quarta-feira, 30 de junho de 2010

Crónicas da Licença Parental.

Isto de estar em casa com dois filhos pequenos tem muito que se lhe diga. E a chave aqui está em três palavrinhas: "dois", "filhos", "pequenos". Pois é, com o Gabriel foi muito fácil! Um bebé pequeno que se limitava a dormir, comer, evacuar dava imenso tempo para tudo. Desde passear pelos jardins, visitar os colegas de trabalho, tomar um cafézinho com amigos, ver aquele filme ou aqueles episódios das séries em atraso. Afinal, perdia-se ali uma meia horita a dar o biberão ao pequenote e depois sobravam duas ou três horas de pura e perfeita liberdade. Se a liberdade existe é nessas horas em que o bebé dorme e a esposa está no trabalho! Foram os melhores quatro meses da minha vida: sem trabalhar, folgado, passeando por aí e com o ordenado por inteiro ao fim do mês! Hoje, esse bebé sossegado e comilão é um menino com três anos, enérgico, brincalhão, apelativo mas, ainda comilão! O meu filho não pára. Correr, jogar ás escondidas, brincar com os carrinhos ou, o melhor de tudo, brincar na piscina! Com quem? Com o pai. Hoje passámos a tarde enfiados, de molho na piscina e as brincadeiras sucederam-se...
-Pai, agora eras um crocodilo. Agora eras um tubarão e eu um golfinho. Não! Agora eu era um dragão azul com asas e estava morto e tu eras um caçador de dragões que atirava-me água mágica e eu vivia! Pai, pai! Agora tu deitas na bóia e eu vou para cima de ti e tu és um cavalinho! Agora vamos atirar a bola! Agora brinca com os barquinhos. Tu eras uma montanha e os carrinhos vão subir-te!!!
Tudo isto e ainda mais numa pequena piscina redonda com três metros e qualquer-coisa de diâmetro... Entretanto o David dormia, esparramado, na sua espreguiçadeira, completamente alheado da chinfrineira que o seu pai e irmão faziam a poucos metros! Nas pausas para preparar as refeições, para ajudar a Mariana com os cuidados ao recém-nascido, mudar fraldinhas e dar banho a um e a outro o Gabriel salta, pula, ri-se, faz caretas e brinca ao faz-de-conta, dá abraços fortes e beijinhos a mim, à mãe, ao irmão e a quem mais lhe aparecesse pela frente. Ao deitar leio uma história mas ele pede sempre outra e mais outra. E a última chega quando ele deita a sua cabecinha no meu braço...
Meus amigos, estaria menos cansado se tivesse trabalhado todo o dia com doentes mas, honestamente, gostava que esta licença durasse os próximos... vá, dez anos!!!

10 comentários:

Nuvem disse...

Acredito!!!
A minha está a acabar e adorava que não acabasse tão cedo.
Adorava ter condições para estar em casa com ela mais tempo, mas a vida não é assim
beijinhos e aproveita bem!!!

sophie disse...

:)

Aproveita bem esses dias...
Tudo de bom para o rebento mais novo, para rebento mais crescido e para os papás babados...

:)

sofia disse...

:)
E ainda há quem diga que ficar com os filhos em casa é vida de dondoca!!!
Cansa muito mais...
... mas também nos enchemos de sorrisos :)

Ana C. disse...

Adoro ler um post destes escrito por um gajo, adoro.
O que senti depois do nascimento do António foi que tinha que me desdobrar em pelo menos quatro pessoas ao mesmo tempo e isso cansa para caraças. Também sinto que não curto o António como bebé, nem metade do que curtia a Alice.

Ana C. disse...

Bem lido assim soa muito mal, o que eu queria dizer é que não tenho tempo para estar com o António a curtir as coisinhas de bebé dele, como tinha com a Alice e isso faz-me sentir um bocadinho culpada...

gralha disse...

Eu também senti isso no primeiro mês... Depois disso: arf, arf, arf! Preciso de ir trabalhar para descansar.

Melissa disse...

ahaahahahah anacê.

o Hugo absolutamente adorou os quatro meses sem fazer um cu. Mas não tenho a vossa coragem de ter dois putos em casa. Quando chegar a minha vez de dar o repeteco, o Gabriel vai estar na creche de certeza certezinha.

Precis Almana disse...

A minha mãe, que é uma mulher que eu adoro - claro - é uma avó babada dos meus sobrinhos. E diz-lhes coisas amorosas e mima-os com beijinhos e abracinhos e tal. Lembro-me que, pelo menos a mim que sou mais velha, não o fazia nem dizia com tanta frequência. Um dia perguntei-lhe, por curiosidade, porque é que ela é tão mais expansiva com os netos do que era connosco - e foi mais com a minha irmã mais nova, apesar de tudo - e ela respondeu-me "eu não tinha tempo!" (nota: somos quatro, de mim para o seguinte são 2 anos de intervalo e do 2º para o 3º é 1, do 3º para a última é que já são 4). E agora li-vos sobre os "repetecos" (adorei o termo :-)) e apeteceu-me partilhar.
Energia para ti, Miguel :-)

Carla Santos Alves disse...

É de aproveitar.
Ainda assim quando eu estiver de licença de maternidade fico só com a "piquena"... os outros 3 vão para a escolinha, um dia ou outro posso ficar com os 4, mas a ver vamos :)mas é maravilhoso termos a noção que temos TEMPO.

Caixa disse...

Acredito! São estes dias tão cheios, passados em casa, em que uma pessoa chega à noite e pensa "Porra, não estou a trabalhar, como é que é possível estar estourada?!"