ver!
Uma característica estranha nestes indivíduos (talvez da evolução técnica, também visível na doença?): todos eles apresentam um apêndice estranho colocado num dos ouvidos. Parecem-se com pequenos aparelhos electrónicos com palavras estranhas escritas como Nokia, LG, Samsung, Sony (estranhíssimo o facto de nem estarem em português...)!
Estes são os novos esquizofrénicos desta sociedade. Andam pelas ruas falando para a atmosfera, passando indiferentes aos olhares de espanto de todos nós, não aceitando que padecem de uma doença grave, porém tratável e ficando ofendidos com a oferta de ajuda. É mais um grupo a quem urge ajudar e despertar a atenção do resto de nós. Para quando uma campanha de sensibilização para esta doença? Para quando campanhas de angariação de fundos para financiar a erradicação deste problema? Reflitam sobre ele, é mais um enorme flagelo nesta nossa já debilitada comunidade.
(Senhores que andam por aí de bluetooh enfiado no ouvidinho... tenham mas é juízo!!)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Balanço.

E aí está. O Natal passou, voltei ao trabalho após 1 dia e meio de folga.

Na hora do balanço tenho de salientar algumas coisas. Em primeiro lugar, o meu filhote G. encarnou na perfeição o tão falado "espírito natalício" (a inocência dos seus 20 meses) uma vez que estava muito mais excitado com a presença dos avós, tios e primos, do que com os presentes. Na verdade, gostou de todos os brinquedos mas logo os largava para brincar com o avô (aparentemente o seu parceiro de eleição!).

Relativamente a isto, parece-me que no próximo ano vamos limitar o número de prendas existente debaixo da árvore. Entre pais, avós , primos, amigos e vizinhos o G. recebeu umas 7 ou 8 prendas o que é manifestamente exagerado.

De resto as coisas correram dentro da normalidade. A azáfama dos cozinhados, as conversas de família, as pequenas discussões entre família, enfim... Um promenor engraçado e que deu um toque diferente a este natal: por entre os cd's de músicas natalícias lá apareceu um, trazido pela minha sogra, com os tradicionais cânticos, mas cantados em alemão!! Como foi giro reconhecer algumas músicas mas cantadas naquela língua, que não é propriamente a mais musical!

Quanto às prendas... bom, este ano quer eu quer a M. optamos por prendas com algum simbolismo (e não foi combinado!) em vez de simples objectos. Então cá vai:

Da M. recebi este magnífico livro que, além de estar na minha lista de "a comprar", simboliza a mudança, o positivismo, duas coisas que buscamos com muito querer.





Para a M. ofereci bilhetes para este espetáculo, tendo como significado as novas experiências que queremos viver juntos (além de que era algo que ela já tinha mencionado!), e também porque cada vez mais acredito que os presentes que mais duram são as (boas) sensações. O facto de ser uma boa desculpa para estarmos algum tempo só os dois também ajudou ;)






E assim passou mais um Natal, com coisas boas e algumas não tão boas, mas com a certeza que aprendemos algumas coisas... e saímos fortalecidos!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Dreaming...

Feliz Natal!


terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Elogios...

Hoje elogiaram o meu estilo. Como a minha nova farda me dá um ar descontraído e é muito gira mas que preferia a antiga, com a camisa que me assenta muito bem nos ombros e metida dentro das calças, calças estas que me deixam (e passo a citar) "muito aconchegadinho" (fiquei com dúvidas mas não tive coragem de perguntar o significado disso). Acho que sei ao que se refere...
Mas o mais giro desta situação é que estes elogios à minha indumentária (e, indirectamente, ao que está por baixo!) vieram... de um homem!!
Nunca me tinha acontecido (acho que não devo ser gay material!). Como é que me sinto em relação a isso? Pfffffff... deixa-me pensar.... sabem aqueles homens que afirmam "Não tenho nada contra os gays, desde que não se metam comigo, esses paneleiros!"? Considero-os macho man perfeitamente estúpidos e com uma sexualidade mal resolvida.
Eu, por mim, senti-me tão lisonjeado como se tivesse sido uma mulher! Afinal, não há nada melhor que uma massagem ao ego, venha ela de onde vier!!!

Estou... inchado de orgulho!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

E não é que acertaram!!

Os papás Sleepy ofereceram isto:

Espresso muito bom, Caffe Lungo delicioso, dos melhores Cappucinno que já provei!!

Além disso é muito bonita (nada daqueles quadradões pretos!!) e dá um toque (e um cheirinho) muito agradável à cozinha da família.
Uma coffee shop em sua casa!

A gerência agradece!

Caro Pai Natal...

...este ano escrevo-te de novo, após anos de divórcio ideológico. Na verdade, o Natal esteve muitos anos fora das minhas prioridades. Porque se festeja o aniversário de alguém em quem eu não acredito (pelo menos na forma), porque é uma época hipócrita, uma vez que apenas e só nesta época se fala em solidariedade e amor, porque as pessoas tendem a reduzir o significado do aniversário de um suposto salvador a uma mera onda consumista de compras e presentes, porque aumenta o número de velhos abandonados nas urgências hospitalares, porque se gasta dinheiro que muitas vezes não se tem, apenas para fazer uma festa de mesa farta e com a árvore cintilante carregada de presentes.
Também andava cansado do Natal. Principalmente por causa da família. Sim, eu sei que é suposto ser um tempo de partilha familiar. Mas repara nestas duas palavras-chave: suposto e partilha. A verdade é que a família esteve sempre mais virada para a mesa e o que lá estava em cima. A prioridade estava no bacalhau, nas fatias douradas, nos bolhinhos de bacalhau, no vinho, nos frutos secos. E o tempo passava em função disso. Havia também a pressão (da família) de visitar velhos amigos de épocas passadas só porque "é Natal". A tendência suicida de convidar para a festa certos elementos familiares que se afastaram, e se afastam ainda, porque a época é de paz. Cansei-me das noites de consoada a ver os programas da RTP, sem assunto ou com conversas forçadas.
Mas este ano tudo mudou. Vejo o Natal com outros olhos, com os olhos do meu filho. Hoje percebo que o Natal deve ser o nosso Natal e não o dos outros. Percebo que são as nossas regras que contam e não as do resto. Este ano não há adultos vestidos de Pai Natal porque tu és único e mistico. Não é suposto ver-se o Pai Natal a chegar com as prendas, onde está a beleza disso? No meu Natal o meu filho recebe as prendas na manhã do dia 25, depois de tu já teres seguido o teu caminho. No meu Natal comemos bacalhau assado com batatas a murro, porque o bacalhau cozido fica no prato (e não me venham com a tradição, por favor). No meu Natal o meu filho recebe apenas uma prenda, e não 3 ou 4 porque os pais não sabem o que ele prefere ou porque acreditam que ele ficará mais feliz. No meu Natal os livros são presentes, são prendas que se podem dar também às crianças, por muito que alguém me diga que um livro é um presente estúpido (estúpida és tu, imbecil!) e no meu Natal podemos simplesmente passar a noite a contruir castelos com os cubos de madeira do filhote e a beber chás ou um capuccino.
Assim, amigo Pai Natal, se ainda te lembras da criança que fui e quando acreditava em ti, gostaria de te pedir apenas 2 coisas:
Gostaria de me ver livre destas minhas algemas socias, que me prendem a uma instituição e me impedem de voar mais alto.
Para o ano quero um Natal a 3: eu, a M. e o nosso filhote, num sítio quentinho e acolhedor, com neve lá fora.
É só.

Porque o Natal se aproxima...

Teaser...

M. , meu amor, o teu presente de Natal cabe no bolso de trás das calças....

(e não me venhas subornar com o teu belo corpo, a minha boca é um túmulo!)

domingo, 21 de dezembro de 2008

Devia haver um estudo científico sobre isto...

Alguém (perfeitamente desinteressante com muito tempo livre nas mãos, concerteza!) devia estudar os ciclos de afluência às urgências hospitalares. Porque há picos e vales de afluência...

Vejamos: durante a semana a afluência aumenta bastante à 2ª depois das 20h (depois do jantar...) e à 6ª também por volta dessa hora. Aliás, depois das 20h é normal isso acontecer. Como nós dizemos, em jeito de chacota/desabafo: "Aí está o comboio das 20!!!". Após constatar este facto fizemos uma pequena análise empírica para chegar aos seguintes dados:

- quem vem 2ª à noite vem para solicitar atestados médicos para justificar a falta desse mesmo dia (as razões da falta quase nunca são médicas)

- quem vem à 6ª vem depois de uma semana má em termos de saúde e porque não pode vir antes.

- quem vem depois das 20h (e são muitos!) normalmente responde: "Cheguei do trabalho, jantei, e depois vim.

Análise: ora, então alguém que está realmente doente para faltar ao trabalho só vem ao médico ao final do dia? E quem está realmente doente chega, janta e só depois vem ao médico??
Agora o facto que mais me inriga desde que trabalho neste ramo: a afluência às urgências reduz-se drasticamente durante os jogos de futebol! Principalmente os da Selecção e dos três clubes "grandes". E é engraçado observar que, nas horas que antecedem o encontro estamos cheios, durante o jogo estamos "às moscas" e após o final do jogo lá chega o famigerado "comboio" de "doentes"... E isto é deveras fantástico!
Após um inquérito puramente informal chegamos às seguintes conclusões:
1º Os jogos de futebol são terapêuticos, pois diminuem em muito a taxa de doentes (deveria haver jogos todos os dias!
2º As pessoas antecipam as suas doenças para antes dos jogos, chegando mesmo a dizer que "estão com pressa para ir ver o jogo"
3º Poucos adoecem ou se sentem mal durante o jogo, e alguns adiam a sua doença para depois do final do mesmo.
4º Muitas senhoras referem que vieram só depois do jogo porque os seus maridos estavam a ver o jogo e não as transportaram ao hospital antes do fim do mesmo (há coisas fantásticas, não há?)
A análise destes factos leva-nos a concluir que, os portugueses têm o dom de estar doentes à hora que bem entendem.
Ou então são só parvos....

sábado, 20 de dezembro de 2008

Tiros, bombas e socos nas trombas!!!

O casal McSleepy foi ao cinema (modernices), aproveitando a visita dos avós do pequenitates.
Dilema: "O Sorriso das Estrelas" (ela) ou "007-Quantum of Solace" (eu)... como a vida já tem suficientes "histórias da coitadinha" fomos ver algo bem mais divertido!!!
Confesso que nunca fui grande admirador do agente secreto menos secreto do mundo. O facto de serem todos (principalmente Connery e Brosnan) uns cócós bem vestidos que lutam como meninas e que desarmam os seus oponentes com um murrito mal dado, nunca me convenceu. Demasiado inverosímil. Mas alguém anda á porrada sem perder a compostura? Mas alguém leva com uma cadeira na tola e o máximo que sofre é um ténue fiozinho de sangue no canto da boca?
É isso que gostono novo Bond: é mau e bruto como o caraças!!!
Apesar das cenas dos saltos e algumas lutas serem forçadas, no geral pode acreditar-se que eles conseguem de facto fazer aquilo! E depois, o rapaz dá porrada como deve ser (utilizando tudo o que apanha e não gadgets paneleiros como canetas parker venenosas) mas também leva no lombo como um verdadeiro homem. E fica deformado, sujo e cheio de sangue.
A beleza destes dois últimos filmes do 007 reside nisso: no facto de ser possível entrar na história mas perceber que é apenas entretenimento.
E, convenhamos, haverá algo mais bonito do que uma cena de porrada onde herói parte um lavatório de porcelana com a cabeçorra do vilão? `
É relaxante e terapêutico!
P.S. A cena de abertura do filme passa-se numa estrada na margem do lago que separa o norte da itália da Suíça. Já lá estive e é mesmo lindo!

Para perguntas parvas...

...respostas parvas!!!
Porque será que há tanta gente que, quando entra na sala para receber tratamento pergunta: "Isso é para quê?".
-"Olhe minha cara senhora (sim, porque 80% dos doentes que recorrem à urgência são mulheres!! Vá-se lá perceber isso...), uma vez que a senhora está com diarreia, eu vou-lhe dar um ansiolítico. É que assim a senhora borra-se toda mas não se chateia com isso!!!!"
Irra...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Karma

Ora toma lá um pontapé do Karma!!!!
Eu, que na abertura deste serviço público de descrições admiráveis dos mais variados sucedâneos do corpo humano e poesia da emese (vão lá pesquisar, faz favor!) declarei que o mesmo seria mantido durante as minhas horas de trabalho, acabo de levar um banho kármico qu'é pr'aprender: não há internet nos computadores das salas de trabalho!
Assim, em consideração ao meu vasto séquito (fónix, isto está on fire! no vocabulário!) de 6 indivíduos extremamente inteligentes e com estômago de ferro, invadi subrepticiamente (eu não digo...) o gabinete do chefe só para satisfazer a vossa sede de ler as mais variadas parvoíces que por aqui abundam!!!
Estou de serviço até amanhã ás 8h, ai do doente que resolver descompensar a meio da noite, que eu não passo sem o meu belo sono de beleza...
(acho que o meu chefe não lê isto... acho...)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A propósito de odores...

(e ao fim de 22 post, cá vem o inevitável tema preferido do bom enfermeiro, que sempre vem à baila nos jantares com amigos: odores e todo o tipo de matéria orgânica (gosma) que o corpo humano é capaz de produzir.)
A primeira reacção que obtenho da maioria das pessoas, quando estas descobrem que sou enfermeiro é: "Qu'horror!!! Não suporto o cheiro a hospital!" Convém dizer que, na maioria dos casos se estão a referir ao cheiro a éter... Mas não, esse não é de todo o pior dos odores que se pode inalar num qualquer hospital.
Vejamos então, comecemos por algo familiar e que todos já cheiramos, numa ou noutra ocasião. Algo softcore como... as fezes. Ah, a bela caca. Muitos dos homens que eu conheço não mudam as fraldas dos filhos por causa do cheirinho que "não suporto", "dá-me vómitos", "fico enjoado". A esses eu defino numa palavra: mariquinhas! Ou isso ou então são casados com umas santas que acreditam em tudo o que lhes dizem (infelizmente, por razões profissionais, não posso utilizar a mesma desculpa!).Meus amigos, a caquinha dos nossos filhotes é como o "Channel nº5" ao pé das verdadeiras e reais bostas! Se as normais já são o que são, nem imaginam a variedade de odores das fezes: com sangue (as piores!), derivadas de alguns fármacos, diarreias infecciosas, resultantes de neoplasias do tracto gastrointestinal... enfim, do melhor. E acrescente-se que começamos o dia com os banhinhos aos doentes por isso... é uma lufada de ar fresco logo pela manhã!!!
Avante, os vómitos. Não esses normais, alimentares ou da bebedeira, mas os patológicos. existe um em particular que é espectacular: o chamado vómito fecalóide. Acontece quando o intestino está obstruído e a matéria fecal (voltamos à caca portanto) não consegue seguir o seu curso normal. Adivinhem lá qual é o caminha alternativo? Pois é.... adivinharam!!!
Continuam por aí??
Podemos continuar?
Continuamos com as feridas, nomeadamente as ulceras de pressão infectadas!! É impressionante o que uns bicharocos microscópicos conseguem produzir, em termos de cheirinho. Já não bastava a visão de buracos abertos na carne do doente, assim como se tivessem tirado um bocado com aquelas colheres de fazer as bolas de gelado, mas com tamanho e profundidade suficientes para que lá caiba um punho fechado de um adulto, essa visão é acompanhada com aquele cheirinho a podre. Isso e feridas não tratadas por longos períodos de tempo (como acontece muito frequentemente com os sem-abrigo) onde o cheiro nos invade antes mesmo de abrirmos o penso e quando o abrimos deparamo-nos com umas minhoquinhas (na minha terra chamam-se murcões) a banquetearem-se na perninha do desgraçado!!! Fantástico!
Na mesma linha, a da infecção, temos os quistos. O que eu gosto de espremer aquilo!! Quando estão "madurinhos" é só dar um pequeno corte com um bisturi e voilá, toneladas de gosma amarela malcheirosa pelo ar. Só a título de curiosidade, o maior que drenei resultou num saldo de mais de 2 litros (não, não estou a gozar), 2 litros de pús!!!!
Depois temos coisinhas menores, que já nem incomodam.
Conselho: pensem bem antes de irem partilhar uma refeição com um enfermeiro. Aliás, pensem muuuito bem antes de partilharem uma refeição com um grupo de enfermeiros. Não os encorajem a falar de trabalho porque vão ouvir este tipo de histórias e, garanto-vos, escrito não tem o mesmo impacto que uma descrição oral bem pormenorizada e utilizando exemplos na mesa como: o puré, a baba de camelo, o batido de morango, o doce de natas, as batatas a murro...
Mas hoje, depois de ser atingido por um odor deste tipo lembrei-me que poderia ser um bom tema para o blog.
Ainda aí estão?

Cheirinhos...

Com estas novas luvas, adquiridas pela administração após consulta dos profissionais que com elas trabalham diariamente (NOT!!) e com um ponto de vista absolutamente ponderado e racional (do tipo... economicista) este blog qualquer dia passa a chamar-se "Cheirinho a latéx..."

Irra qu'isto entranha-se nos poros e nas cavidades nasais!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Cidadão do Mundo.

"Não sou ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo"
Sócrates
(Não... o nosso Sócrates não tem capacidades suficientes para uma afirmação lapidar como esta. Foi mesmo o grego original que disse isto.)
Li esta frase pela primeira vez aí há uns 10, 11 anos atrás, nuns azulejos da estação do Metro da Cidade Universitária, em Lisboa. E ela ficou cá, latente, e de vez em quando esta frase surgia-me do nada, por nada. Fiquei marcado pela sapiência contida em tanta simplicidade. A ideia de alguém, no início da Civilização, quando não se sabia nada para lá da nossa aldeia, onde as viagens mais curtas levavam dias e ir para outro país e voltar levava anos (caramba, nem havia a noção de país...) definir tão bem os nossos dias, de globalização, de aldeia global, onde estamos a milhares de km de distância em poucas horas e onde falamos com alguém do outro lado do mundo em tempo real, sempre foi para mim, fascinante!
Alguém que visita este espaço, aliás que foi pioneira neste espaço e foi das primeiras a descobri-lo, deixou um comentário dizendo que este era um blog internacional por ter ligações com blogs de pessoas que estão no estrangeiro. Pois é, gosto de ler blogs de portugueses fora desta realidade e leio pessoas que escrevem desde o México, a Finlândia, a Austria, a Holanda, a Suíça. Interessa-me porque também eu quero seguir esse caminho. Portugal é demasiado pequeno (e não me refiro às suas áreas) para os nossos sonhos, os nossos projectos, as nossas vidas.
Intriga-me como é que um povo que "deu novos mundos ao mundo", que foi em tempos a nação mais importante do Mundo, que se deu ao luxo de assinar um tratado onde assumia que era dono de mais de metade do mundo, que foi em tempos a placa giratória de todos os negócios da europa, se deixou chegar a esta pequenez económica, social e acima de tudo, de espírito.
Por isso quero saír. Para um sítio onde eu possa trabalhar com qualidade e ser pago condizentemente com as minhas funções, onde a minha esposa, companheira de sempre e de todos os dias possa trabalhar, ela que é uma profissional da saúde qualificada, diferenciada e dedicada e se vâ obrigada a ficar em casa por falta de trabalho digno, para um sítio onde eu não tenha de trabalhar em 2 ou mais locais em prejuízo do tempo da minha família, só para pagar as despesas mensais, um local onde o meu filho tenha oportunidade de crescer com qualidade, com a presença dos pais e onde tenha reais oportunidades daqui a vinte anos. O que nós perseguimos, enquanto família, é apenas e só qualidade de vida.
Não quero enriquecer, vir de férias a Portugal ostentar o meu carro topo de gama de matrícula estrangeira e construir uma mansão de vinte quartos que só vê gente um mês por ano. Sei que a vida lá fora também não é fácil, que a crise está por todo o lado (mas em alguns lados mais que em outros..) mas se vamos todos, em família... siga!!!
Além de tudo isto, adoro conhecer pessoas com outras culturas, falar a aprender novas línguas, ver novas cidades e novos sistemas. Depois, a minha mais-que-tudo também gosta de viajar e de todas estas coisas que acabei de descrever logo, "junta-se a fome com a vontade de comer!"
Nunca me esquecerei do fascínio que senti na primeira cidade estrangeira que visitei: Colónia, na Alemanha. A limpeza das ruas, a pontualidade dos transportes, a dimensão dos jardins, a cordialidade das pessoas, nem efusivas nem antipáticas, o 1º Mundo, pensei eu. Andei o mês seguinte a falar disso aos meus amigos que só diziam: "Sim.... na Alemenha não funciona assim.... já sabemos."
E pronto, é por isto que talvez o meu blog tenha algumas hiperligações para outros de "lá de fora" mas isso meus caros, é inveja...
Sim, a inveja é um sentimento muito feio.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Silêncio...

Hoje está difícil...
Já não bastava a (pouca) vontade de vir trabalhar, explicada por um post mais abaixo, hoje calhou-me ficar a substituir o Enfº Chefe e a secratária....
Surpreende-me principalmente a necessidade paternalista dos funcionários, enfermeiros, médicos e auxiliares. Toda a gente tem uma necessidade urgente que precisa de ver resolvida para poder desempenhar o seu papel. Ou não...
Chagam-me a cabeça com tudo, literalmente tudo. Uma colega enfª chama-me porque a cama não funciona. Bastava levantar o cú da cadeira e olhar para a dita cama para se aperceber que os comandos do controlo remoto estavam "trancados" na consola central. Porque é que eu sei isso? Ora, porque eu, aliás como ela, trabalho com aquela cama todos os dias.
O médico pergunta-me a que horas a minha colega da noite colheu o sangue de um dos doente... helloooo, eu não estava cá, que tal pegar na porcaria do processo e ler o que lá está escrito?!!? (será que eles ficam só com 30% dos neurónios depois de tantos anos a marrar nos livros???).
As auxiliares, bem essas passam o tempo a fazer queixinhas umas das outras de modo que assim que avisto uma na minha direcção passo logo para "stand-by mode" e evito escutar o que me dizem.
Isto desgasta-me. Pelo tempo e energia que perco a ser interrompido a meio de situações onde preciso de estar concentrado, pelos km a mais que faço nos corredores do serviço, pelas vezes que preciso de repetir uma mesma indicação, porque me chateio e porque não sou capaz de ter uma atitude de indiferença face a um problema que me colocam, porque levo a sério a responsabilidade que me atribuem e porque sou estúpido e não consigo sentir-me bem comigo mesmo se não fizer as coisas bem feitas. Mas, acima disto tudo, entristece-me que as pessoas estejam sempre a embrenhar-se em jogos de intrigas e alianças, em tentar ganhar posição superior aos outros, a determinarem as suas acções tendo por base o seu umbigo...
Rai's parta quem um dia me disse: "Quer quer faz, quem não quer manda!"
E agora... o silêncio. Foi tudo almoçar, os médicos já se baldaram, já não há delegados de informação médica (raça asquerosa, doninhas..) atrás de mim porque querem acesso aos médicos, os telefones estão calados e eu estou aqui a escrever mas sinto que estas palavras não disseram o que eu queria...
Esta é a melhor hora do meu dia de trabalho.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ai ca nervos!!!!!

Mas será que as pessoas são parvas ou simplesmente mentecaptas (finalmente um pretexto para usar esta palavra que eu adoro!!) ou, no final, idiotas??
Bem sei que o telemóvel é essencial para a vida de hoje, eu próprio ando sempre com o meu atrás (se bem que estou a tentar fazer o desmame desse ditador dos tempos modernos) mas, caramba, atender a porcaria do telemóvel no meio de uma consulta médica?!!? P'amor de deus!!! O que isso me irrita. Aliás, considero essa atitude (atender enquanto um profissional o está a consultar) uma tremenda falta de respeito, quer por quem está a trabalhar, quer por quem está na sala de espera.
Mas não é tudo... é que, onde eu trabalho não há rede pelo que é comum ouvir-se em altos berros: "'TOU, ESTOU NAS URGÊNCIAS... NÃO TE ESTOU A OUVIR!" e claro que depois o telefone toca de 30 em 30 segundos para saber informações... ó meus ESTÚPIDOS, a rede não se materializa só porque tentam várias vezes!!! Porra... E então se o toque de chamada for aquela coisa indiscritivel do "PA RA PA PA RA PA PA PA PA", aí é que me poem a ferver
Entretanto, pedimos ás pessoas para desligar os telefones porque incomoda os doentes a sério (aqueles cuja situação de saúde lhes tira a vontade de falar ao telefone...) mas qual quê!!! Ele é os doentes (desculpem, os não doentes...) a descrever até à exaustão o diagnóstico e o tratamento como se estivessem em amena cavaqueira num café da esquina.
Mas giro, giro, são os anormais que, assim que são chamados após duas horas de espera e a primeira coisa que fazem ligar não sei bem para quem pra dizer: "VOU ENTRAR AGORA... SIM, AGORA!!" enquanto os parvos de branco esperam que o Sr. ou Sra. se dignem a entrar! Ora esta...
E já que falamos de telemóveis, o que me dizem às conversas por SMS? Acho que daqui por uns anos vamos ter uma nova espécie de humanos com polegares hipertrofiados além de que vamor ter um novo acordo ortográfico k e pa tds falarmox e escrevermox axim, tipo anormaix q tmox prguixa d excrever cmo dv xer e trocsmox tds ox ch e ss po x!!!
Mas isso dava um post muita comprido...
E agora desculpem mas está ali um telemóvel aos berros que não me deixa concentrar.
"Eh pá!! Desligue lá isso!! Não vê que estão aqui pessoas doentes??"
(além de que já me está a doer a cabeça...)

Liberdade?

Vivemos num país livre. Será? Já não há escravatura. Por acaso até há, perguntem ao Cristiano Ronaldo (ele próprio se descreveu com um "escravo moderno", mas este senhor só fala bem... com os pés!) e aos meninos espalhados pelas áfricas e ásias! Mas em Portugal já não há escravos. Certo? Não, errado.
Porque é que alguém que quer mudar de vida e de emprego, só o pode fazer ao final de x anos, os determinados pela entidade patronal. Porque é que alguém que está disposto a pagar a indeminização legalmente (repito: legalmente) estabelecida para rescindir o contrato antes do seu termo, a fim de perseguir um novo projecto de vida, vê os seu objectivos e os seus sonhos (bem como os da sua família) e, acima de tudo o seu futuro comprometido por um "indeferido" impessoal e redigido por alguém no cimo de um aparelho burocrático perfeitamente inacessível ao comum dos mortais. Porque é que as coisas têm de estar sempre rodeadas de linguagem jurídica escrita num idioma que só alguns idiotas é que compreendem? E porque é que a tradução desse idioma não é a mesma para todos os sujeitos?
Porque é que temos de gastar a nossa energia, o nosso tempo, o nosso dinheiro, o nosso bom-humor numa luta contra o sistema apenas porque queremos sair so sistema (será que pertenço à máfia e não sabia??). Porquê amarrarem (agrilhoarem, é mais o termo) um elemento da função pública quando todos os dias se fala de reduzir custos e quadros nessa mesma função pública?
Qual é a vantagem de terem um elemento perfeitamente coagido a ir trabalhar todos os dias, numa desmotivação total e perfeita. Quem consola essa família, destroçada pelo escoar dos seus projectos em nada?
Fazendo minhas as (últimas) palavras de um ciclista após um grave acidente:
"Foda-se, 'tou farto desta merda..."
PS: Também já começo a ficar fartinho das pessoas que se queixam constantemente da sua vidinha e que, na posse dos istrumentos para a mudarem, preferem manter os seus lamúrios hipócritas e vazios. E por favor, parem de me dizer: "Mas estás tão bem, és do quadro, porque queres agora mudar?" que eu mando-os todos pró ca..........

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Vão mas é trabalhar!!!

Aquelas picadinhas que levamos no rabo, quando vamos ao médico porque temos dores são as chamadas injecções intramusculares, neste caso, no músculo grande glúteo.
Ora, acontece que, a maioria das injecções que dou não são intramusculares mas sim intra-adiposas. Sendo que o tecido adiposo é a vulgarmente designada "gordura" tirem as vossas ilações. Depois admiram-se que as injecções não tem o efeito esperado e desejado!! Pois claro!!! Se temos uma barreira de gordura flutuante entre nós e o músculo, estão à espera do quê?? Como diria o outro: "Vão mas é trabalhar, oh...!!". Claro que aqui o trabalho se refere ao ginásiosinho, corridinha, marcha, natação, etc!
Está mais que estudado a propensão dos povos sul-europeus para a falta de prática (e cultura) desportiva. Claro que se formos aos ginásios a partir de maio, aí vamos ver os gordos (e acima de tudo, as gordas!!) a suar que nem porcos no espeto para caberem nos seus mini bikinis XS, porque o verão se aproxima!!
Entretanto, no resto do ano, os desgraçados dos profissionais da pica (sim, chamemos-lhes isso!!) aumentam o seu tempo de atendimento... porquê? Bom, porque depois das tradicionais "palmadinhas antes da pica" lá temos de esperar que a onda de gordura que se forma deixe de ondular (passe a redundância...) para que possamos picar em segurança.
Vejam lá isso.. é que além de pouco saudável é pouco agradável à vista!!!
Obrigadinho!
PS: às mulheres que acham que muito tecido adiposo acumulado nos glúteos é óptimo para usar cueca "fio dental": acreditem... é mau!!! Muito mau...

sábado, 6 de dezembro de 2008

As aparências iludem...

Certo dia (já não me lembro, foi há umas semanas) recebi na minha sala de tratamentos um rapazinho romeno com cerca de 5 aninhos. Lembro-me dele porque a sua imagem transportou-me imediatamente para as imagens que todos já vimos das crianças nos campos de concentração nazis, como Auschwitz: magro, pele branquinha o cabelo mal cortado (parecia que tinha "peladas") mas com um brilho nos olhos e bem disposto.
A minha primeira constatação foi que ele estava, obviamente, mal cuidado e que a mãe (que o acompanhava) tinha de ser chamada à atenção.
O rapaz vinha ao serviço porque, na sequência de uma varicela, uma das bolhinhas típicas desta doença tinha infectado e ele tinha uma enorme ferida na zona inferior de uma das nádegas que se estendia até aos testículos. Era claramente muito doloroso para ele...
A mãe mostrava-se preocupadíssima com ele, o que não batia certo com o minha ideia inicial dela. Preconceitos...
Ela foi muito atenciosa com ele durante a realização do penso e muito atenta aos ensinos que lhe fiz, acerca de como tratar aquela ferida. Nesta altura arrisquei e disse: Quem é que te fez esse corte? A mãe respondeu, envergonhada, que tinha sido ela para expor as feridas da cabeça para melhor as poder tratar, mas que de facto dava a sensação de estarmos perante um menino de Auschwitz!! Aí compreendi que eu me tinha enganado acerca daquela mulher. Falámos mais um pouco e ela mostrou-se muito arrependida de não ter vindo à urgência mais cedo, pois teria resolvido com uma simples pomada um problema que se tinha agravado por ela ter seguido os conselhos de uma vizinha. A dita vizinha recomendou-lhe uma pomada de uma marca de cosmética francesa, e a farmácia conseguiu impingir-lhe toda a linha, com a garantia de rápidas e espectaculares melhoras. Gastou quase 50 €. Por isso, ele teria de esperar mais um tempo por uns ténis novos...
A senhora, romena, era de uma humildade, sinceridade e simpatia desarmantes, assim como o miúdo. Antes de deixar a senhora ir embora ofereci-lhe a pomada indicada para o tratamento do filho, bem como as compressas que me pareceram necessárias para o completar. A senhora ficou emocionada, eu fiquei genuinamente feliz e vocês (os contribuintes, que no fundo contribuíram para todo aquele material que lhe ofereci!) também contribuíram para ajudar esta família tão simpática.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Há vida para lá do Éter!!

(WARNING! You are now entering a baby blog zone...)



Ontem fui dançar!! Á noite, com a M (minha linda esposa!!), numa discoteca da moda?? Ahhhhhhh... já nem me lembro da última vez!

Não!! Nada disso!! Ontem fomos fazer umas comprinhas de Natal nos sempre agradáveis hiper-mega-super centros comerciais que existem pelo país, surgindo um novo a maior ritmo que um novo vírus, daqueles que atingem toda a criançada e coloca os pais em pânico morta! Mas, adiante... o meu G (olá filhote!!!) tem 20 meses e adora dançar (é um fofo!) e o que acontece é que, cada vez que entrava-mos numa loja, lá estava uma musiquinha alegre a "bombar" e o rapazola vai de entrar no ritmo!!! Ele abana o rabito, ele sobe e desce, ele rodopia e bate palmas!! E o seu (babadíssimo) pai o que faz?? Dança também, pois claro!!!

Quando alguns colegas comentam: "Eh pá, a noite ontem no Bairro estava o máximo!!" eu respondo logo: "Bem melhor foi o fim de tarde na C&A!! Depois ainda fomos ao H&M, mas aí a música já era mais alternativa e não foi tão giro!"

Por isso, se algum dia, num desses shoppings na zona da Grande Lisboa observarem um miúdo absolutamente deslumbrante e um "barril com perninhas e bracinhos" (private joke, desculpem...) a abanarem-se de forma perfeitamente incoerente e descoordenada, é bem provável que, nessa altura, conheçam pessoalmente o autor deste... como chamar-lhe... desta coisa!

Uma das músicas que dançámos foi esta..




É um puto muito cool!!!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

...

Hoje tive de comunicar a alguém a morte da sua mãe...

E é tudo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Fico chateado, é claro que fico chateado

Sou... digamos selectivo (esquisito) em algumas coisas que compro. Uma delas é o calçado.
Depois de meses à procura das botas ideais para o inverno, eis que as descubro, disponíveis e a metade do preço de venda!! "É que é já a seguir!" pensa aqui o papalvo. E não é que o único tamanho não disponível é o TAMANHO QUE EU CALÇO!!!
O ÚNICO TAMANHO QUE FALTA!!!
Não gosto de ir ás compras, ainda mais se tiver de andar a procurar muito, e fico mesmo f*******do quando esta m***********a me acontece. Só me apetece é dizer palavrões f******-se e mandar esta m*****a toda pró c********lho. P******a que pariu!!!!!
Pronto, é isto que me apraz dizer. Desculpem qualquer coisinha...

O 2º Elemento

Não, não é nenhum filme. Houve um "5º Elemento" aqui há uns anos e, se bem me lembro era fraquinho...
Bom, o 2º elemento é o nº 2 na hierarquia da equipa de enfermagem (obviamente!!). Posso falar sobre esta posição com propriedade e conhecimento de facto porque eu fui esse enfermeiro durante o último ano. Porque quis, porque pedi? Não... porque sim!
Em boa verdade, não há nada que fique melhor num currículo que "Experiência como 2º elemento do serviço XPTO com bué camas, responsável por uma equipa de carradas de enfermeiros e paletes de auxiliares..." E a reacção dos familiares e amigos perante este honroso lugar: "Tão novo e já com tanta responsabilidade. Qualquer dia é O chefe. Estamos tão orgulhosos..."
Lamento desiludir mas ser o 2º elemento é uma.... (desculpem...) merda.
Afinal, o que é o 2º senão o 1º dos últimos. O segundo elemento é aquele que mais responsabilidade tem no serviço, o que lá passa mais tempo e que tem de acordar todos os dias às 6 da matina para receber o turno ás 8 da manhã. É aquele a quem todos chateiam porque não querem "incomodar o chefe", é aquele que tem de saber tudo o que se passa no serviço (e isto inclui TUDO, mesmo as intriguinhas pessoais) porque é a ele que O Chefe vai pedir satisfações, é quem tem de pedir todo o material para que o serviço funcione, é quem tem de saber a vida toda dos doentes... enfim. AH!!! além de que faz tudo o que ao chefe não lhe apetece fazer.
Depois há uma coisinha muito gira: quando o 2º elemento é competente o chefe "brilha" e está sempre a ser elogiado, quando o 2º elemento falha quem é o culpado? Quem? O chefe? ah, ah, ah... não, é mesmo o desgraçado do 2º elemento.
Já mencionei que este honroso papel da tamanha responsabilidade não acrescenta NEM MAIS UM TUSTO ao já depauperado ordenado do enfermeiro? Pois é...
Resumindo, enquanto um enfermeiro "normal" (sim, eu sei que estas duas últimas palavras são antónimos) que faz turnos rotativos, só tem de se preocupar com os doentes e tem muito mais tempo livre, o outro desgraçado trabalha 2ª a 6ª das 8 até ás 16:30 (no mínimo) no cenário que descrevi acima, ganhando os dois exactamente a mesma coisa!
Tirando o brilho que dá ao currículo não traz, quanto a mim, vantagens de maior. "Mas pode vir a ser o chefe!" Dizem vocês com toda a razão, ao que eu respondo... duvido. Com a privatização e politização dos hospitais em portugal cada vez mais os Chefes são escolhidos para não chatearem muito a administração e segundo a cor política... e além disso, um bom 2º elemento nunca se desperdiça, e um mau nunca pode ser chefe...
Aiiiii, o que eu gosto de dar banhinhos aos meus velhotes!