Eu tenho o prazer de trabalhar com colegas da minha faixa etária. Naturalmente que teremos alguns interesses em comum mas, acima de tudo partilhamos a jovialidade com que encaramos o dia-a-dia dentro de um hospital. Contudo, há um aspecto que nos separa: o compromisso. Enquanto eu tenho um compromisso com a minha mulher e com os meus filhos, a maioria dos meus colegas tem apenas um ligeiro compromisso com um(a) namorado(a) o que, convenhamos, não é bem a mesma coisa. Eu costumo dizer que a única coisa que se perde com a chegada dos filhos é a espontaniedade. Isto no sentido em que não podemos simplesmente decidir que vamos viajar amanhã sem ter qualquer outro tipo de preocupação!
Acontece que os meus colegas, solteiros e maus rapazes, têm uma ideia completamente contrária à minha e, alguns (admito que inconscientemente) até criticam de uma forma mais ou menos subtil esta minha escolha de casar e ter filhos. E isso nota-se em algumas expressões ou suposições que não correspondem exactamente à verdade. Partem do princípio de que "não curtiste a vida", ou que "ter mais um filho piorar ainda mais a tua qualidade de vida" ou ainda "se algum dia te divorciasses irias curtir tudo o que não curtiste até agora". E isto são só alguns exemplos! Parece-me evidente que, para eles o factor "curtir" é decisivo na sua filosofia de vida. Claro que "curtir" é sair todas as noites e passar fins-de-semanas com amigos na mais perfeita descontracção. Nada contra.
Embora não concorde com eles e lhes tente fazer ver que as escolhas de cada um são isso mesmo, de cada um, não tento sequer descrever-lhes o que é "curtir" um filho. Porque isso não se descreve, sente-se! E, mais uma vez, cada um sente à sua maneira.
12 comentários:
Não curtimos a vida?
Cá imitamos o Panda do Kung Fu, fazemos o pião humano, o rolo compressor, o head banging, o haka, a corrida maluca. Tudo isso num espaço de cinco minutos.
Tens razão, perdeu-se a espontaneidade, e alguma (muita) liberdade também.
Mas caraças, mesmo sendo um casal dado à risota, esta casa nunca esteve tão cheia de gargalhadas.
Não me lixem.
cada um é feliz à sua maneira. alguns compreendem, outros não.
Olá,
Cheguei ao seu blog através do próprio blogger.
Acho normal este tipo de comentário que você e a sua esposa recebem, mas saibam que no fundo talvez não passe de um pouco de inveja. Quem é que não quer estabilidade e o amor da família? Acho muito legal que vocês tenham conseguido isso e que não se importam com a influência externa.
Parabéns e boa sorte!
Olá Miguel, este post "tocou-me" especialmente. Tb sou "acusada" desse tipo de comentários, como se Ser Mãe ou pai fosse um título ao qual se associa de forma inata a falta de curtição da vida.
É, sem dúvida, outro "posto". As minhas filhas não são a minha proibição para nada, são parte de mim, e portanto é normal que não consiga perceber certas futilidades importantíssimas para quem não é mãe, porque tenho outras precupações.
Acho que o que falta aos teus colegas de trabalho é mesmo compromissos, e cham que isso é sinal de "curtir" a vida. O mal é se daqui a 5 ou 6 anos querem, por exemplo, curtir um filho e....ups...curti a vida!!!
Fica bem e um bjinho à "tua" barriga!
O mundo seria bem melhor se existissem mais homens (e não só!) assim...afinal "curtir" um filho não será mesmo "curtir" a vida???!!!
E como se sente!!!!
Tenho para mim que só quem não está satisfeito com a própria vida perde tempo a criticar as escolhas de vida alheias...
Vive e deixa viver é uma frase boa como tudo.
Compreendo que quem tem filhos pode perder algumas coisas, mas tenho para mim que ganha infinitamente mais... se me derreto toda com os bracitos gordos dos meus sobrinhos em volta do meu pescoço, imagino como será ser abraçada por um filho...
Não ligues.
Cada um curte a vida que tem, o melhor que pode.
E tu sabes curtir a tua! É o que interessa!
;)
Miguel, como nós, que fizémos essa escolha, curtimos a vida!! Sinto-me infinitamente mais realizada sendo mãe, do que alguma vez me senti por exemplo com o trabalho. No meu local de trabalho não recebo essas críticas de colegas, pelo contrário... tenho colegas e muitos (quase todos homens! alguns são mesmo pais babados!) que também assumem o prazer da parentalidade. Mas este teu post veio a propósito... porque ontem o meu chefe criticou-me por ter escolhido ser mãe. E desde que isso aconteceu, sinto claramente que me andam "a castigar" pela escolha que fiz...!
Miguel, não se importe com isso.
Também já ouvi, no ínicio da carreira, e pela vida profissional, esses comentários.
Casei nova e ainda estava no final do estágio quando engravidei .... o falatório que foi!
Nunca me arrependi, vivi e vivo intensamente todos os momentos da minha vida pessoal, raramente falo dela nas minhas actividades diárias ( a minha vida só a mim me diz respeito!) e tento ter como lema "viver a vida à minha maneira".
Isto talvez aconteça porque na profissão existe muita inveja e é maioritariamente feminina, logo é só falatório.
R.S.
Não posso deixar de deixar aqui a minha opinião. de facto não é possivel descrever o que é « curtir» um filho!!!!! Saber que ele ta bem, rir com ele , rir dele , rir de nós próprios....enfim só quem os tem é que sabe dar o valor que eles tem!
Parabéns pelo blogg! Lucina do porto
Realmente o conceito de "curtir a vida" anda bastante deturpado hoje em dia. Noites, rapazes bimbos e raparigas descascadas é o novo conceito de felicidade.
É de valor saber que (ainda) há pessoas que valorizam mais a estabilidade de uma família do que o antro em que se tranformou o "curtir a vida".
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