sexta-feira, 26 de junho de 2009

Tau tau...

Eu sabia que o post anterior iria gerar alguma controvérsia. É claro que sabia que algumas pessoas se sentiriam, directa ou indirectamente, incomodadas com as minhas palavras. Contudo, não esperava que houvesse TANTA gente a sentir-se ofendida na sua moral e com vontade de me "partir as trombas" (fim de citação).
Malta, não sei se repararam mas este blog tem uma linha que o define: a ironia. Só no caso de não terem reparado... Agradeço às pessoas que manifestaram a sua indignação de forma construtiva e educativa (a essas responderei mais pessoalmente na zona de comentário do dito texto, logo que tenha um tempinho). Por isso, limpem lá essas lágrimas e cá um abraço bem forte, suas depressivas (sou um homem casado, não posso oferecer mais que isso, ok?) e um grande e sonoro beijinho repenicado nessas bochechinas gordinhas.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Não é feitio...

... é mesmo defeito! Se há área da saúde (doença) onde eu seria incapaz de trabalhar, ou, no mínimo muito infeliz e desmotivado, seria a área da Psiquiatria. Por várias razões mas, principalmente porque não consigo colocar-me na pele desses doentes. Por isso, porque não seria um bom enfermeiro nessa área, espero que nunca tenha de nela trabalhar.
Infelizmente, elas andam aí. As loucas. No feminino porque a maioria destes doentes são mulheres. No meu entender nem se pode dizer que sejam doentes, no verdadeiro sentido da palavra. Estão deprimidas, de mal com a vida, são mal amadas e não gostam de si mesmo. O problema é que os médicos carregam-nas com anti-depressivos, ansiolíticos, indutores do sono e toda essa tralha que só as afunda. Afunda-as porque é a prova final de que elas precisam para assumir que estão doentes e precisam de fármacos para sobreviver.
Não tenho pachorra para estas doentes. Só hoje, dois exemplos:
-rapariga, 22 anos. Tremores generalizados e choro compulsivo à entrada. Episódios semelhantes recorrentes. Toma xanax para dormir e ansiolíticos durante o dia. Não sendo uma mulher vistosa não é feia. A mãe discorria sobre o facto de a filha ter ataques de ansiedade e andar sempre muito preocupada com a sua a sua saúde. Não tem nem nunca teve namorado. Enquanto a mulher falava eu só conseguia pensar que o problema dela é falta de sexo! Muito sexo! O tratamento que eu prescreveria seria "coito com orgasmo de 8 em 8 horas e masturbação em SOS".
-rapariga, 27 anos, casada, obesa. Vem ao hospital por febre (38,8º) com início hoje. O marido telefonou à mãe (dela) para a acompanhar (presumo que ele já não tem paciência para a aturar!). Na presença da mãe arrasta a fala e a marcha. A mãe ausenta-se e ela fala e anda normalmente. A mãe refere que ela já teve tentativas de "suícidio" (entre aspas, porque quem quer morrer dá um tiro na cabeça, atira-se da ponte 25 de Abril ou para debaixo de um comboio) por cortes nos pulsos. Pensamentos que me iam na tola: se eu tivesse a fisionomia de um hipopótamo também cortava os pulsos.
Enfim, eu sei que este espaço foi criado para enaltecer as minhas qualidades e excelente profissionalismo, para revelar como eu sou um tipo impecável, sensível e preocupado com os seus doentes mas estava na hora de revelar o meu lado mais negro. No fundo, sou um sacana.

Rugas.

Todos nós envelhecemos. Uns melhor, outros pior. Por razões profissionais sou diariamente confrontado com a maneira menos boa de envelhecer, a via da doença, da incapacidade, da dependência de terceiros para a realização das actividades mais básicas do ser humano. Logicamente, a velhice faz-se notar e anuncia-se desde cedo através de muitos sinais, sendo que o mais evidente é o processo de envelhecimento da pele que desidrata, perde elasticidade e forma, descai e deforma-se. A gravidade não perdoa.
Contudo, este post vais debruçar-se sobre uma parte do corpo que fica especialmente horrível e feia com o envelhecimento: o pénis. Pénis, pila, picha, pichota, gaita, chamem-lhe o que quiserem mas eu gosto do termo picha. Hoje vamos falar de pichas enrugadas. Ora bem, sendo a picha um órgão que tem a propriedade de se deformar ao longo da vida do homem, lógico que com tanto estica e encolhe, tanta manipulação (manual e outras) tanto traumatismo resultante da sua utilização, ela tem um envelhecimento muito mais... como dizer... feio do que o resto do corpo. Acreditem, se muitas vezes ouvimos dizer "Oh, que velhinha tão bonita!", "As rugas ficam-lhe bem" ou "Que velhinho adorável", nenhuma destas expressões se aplica a uma picha enrugada. Quando temos de a agarrar (a de um doente, bem compreendido) firmemente para algaliar, ela foge-nos por entre as mãos como aquele brinquedo da Loja do Papagaio sem Penas (se não sabem qual é vão à loja). É que, a determinada altura, aquilo é um amontoado de pele enrugada sobreposta sobre um pedaço de carne do tamanho de um amendoim. Depois, quando se introduz o tubinho no buraquinho da uretra, sentimos montes de resistência por causa de uma próstata do tamanho de uma bola de futebol, resistências essas que nos obrigam a procurar o "caminho" certo mexendo a picha do doente para todos os lados, como se estivéssemos agarrados a um joystick de um simulador qualquer (agora que penso nisso joy=prazer, alegria e stick: pau, bastão... olha, olha!).
Depois há o banho. Por baixo de todas aquelas peles amontoa-se porcaria que não é brincadeira! Uma substância pastosa e branca (que não é o que vocês estão a pensar) que tenda a acumular-se por baixo da glande (a cabeça, portanto). Por muito bem que o deixemos limpo no banho anterior, no dia seguinte lá está aquilo empastado. Acho que deve ser um processo de auto-destruição. A cor também não ajuda, pois tendem a ser de um púrpura desmaiado, algo entre o vermelho, o magenta e o roxo. Não é bonito. Ao contrário, os testículos, os tomates portanto, tendem a aumentar. Não em volume mas em comprimento. Quantas vezes, ao ajudarmos um doente a tirar as calças para ir para o banho, não nos apercebemos que este tem os seus tintins (carinhoso, não acham) ao nível dos joelhos? Pois, mais uma vez, a gravidade.
Por isso, quando me colocaram a hipótese de ir trabalhar em Urologia, todas estas imagens que agora vos descrevo e outras me assolaram a mente. Posso ter que levar com substâncias purulentas e malcheirosas o dia todo mas sempre é melhor que passar o dia agarrado a pichas enrugadas e feiosas.

Rosa Mota (mas em homem)

Não gosto de correr. Correr enquanto desporto. Mas esta semana comecei correr, 2 dias, 30 minutos por dia, 5 km por dia. Porque preciso de perder peso e a natação não é muito eficaz no que a isso diz respeito. Essa é a motivação maior mas arranjei um enorme aliado nesta minha demande de perder algum peso: o sistema Nike+!

É bem simples: precisamos de ténis Nike compatíveis, um chip emissor, um receptor e um iPod Nano. Coloca-se o chip no ténis e o emissor no iPod e é só começar a correr!! No final do treino aparece no visor do iPod os dados do treino como tempo, distância percorrida, calorias gastas, etc.!!! Depois liga-se o iPod ao computador que transmite esses dados ao site de Nike+,onde podemos seguir a nossa evolução, os objectivos atingidos ou não e os objectivos a atingir. Fantástico! Assim é mais fácil para mim correr porque tenho um alvo a abater: eu próprio, as minhas limitações.

Depois, como levamos o iPod connosco, podemos ir a ouvir música. E com grupos como os Cure, Franz Ferdinand, Foo Fighters, Pixies, Kings of Leon, Eagles of Death Metal, Vampire Weekend, Coldplay e os ENORMES Radiohead a puxar por mim, sinto que vou ser capaz de correr a maratona daqui por uns meses!!! E parece mesmo que o sistema sabe a motivação que preciso porque, quando me estou a ir abaixo começo a ouvir aquela música bem batida que aumenta a minha passada e me leva até ao fim!
Entretanto hoje, sinto músculos nas minhas pernas que nem sabia que existiam...

Turbilhão.

A minha vida profissional foi apanhada por um turbilhão de alterações. A ver se me safo...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Eu é mais bolos...

A esta hora da noite, depois de ter acordado às 6 e ir já com 15 horas de trabalho consecutivas, só tenho um consolo...



Quem disse que os bolos das máquinas não prestam?

Consultar Manual de Instruções antes de usar.

Realmente há dias em que eu detesto a minha profissão (a maioria, vá...). Ele é cagadas diarreicas, vómitos asquerosos, gente a sangrar profusamente, quistos cheios de pus verde e malcheiroso (estes até me alegram), ele é meter os dedos no cu dos velhotes para retirar bolas de bosta do tamanho de bolas de golfe, ele é enfiar tubos em uretras e narizes e picar braços e rabos com agulhas que podiam ser usadas para lidar touros, enfim... um sem número de actividades que seriam torturas não fossem necessárias!
Mas nem todos os dias são dias maus. Por vezes a incompetência alheia proporciona-nos momentos bem giros! Falo então daqueles que nos procuram por existência de objecto estranho em orifício corporal. Não, não me refiro às crianças que enfiam pequenos objectos no nariz, mas sim de mulheres com objecto estranho na vagina ou no recto e de homens com algo enfiado no cu.
Comecemos pelas mulheres. O mais comum são os tampões. Há uns dias uma médica traz-me uma miúda (18 anos) em pranto porque não conseguia tirar o tampão. "Mas já procuraste bem, com os teus dedos?" e ela respondia que sim, que conseguia tocar-lhe mas ele não saía. Só me dizia "Tire-me isto de dentro de mim!" enquanto chorava copiosamente. Levei-a para uma sala mais reservada e pedi-lhe que baixasse as calças. Assim que viu o espéculo vaginal exclamou "Vai usar isso assim tão grande??" Claro que a resposta que me passou pela cabeça não foi a mais inocente e resolvi ignorar. Introduzo o espéculo ENORME (palavras dela) e encontro facilmente o tampão, que retiro com a ajuda de uma pinça. Observo e pergunto: não era suposto aquilo ser introduzido com o fio para baixo, em direcção aos joelhos? É que não deve dar muito jeito se o fio estiver entalado (que bela escolha de palavras!) entre o tampão e o útero, pois não?
Os homens costumam ser mais exuberantes, mas... artísticos, digamos. É por demais comum as histórias com as latinhas de spray Axe. Pois eu tenho, além dessas, uma muito mais gira para contar. Estava sossegado no serviço a ler (na altura ainda não tinha um blog, senão estaria a actualiza-lo!) quando um colega entra na sala e rir que nem um louco e a arrastar-me com ele para a sala de cirurgia. Quando entro deparo-me com um homem na posição de um muçulmano a rezar a Alá (que me desculpem os muçulmanos...) de rabo virado para mim. Entre as duas nádegas, no local onde deveria estar o olhinho, vejo um perfeito círculo de um material cor-de-tijolo. Não me apercebo do que é até mudar a perspectiva e de repente vejo!!! É um desentupidor de ralos!!! Um daqueles desentupidores com um cabo de plástico que termina numa campânula de borracha!!! Mas, 'peraí... então se a borracha está cá fora, o cabo... nãããããã, não pode ser. Olhei para o meu colega que estava agarrado à barriga e com as lágrimas a escorrer a face. Senti a gargalhada a formar-se no meu estômago, a subir pelo esófago e contive-me mesmo a tempo!! Tive de sair da sala, aliás, tive de sair para a rua porque não conseguia parar de rir. O meu colega apareceu logo depois e, assim que olhei para ele voltei a rir compulsivamente!!!
Há dias assim, em que quando as pessoas não lêem o manual de instruções dos objectos, nós temos tema de conversa para dias!! Só acho estranho perceber que essas pessoas baixam a cabeça quando se cruzam comigo na rua... não entendo, não entendo

- Bom dia Sr. Joel! - O meu nome é Miguel...

Quanta falta de consideração é trocarem-nos o nome? E não falo de alguém com quem falamos muito esporadicamente, falo antes de alguém com quem temos uma relação profissional e com quem falamos muito frequentemente! É que é muito chato ter que corrigir essa pessoa a cada conversa e ouvir sempre a mesma desculpa: "Não tenho nenhuma memória para nomes!!".
Se não tem arranje, porque qualquer dia vai saltar-me a tampa!!!!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

IRRA!!!

Fico piúrso... mas mesmo piúrso, pior que estragado e já me estragaram o turno quando acabo de vestir uma farda lavadinha, passadinha, a cheirar a Skip Concentrado Brisa Marinha e, no primeiro doente que atendo, fico logo todo cagado!! Como? Eu explico. Há inúmeras maneiras mas eu vou referir-me àquelas que são duas das principais maneiras de um gajo se cagar todo no exercício da nobre e secular, cansativa e não reconhecida profissão que é a Enfermagem.
Em primeiro lugar: drenar quistos. Quistos como estes. Um gajo aperta, aperta e ZÀS!!! Sai um jacto de nhanha verde, purulenta e malcheirosa que nos atinge EM CHEIO no peito (com sorte, porque eu já levei com isso nas trombas!), já para não falar que ficam as paredes e até o tecto com aquela porra a escorrer. E depois? Por mais que limpemos com álcool ou com outra merda qualquer fica sempre lá aquele espectro da mancha de sujidade que nos sussurra "Eu estou aqui... estás todo cagado com o produto merdoso de uma infecção do de um gajo qualquer que tu não conheces de lado nenhum e não sabes em que vida anda..." E é impossível trabalhar com esta vozinha sempre na nossa mente.
Em segundo lugar: estamos a preparar algum medicamento que exige uma mistura dentro de um ampola de vidro. Invariavelmente a pressão dentro dessa ampola aumenta bastante e, por vezes PUM!!! a pressão faz desconectar a agulha da seringa e tomamos banho com aquela porcaria toda! Acontece mais com os antibióticos, uma vez que tem que se diluir um pó dentro de uma ampola.
Esta segunda situação também pode acontecer quando estamos a administrar um líquido num sistema de soro ou a dar a alimentação por uma sonda nasogástrica. Certo dia, ainda era aluno, estava a administrar uma seringa de antibiótico na veia de um bebé quando chega a médica que pergunta se pode auscultar o menino. "Claro!" e enquanto ela se debruçava em direcção à barriga do bebé eu introduzia o líquido. Sinto uma pressãozita no acesso e carrego mais um pouco e aquilo salta do encaixe, espalhando líquido amarelo mesmo em cheio na face da médica!!! Não sei como não me rebolei no chão a rir quando a médica saiu, furiosa, do quarto. Numa outra ocasião, um colega alimentava um doente através de uma sonda pelo nariz. Enchia a seringa com sopa passada e depois colocava-a na sonda e empurrava a comida. Fazia isto enquanto conversávamos e, de repente, a seringa salta da sonda e o meu colega envia um jacto de sopa em direcção á cara do doente!! Aqui ri-me a bandeiras despregadas e gostava de ter tido uma máquina fotográfica para guardar o ar furioso dele. Quando o doente se levantou, na parede estava o contorno da sua cabeça, como se vê no CSI mas em vez de sangue, havia sopa de cenoura.

É que se está mesmo bem!

Quando decidimos comprar a nossa primeira casa um dilema assolou-nos: um apartamento mais perto de Lisboa, ou uma vivenda bem mais afastada?? Eu moro na margem sul e vou para Lisboa quase todos os dias, de carro! Apesar da distância, venceu a hipótese moradia. Porque já na altura planeávamos o nascimento de um ou mais bebés, porque ambos prezamos o espaço exterior, a sensação de sair de casa sem sair de casa, porque a Mariana gosta de jardinar e queria ter um cão, porque gosto de convidar os amigos para um churrasco ou sardinhada acompanhados de uma caipirinha ou sangria. E não há dinheiro que pague uma noite quente de verão passada no jardim a rir e a falar com os amigos ou simplesmente nós os três.
Hoje acrescentámos um divertimento ao nosso cantinho: uma piscina! Tudo bem que é insuflável mas é suficiente para nos divertirmos lá dentro. Com o calor que está, há lá coisa melhor!! E é tão bom ver o nosso filho a correr pela relva enquanto nós apanhamos um sol quente na espreguiçadeira ou de molho na piscina. É tão bom andar descalço cá fora, de calção de banho e tronco , ler um livro deitado na relva e, de repente, o nosso filho deita-se ao nosso lado e nos faz um carinho.
É mais longe. Mas está-se tããããão bem!!!



quinta-feira, 18 de junho de 2009

O meu corredor.


Não sei o que escrever. Sinto-me cansado. Fisicamente, pelo menos. Acabei agora de jantar e fui tomar o meu café. Este café. Pode não parecer mas este corredor é o sítio mais acolhedor daqui, silêncioso, deserto, isolado e, ao mesmo tempo tão perto da agitação. Hoje, enquanto o café me aquecia a alma e energizava o corpo, dei por mim a olhar para este corredor e a pensar como ele simboliza a vida: é largo o suficiente para deixar que as pessoas se cruzem mas estreito quanto baste para que não tenhamos outro caminho. Temos obstáculos pelo caminho que teremos de enfrentar e contornar para seguir em frente. No seu fim há uma porta fechada, que esconde o que está para além do que se vê (citação descarada do Timon, do filme "O Rei Leão"!!). Todos os hospitais têm corredores destes. Para onde vão os personagens de Anatomia de Grey (Mer, Izzie, Christina, George e Karev) quando querem estar sozinhos, descansar ou simplesmente discutir as suas frustrações? Para um corredor deserto e cheio de material por onde nunca passa ninguém.
Este é o meu corredor e hoje gostava de lá ficar até o turno acabar...

Será dos chinelos?

Sou um gajo prático. Tento descomplicar ao máximo, em tudo. Na roupa também. É verão, está calor e eu não gosto de me sentir suado no interior da minha roupa. Indumentária no verão: t-shirt o mais leve possível, calção até ao joelhinho e chinelinho de "meter o dedo" ou havaianas!! Mas há melhor para suportar este calor?
Avante. Porque é que há sempre alguém no(s) trabalho(s) que pergunta com um ar jocoso/sobranceiro/arrogante/acusador: "Então? Vais para a praia?". Irrita-me! Respondo "Não, venho da praia... estava-se melhor que aqui." mesmo que essa conversa tenha acontecido às 7:30 (como hoje, por exemplo). Mas que raio!! Se eu andasse a atender doentes com aquelas roupas ainda vá, agora se eu chego e me fardo antes de ir trabalhar QUAL É O STRESS????
Mas alguém tem alguma a coisa a ver com a maneira como me visto fora do serviço? Deve ser essa formalidade toda, de ir sempre bem arranjadinho para o trabalho que lhe tira o discernimento para serem bons profissionais.
Enjoadinhos...

Avante Camarada, avante!!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Obrigado, obrigado, muito obrigado...

Meus amigos, não há prémio melhor que este.
Estou sem palavras...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Uma questão de educação.

Não sou propriamente experiente em educar filhos. Mas há coisas que não gosto de ouvir e que me penitencio se, por impaciência ou cansaço, faço. Por exemplo dizer "és mau", "feio", "não gosto de ti". Essas e outras expressões semelhantes causam-me comichão!! Então e mandar calar à criança com um sonoro "Schhhhhhhhhhhhhhh!" Ui, como adoro... Não acham que isso é diminuir a importância da criança? É colocar o problema do lado deles, quando é a nós que o cabe resolver? Alguém gosta que lhe digam "És uma besta!"?? Como esperamos que os nossos filhos assumam atitudes correctas quando nós próprios estamos a ser incorrectos com eles?
Mas isto sou só eu a reflectir...

Crónicas do descanso: no país dos Homens-Lagosta

O país dos Homens-Lagosta. Bom, na verdade não é bem um país, é mais uma província, um principado digamos mas sem a soberania do Mónaco ou de Andorra. A cerca de 200 km a sul de Lisboa, a língua oficial é o português mas não é fácil ouvir o som da língua de Camões e Pessoa. Dá a impressão de estarmos num país bi ou trilingue, uma vez que nos espaços públicos institucionais e comerciais os cartazes e indicações estão escritas em vários idiomas, sendo que nem sempre se lê o português.
A primeira impressão que tive ao chegar, e quando me sentei a esplanadar (sim, sim a expressão não é minha e tem direitos de autor...) foi que os seus habitantes são, na sua maioria, altos, cabelo e olhos claros e, pasme-se!, num tom de pele avermelhado tipo a cor da lagosta... ainda mais giro, se muitos tinham essa tonalidade uniformemente distribuída pelo corpo, muitos havia apenas com a coloração em algumas partes do corpo. Ou nos braços, ou nas pernas, em metade das costas ou do peito... intrigante. Mas seria preciso um novo Darwin para teorizar acerca desta estranha diversidade na mesma espécie, os Homens-Lagosta. Pedimos o almoço e deparámo-nos com a primeira barreira linguística (relembro que é uma zona cujo idioma oficial é o português):
-God Morning!! Lunch?
-(Somos portugueses..) Sim, é para almoçar. Queremos o vosso prato de Frango Piri-Piri, por favor...
(O empregado chamava-se João mas, face ao contexto resolvi tratá-lo por John... ou melhor, Johnny)
- Ah... pois... isso não há!! Mas temos um excelente CHICKEN Piri-Piri que está mesmo a sair!!
-... ehhhhh... pois, traga lá então o chicken, já que não há frango...
Almoçámos e no fim o Gabriel exclamou alegremente: 'deus joniii!! (NT: adeus johnny)
Depois foi praia e piscina com fartura, passeios ao final da tarde e à noite sempre a ser abordados por uns personagens cuja função parece ser caçar clientes. Ficam então na rua, em frente ao estabelecimento que representam e logo começam: drinks? dinner? very good music! Live music! Só falta mesmo é sermos placados para dentro dos bares!! Admira-me que não tenha havido porrada entre eles, isso é que era entretenimento para turísta ver!!! Nas ruas muito comércio. Notei que também os nativos desta região já sentem alguma dificuldade em separar os dois idiomas. Exemplo: "Cintos de couro! Belts, lédér beltes, faive euros, véri gud praice! Qualidade, qualiti!!" apregoava uma senhora da sua banca de cintos e carteiras de couro de jacaré de cativeiro. Também me aconteceu ser atendido por empregados que nem português sabiam falar:
-Boa tarde.
-Good afternoon sir!
-Era um Cornetto Leite-Creme, por favor.
-One Cornetto comin' out!!
-Quanto é?
-That will be 2 euros sir, thank you!
Pois é, não fossem as praias de areia fina e águas quentes....

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Para uma amiga...

Para a Ana C.!

Crónicas do descanso: atrás do sol posto.

Acabou. Foram duas semanas de férias passadas no norte e no sul de Portugal. Pelo meio, ainda fui votar para as Europeias (sim... fui um do 40% de portugueses que se deram a esse trabalho. Mas isso dava outro post e o tempo já passou...) porque para dizer mal deles é preciso ir votar. Se não se participou na decisão não se tem o direito de protestar!

Primeira semana, então. Cerca de 400 km a norte de Lisboa. Atrás dos calhaus portanto. Eu até gosto de ir lá e tudo, rever a família e respirar o ar puro mas caramba, sempre são cerca de 4 horas de estrada e eu até nem gosto muito de conduzir!! Família vista e visitada, aldeia corrida e percorrida, e agora? Bom, como estava calor pensámos em ir dar um mergulho numa das piscinas municipais das cidades vizinhas (são 3) e aproveitar para bronzear um pouco. Mas qual quê!! No dia 1 de Junho ainda nenhuma delas estava aberta ao público!! Manutenção, dizem eles! Manutenção faz-se durante o ano todo!!

OK, na falta de piscina... rio. Acabou por ser engraçado porque o Gabriel adorou passear por cima das pedras escorregadias e sempre com os pézinhos molhados. Eu não consegui nadar mas sempre deu para me por de molho na água fresca e mandar umas boas escorregadelas!! Deu para lembrar dos velhos tempos de adolescência passados naquelas e noutras margens de rios. Também fomos todos apanhar cerejas para comer, outra actividade bem gira para o Gabi e que nos trouxe de volta velhas histórias passadas em cima de uma cerejeira!!
Fora isso, comi muito presunto, chouriço, queijo, salpicão além dos quilos de molhanga saturada em colesterol que são apanágio da bela comida transmontana!!! Devo ter engordado uns 5 quilos que passeei orgulhosamente na segunda semana de férias!! Mas isso fica para o próximo post...
É giro ir "à terra" e reviver velhas experiências e lugares. Contudo, quando se está longe tanto tempo, os antigos amigos são agora apenas velhos conhecidos que a vida se encarregou de afastar, e nós somos agora "os lisboetas". Depois, como nós, muitos partiram para outros cenários pelo que os habitantes actuais são perfeitamente desconhecidos. Sim, as nossas raízes podem estar lá mas eu sinto que elas sobrevivem hoje apenas porque ainda há família próxima por lá. Mas hoje, eu não pertenço lá. Sou alguém que as pessoas conhecem, o puto que corria descalço por aquelas ruas mas que hoje é apenas um espectro daquilo que passou. Hoje eu pertenço a outro lado mas, mesmo assim sinto que ainda não encontrei o sítio onde me sentirei realmente pleno. Pode ser em qualquer lugar. Um amigo disse-me um dia que, por muito mundo que conheças e que percorras, voltarás sempre ao sítio onde nasceste mesmo que seja apenas para morrer. Não sei se assim será e espero que a hora da minha morte esteja longe o suficiente para que possa primeiro conhecer o mundo e depois decidir se concordo, ou não, com ele.
Como dizia o outro, sinto-me um cidadão do mundo.