quinta-feira, 24 de maio de 2012

Analfabruto.

Ora bem, aqui o vosso amigo agora está lançado. Como ainda não chegava ter mudado de hospital, sendo que o hospital de destino é noutro país, este que se assina resolveu que havia de se meter a fazer a Especialidade em Cuidados de Urgência (que é uma coisa muito gira mas que ainda não há em Portugal). Vai daí, o menino lança-se no processo de candidatura que passa por entrevista com o seu Chefe e entrevista com o Director da Formação. Já isso, duas horas por entrevista a argumentar acerca das minhas motivações e dos meus projectos, no fundo a tentar "vender o meu peixe", não é nada fácil numa língua que não dominamos (é difícil até em Português caramba!) então escrever uma carta de apresentação em francês é uma tarefa verdadeiramente ingrata.
Agora percebo alguém que, não sendo analfabeto e conseguindo exprimir-se oralmente de uma forma clara mas não necessariamente elaborada, não tem as ferramentas necessárias para escrever um documento tal como uma carta oficial. Eu escrevo, escrevo e escrevo, com todos os mecanismos, estratégias e regras que conheço de anos e anos a produzir textos em português e... estou constantemente a escrever no mesmo registo, com os mesmos vocábulos. É saber que existem outras dez palavras para utilizar como sinónimo mas sair sempre a mesma. E isso de estar constantemente a procurar palavras corta a fluidez de qualquer raciocínio. E até nem sequer é uma questão de erros ortográficos (abençoado corrector automático!) é mesmo uma questão de estrutura, de formulação e construção do texto. Segundo um colega que me está a ajudar a construir o produto final, o significado está lá, percebe-se o sentido do texto e as palavras estão, na sua maioria correctas. Mas depois, ao ler o texto em voz alta, tudo lhe soa estranho, pouco instintivo. Como ele diz: "É francês mas não soa a francês!". Por exemplo, este texto que agora escrevo tomou-me alguns minutos numa noite de trabalho. O mesmo texto, simples na sua estrutura e sintaxe. teria demorado horas a ser escrito em francês e no final nem sequer saíria razoavelmente bem escrito. Apenas bizarro aos olhos francófonos que o viessem a ler.
E esta é uma sensação estranha para quem está habituado a não sentir dificuldades em se exprimir por escrito. 

3 comentários:

Melissa disse...

escreves assim: JE SUIS TRÉS BON.

Ana C. disse...

Miguel, escreve essa merda em português, depois pede a alguém que te traduza.
Ainda é cedo para quereres brilhar em francês´escrito. Muito já tens feito tu.

Silvina disse...

eheheh percebo perfeitamente. Ja tenho uns bons aninhos "de França" e ainda tenho desses momentos do: "isto não está errado, mas não é bem francês..." vie de merde ! ;)