quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Imbecil!

Imbecil. O adjectivo é este, e estou a ser educado. Uma velhota, 70 anos, vem ao médico porque fez um traumatismo ligeiro do joelho. Foi observada, levou a injecção voltaren+relmus da praxe e mostrou-me a receita para esclarecer uma dúvida. E quando vi o que o médico lhe receitou... Como é possível que um imbecil com um estetoscópio ao pescoço tenha tido a coragem de receitar a uma velha de 70 anos que recebe pouco mais de 100€ de reforma um medicamento que custa cerca de 30€, cada caixa de 28 unidades, quando existem no mercado alternativas bem mais baratas (e refiro-me a preços a rondar os 3€ por cada caixa de 20 unidades!) e provavelmente mais eficazes?? Imbecil, é o que é.
Este é um verdadeiro exemplo da promiscuidade que existe entre alguns médicos e a indústria farmacêutica. Na verdade, mesmo que o medicamento mais caro fosse realmente muito mais eficaz no tratamento da lesão daquela doente em particular (estamos a falar de anti-inflamatórios e não de anti-neoplásicos), não será de ter em conta o enquadramento social do doente? A situação económica logo á partida desencoraja a escolha tomada; depois, será que a relação custo-benefício do fármaco prescrito será a mais adequada, uma vez que se trata de uma senhora com 70 anos e não de um atleta de alta-competição? Ou seja, nem sempre o mais caro é melhor (aliás, no que a medicamentos diz respeito isto raramente é verdade.) e nem sempre os médicos enquadram os doentes antes de lhes prescreverem o que quer que seja.
Aliás, esse é o grande poder dos médicos, um poder que não raras vezes é mal utilizado. Trata-se do poder de prescrever o que quer que lhes apeteça sem que possam ser contestados. Aliás, tenho assistido a muitos abusos desse poder que continuam impunes a coberto daquilo que é chamado o "acto" ou "prescrição médica", ou seja TUDO o que seja intervenção médica. Depois basta-lhes, muito simplesmente argumentar que "com base no meu diagnóstico esta foi a opção que me pareceu mais correcta no momento" para que todos digam "àmen".

8 comentários:

Melissa disse...

Eu pergunto sempre se há alternativa em genérico. Se não houver para o receitado, pergunto as diferenças para o próximo genérico e falamos sobre o assunto. Se sinto relutância, perco a confiança no médico (já aconteceu algumas vezes). Só a possibilidade de andar a financiar-lhe as férias nas Caraíbas já me dá a volta à tripa.

I. disse...

Eh! Coitada da senhora! Às tantas, chega à farmácia, dizem-lhe quanto custa e nem avia o medicamento. Acontece tanto! Não há direito. :(

Melissa disse...

A mesma coisa com as ecografias da gravidez (fui seguida no privado): TÊM de ser feitas pelo Fulaninho, que só por acaso não aceita seguro nenhum. Desculpe? Mas têm porquê? Basta fazer essa pergunta para vermos que não têm nada de ser feitas pelo Dr. Fulaninho que não aceita o seguro.

Autora de Sonhos disse...

Sem comentários....:(

Precis Almana disse...

Quase que aposto que estás a falar do Exxiv. Tomei muito disso e, pelo menos em relação ao voltaren, foi o que me foi eficaz. Mas de resto não sei, há-de haver outras alternativas.
E não percebo porque é que há medicamentos tão mais caros que outros se o efeito é o mesmo...

(ahaha, a palavra de verificação é atletis)

Tia Complicações disse...

Há médicos que são autenticas cavalgaduras, falam com os pacientes idosos com uma prepotência, uma falta de humanidade. A verdade é que as pessoas precisam dos Srs. Doutores e por isso calam-se.
Quanto à medicação os médicos fazem das pessoas cobaias.
Dr. já tomei estes comprimidos e fizeram-me mal. Diz o médico, então, toma-os o seu marido.
Dr. o meu marido não tem diabetes ...caricato.Não é?

costela de adão disse...

É a bela da cumplicidade médico-indústria farmacêutica a trabalhar. Os pacientes, utentes são apenas forma de juntar uns cobres. Abutres!

Madalena Sousa disse...

Essa parte do "com base no meu diagnóstico".... Irraaaaaa!