domingo, 18 de dezembro de 2011

De volta ao básico.

Neva em Lausanne. Dou por mim muitas vezes a questionar porque raio me sinto tão bem aqui. Nem o clima, nem a Língua (bem, por vezes torna-se cansativo falar Francês o dia inteiro!), nem as diferenças culturais me afectaram por aí além. Perguntam-me muitas vezes qual tem sido a maior dificuldade com que me tenho deparado por aqui e agora, quase três meses depois, a minha resposta é clara: o Síndrome "Big Brother".
Trata-se da observação constante por parte dos colegas, da vigilância informal por parte dos chefes, do escrutínio constante, de ter de provar todos os dias que sabemos o que estamos a fazer. Para alguém com pouca experiência a pressão pode ser positiva, mas para alguém que em Portugal tinha uma posição confortável e destacada na equipa, isto pode ter um efeito pernicioso. O da desmotivação. Por isso trato de fazer tudo bem, confirmar e reconfirmar todos os passinhos dados, ler e reler processos e as notas que eu próprio escrevi, estudar protocolos e directivas, rever técnicas e medicamentos. Coisas que seriam naturais em Portugal, automáticas, aqui são feitas como se tivesse acabado de me formar.
Esta exigência que me coloquei a mim próprio tem tido efeitos muito positivos. Volto ao básico para me tornar num melhor enfermeiro, mais ciente daquilo que faz, com mais informação para decidir. Mas são tantas coisas para ver, para consultar, para saber! É um trabalho de alguma forma frustrante porque não é visível. E é frustrante também porque vejo colegas que estando vários níveis abaixo, em comparação comigo, com a qualidade do meu trabalho (perdoem a imodéstia),  me olham de cima. É o problema de ser o "gajo novo".
Enfim. São agora 23:30 em Lausanne e estou no Hospital até ás 7 de amanhã. Em vez de estar aqui a debitar parvoíces vou mas é estudar!