As "muletas verbais" são aqueles auxiliares de discurso muito usados por pessoas cujo vocabulário é tão pobre que se agarram à única palavra que dominam para colorir aquilo que dizem. Já todos ouvimos o uso excessivo e nem sempre adequado de "portantos" e "nomeadamentes" que poluem qualquer tentativa de produção de um discurso fluido. Eu também tenho as minhas "muletas" mas não tanto ao nível da repetição de vocábulos. Como vim a descobrir durante uma filmagem de uma aula que dei, no âmbito do Curso de Formação de Formadores, eu é mais "pausas sonoras", breves (e não tão breves!) "ahhhh" ou "hmmmm" que preenchem os momentos em que organizo o meu raciocínio, construo o meu discurso. Não é bonito, não é bonito...
Mas, ultimamente tenho detectado que uma nova "muleta" ganha cada vez mais espaço nas minhas conversas. E isso é irritante, tão mais irritante como a consciência que ganho da sua existência e da minha incapacidade para a evitar. Por exemplo, cada vez que inicio o meu discurso advirto-me para não a usar. Ainda ontem , por exemplo, estava a falar com um colega e contei pelo menos umas três ocasiões em que a usei. Olha, por exemplo a falar com a família de uma doente estava capaz de me bater, de tantas vezes que a usei! Mas, por exemplo, se a conversa tiver lugar num ambiente mais profissional e for mais técnica já não uso a muleta! É estranho. Por exemplo, nas passagens de turno ou em debates profissionais não ocorre. Mas mesmo, mesmo mau é quando, por exemplo, eu vou, por exemplo, dar um exemplo qualquer para ilustrar o discurso! Por exemplo, imaginemos que estou a falar das corridas, por exemplo, e descrevo o treino, as distâncias, a dieta a seguir. Por exemplo, isto é tudo por exemplo!
7 comentários:
Tb estou numa fase de conhecer as minhas muletas verbais.
Medo!
Miguel, pá tu és um exemplo de ahhh, deixa cá ver, digamos, um gajo porreiro!
:)
Eu descobri que usava essa mesma muleta da mesma forma... na autoescopia inicial fiquei a saber que usei o aaaahhhh nada mais nada menos do que 47 vezes, em 18 minutos... um colega meu fez o favor de contar para gozar comigo!
hehehehehehe
por exemplo, podias usar outra "muleta", por exemplo... mas...
É uma realidade que temos "muletas" tão enraizadas que só quando nos vemos em filme é que nos apercebemos delas...
beijocas
e não sei quê, e não sei quê, e não sei quê, e aquilo e não sei quê.
Não estou a ver nenhum exemplo de incluir um exemplo no discurso sem usar a palavra exemplo. Uma alternativa mais pomposa poderia ser...ilustrando esta situação, mas falar em exemplo é mais simples.
Antes muletas que cadeira de rodas...(ou seja, frases inteiras)
Estás como os americanos com o seu "ahhhmmm...like...like..." Isso "apanha-se" depressa mas ao fim de algum tempo despega-se. Mas não deixa de ser chato, principalmente quando temos consciência disso.
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