Acabou. Foram duas semanas de férias passadas no norte e no sul de Portugal. Pelo meio, ainda fui votar para as Europeias (sim... fui um do 40% de portugueses que se deram a esse trabalho. Mas isso dava outro post e o tempo já passou...) porque para dizer mal deles é preciso ir votar. Se não se participou na decisão não se tem o direito de protestar!
Primeira semana, então. Cerca de 400 km a norte de Lisboa. Atrás dos calhaus portanto. Eu até gosto de ir lá e tudo, rever a família e respirar o ar puro mas caramba, sempre são cerca de 4 horas de estrada e eu até nem gosto muito de conduzir!! Família vista e visitada, aldeia corrida e percorrida, e agora? Bom, como estava calor pensámos em ir dar um mergulho numa das piscinas municipais das cidades vizinhas (são 3) e aproveitar para bronzear um pouco. Mas qual quê!! No dia 1 de Junho ainda nenhuma delas estava aberta ao público!! Manutenção, dizem eles! Manutenção faz-se durante o ano todo!!
OK, na falta de piscina... rio. Acabou por ser engraçado porque o Gabriel adorou passear por cima das pedras escorregadias e sempre com os pézinhos molhados. Eu não consegui nadar mas sempre deu para me por de molho na água fresca e mandar umas boas escorregadelas!! Deu para lembrar dos velhos tempos de adolescência passados naquelas e noutras margens de rios. Também fomos todos apanhar cerejas para comer, outra actividade bem gira para o Gabi e que nos trouxe de volta velhas histórias passadas em cima de uma cerejeira!!
Fora isso, comi muito presunto, chouriço, queijo, salpicão além dos quilos de molhanga saturada em colesterol que são apanágio da bela comida transmontana!!! Devo ter engordado uns 5 quilos que passeei orgulhosamente na segunda semana de férias!! Mas isso fica para o próximo post...
É giro ir "à terra" e reviver velhas experiências e lugares. Contudo, quando se está longe tanto tempo, os antigos amigos são agora apenas velhos conhecidos que a vida se encarregou de afastar, e nós somos agora "os lisboetas". Depois, como nós, muitos partiram para outros cenários pelo que os habitantes actuais são perfeitamente desconhecidos. Sim, as nossas raízes podem estar lá mas eu sinto que elas sobrevivem hoje apenas porque ainda há família próxima por lá. Mas hoje, eu não pertenço lá. Sou alguém que as pessoas conhecem, o puto que corria descalço por aquelas ruas mas que hoje é apenas um espectro daquilo que passou. Hoje eu pertenço a outro lado mas, mesmo assim sinto que ainda não encontrei o sítio onde me sentirei realmente pleno. Pode ser em qualquer lugar. Um amigo disse-me um dia que, por muito mundo que conheças e que percorras, voltarás sempre ao sítio onde nasceste mesmo que seja apenas para morrer. Não sei se assim será e espero que a hora da minha morte esteja longe o suficiente para que possa primeiro conhecer o mundo e depois decidir se concordo, ou não, com ele.
Como dizia o outro, sinto-me um cidadão do mundo.
4 comentários:
E este é o outro lado do meu post. Alguém com terra, mas que perdeu as raízes que o ligavam à mesma...
E eu aqui sem terra e à procura de raízes que me liguem a algum lugar.
Muito bem, parece que és oficialmente um Sem terra :)
Ps: Ir de avião (para quem não tem medo) é uma opção fascinante para chegar ao cú de judas de Portugal em poucos minutos por 50 euros.
Chiça, Miguel!
Vieste inspirado!
Adorei este texto e senti grandes semelhanças com aquilo que se passa comigo!
Eu nasci em Torres Novas, no Ribatejo, e fui-me embora na primeira oportunidade que me bateu à porta. Agora, não sou torrejana nem bracarense... ando aqui no meio, num limbo esquisito de quem pertence a todo o lado e não pertence a lado nenhum... às vezes é bom, outras nem por isso!
;)
E agora é voltar ao trabalho não? O que vale é que pelo que dizes deu para descansar e passar uns bons momentos :)
Nasci em Lisboa como mais de metade da população portuguesa, morei em Setúbal e depois fui para Almada. Tirei o curso em Coimbra e voltei para Almada, tenho amigos em quase todos os distritos (http://banitos.blogspot.com/2005/06/um-amigo-em-cada-distrito.html é de 2005, mas continua bem actual) e agora vivo no México e não tenho cá nenhum amigo. Mais do que isso, depois do México não sei para onde vou. Como diz o meu pai: "vou até onde as pernas me levarem!"
Tenho cunhados em Bragança, mas não morava naquele isolamento sem abdicar muito daquilo que eu sou.
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