sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Papa-quilómetros!

Seis meses passaram desde a minha primeira corrida, iniciada com a firme resolução de manter esse hábito e a forma física. A primeira corrida durou 30 minutos nos quais percorri cerca de 2,5 km! E andei dorido durante 3 dias! Hoje sou capaz de correr, mais ou menos nos mesmos 30 minutos, cerca de 8 km!! A evolução foi notória. Mas a grande diferença é que sou capaz de o fazer durante 3 dias consecutivos sem me sentir particularmente cansado!
Enfim, hoje fui correr e um fulano qualquer gritou: "E SE FOSSES PRÓ TRABALHO??" ao que eu respondi (baixinho...) "E se fosses pró c......lho!". Enfim, se repararem no bonequinho histérico à vossa direita verão que já percorri um total de mais de 260 km. É bonzinho.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ao Anónimo: não publico o seu comentário. É demasiado pessoal. Foi um murro no estômago e as palavras ficaram gravadas e, estou certo, surgir-me-ão na mente e lembrar-me-ão que alguém sofre muito nessa batalha. Note, por favor que a repugnância que o texto possa transmitir não é, nunca, por quem sofre mas sim pelo cancro. É uma coisa visceral, que é difícil eliminar da situação. Pelo menos para mim. Lamento que este texto o tenha tocado dessa forma tão dolorosa e saiba que sempre achei os que lutam contra o cancro, seja ele qual for, admiráveis. Seja qual for a sua luta, coragem.

A Face da Morte.

Ontem fiz um penso a um senhor que me recordou algumas histórias menos felizes do meu trabalho. Menos felizes para os doentes. Trabalhar com doentes é um terreno fértil em histórias infelizes, sofridas, angustiantes, dolorosas. E nenhum outro serviço tem mais concentração destas histórias por doente que o serviço de Oncologia.
O cancro é, por definição, a doença mais filha da puta que alguém criou. Não discrimina sexo, raça, idade ou órgão do corpo humano. É sádico e narcisista porque, no inicio tratam-se apenas de algumas células que se revoltam contra o resto do corpo e depois trata de cavalgar em conquista de tudo o que encontrar no seu caminho. É insidioso, só se revelando quando já está prestes a tomar o poder e silencioso na sua marcha. Mina caminhos alternativos enviando uma pequena parte das suas tropas para terrenos longe da sua origem, metastisa-se. E só mostra a sua verdadeira face quando é impossível de ser combatido. E que face horrenda é essa.
Ontem recebi um senhor na urgência. Muito embora a idade inscrita na ficha fosse 42 anos, a sua aparência indicava o dobro disso. Muito magro, sem forças, a pele amarelada, os dedos afilados. Se dúvidas não tinha sobre que tipo de doença afectava aquele homem, mais certo estive quando ele se aproximou e eu fui envolvido pelo odor que já antecipava. Podre. Estava perante um campo de batalha. E o cancro saiu vitorioso. Será apenas uma questão de tempo. Restava-me descobrir onde ele estava e destapar-lhe a face, encará-lo. O homem baixou as calças e mostrou-me: no pénis.
Por mais que veja e me depare com o cancro julgo que nunca serei capaz de o encarar indiferente. As suas mil faces são todas terríveis e inesquecíveis. Neste caso falar de um pénis é um eufemismo. Não havia pénis. Apenas um amontoado de tecidos mortos, podres, duros. Uma entidade que sabemos ser estranha ao corpo mas que a ele se agarra e não mais larga. Neste caso, uma espécie de couve-flor putrefacta. E cada vez que lhe tocava e o sentia, enquanto limpava, cortava, arrancava, o meu braço tremia. Um arrepio percorria o meu braço desde os dedos que tocavam o invasor até ao ombro. Como se ele sentisse terreno fértil para crescer. Como se ele sentisse. E o cheiro cada vez mais intenso.
Encontrei um doente com um cancro no esófago internado numa enfermaria onde trabalhei. O cancro tinha fechado o caminho até ao estômago, o doente era alimentado pelas veias. A mesma magreza (aqui extrema), a mesma pele amarelada, os mesmos olhos cansados. Aqui a face do vilão estava escondida mas não oculta. Outra vez o cheiro. Cada vez que o doente tentava verbalizar algo, um indescritível cheiro a podre invadia o quarto. A fragilidade do doente exigia que estivessemos muito próximos para tentar entender os seus pedidos mas aquele cheiro afastava-nos, repudiava-nos violentamente. Era como se o cancro reclamasse para si aquele corpo e nos afastasse á pancada. Lamento não ter percebido o doente, lamento não o ter olhado nos olhos quando ele tentava falar-me, lamento não ter sido capaz de vencer as minhas entranhas que se revolviam ao sentir aquele cheiro. Tentei aproximar-me o mais possível mas isso não era suficiente. Até que, um dia, o doente não falou. Inspirou fundo e vomitou. O inenarrável odor que invadiu o quarto fez-me fechar os olho, suster a respiração. As lágrimas vertiam como se tivesse sido atingido com gás pimenta. Quando finalmente recuperei, o doente descansava. Para sempre. O cancro venceu mais uma vez.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Os "jeitosos".

Acho sempre imensa piada aos homens que não são "jeitosos". "Jeitosos" no sentido de "O meu marido não é nada jeitoso em casa! Não sabe fazer nada!". São homens que não cozinham, não limpam o pó, não passam a ferro, não dão banho aos filhos nem lhes mudam as fraldas, não fazem as camas, não aspiram. Se, de alguma forma ainda que arcaica e obtusa, todas estas actividades estão conotadas com a mulher, o que dizer dos homens que não são "jeitosos" para funções de macho tais como sintonizar a TV, pintar a casa, arranjar a electricidade, mudar as luzes, pendurar quadros, tratar da contabilidade, pagar as contas, mudar o óleo do carro e levá-lo à revisão, fazer o IRS, pregar e aparafusar coisas em geral? Eu digo-vos o que acho destes homens: são espertos!
Ainda hoje uma senhora me falava de como o seu marido, reformado, não a ajuda nada em casa, logo a ela que ainda trabalha! Segundo esta senhora o marido não lhe adianta o jantar porque, coitado, não se orienta na cozinha e não gosta de mexer em comida crua com as mãos. Também não se preocupa em tratar da contabilidade do lar porque, coitado, nunca se deu bem com contas. Não limpa o jardim dos cocós dos seus cães porque, coitado, o cheiro dá-lhe vómitos insuportáveis. Sendo mecânico na reforma, não arranja os seus próprios carros porque, coitado, passou quarenta anos a fazer aquilo e não quer voltar ao passado!! Disse-me então a senhora que, naturalmente já nem lhe pede para fazer o que quer que seja porque ele, ou demora muito a fazer ou muito simplesmente, faz mal! Coitado...! Mas este homem não é mais que um exemplo de muitos que também não são "jeitosos". Como aqueles que não dão banho aos bebés porque eles escorregam e têm medo de os deixar cair, ou aqueles que não mudam as fraldas aos filhos porque não suportam o nauseabundo cheiro das fezes dos seus santos filhos! Há ainda aqueles que não lavam a loiça porque, azar dos azares, cada vez que o fazem há sempre uma terrina ou travessa que lhes escorrega e se desfaz em pedaços no chão e os outros que não põem a máquina a lavar a roupa porque, segundo eles, tem muitos botões! Falamos dos mesmos homens que são capazes de viajar pelos intrincados menus da TV Cabo e funcionar com dois comandos ao mesmo tempo e ainda se entretêm a configurar e desconfigurar as opções do computador e da Internet! Depois há aqueles (e eu ADORO estes!) que não comem laranja se tiverem de a descascar ou não comem peixe se tiverem de tirar as espinhas ou não bebem leite se este não for daquele "do dia" que vem numa embalagem de plástico branca (juro que não estou a inventar!). Não passam a roupa a ferro porque esta fica sempre toda amarfanhada e acabam sempre por queimar uma ou duas peças, não cozinham nem sequer uma omelete porque não sabem funcionar com o fogão e, pasme-se, nem se aproximam da Bimby porque é muito complicada!!!
Na verdade, todos estes homens, e de certeza que todos conhecem alguém assim, são extremamente inteligentes. Porque, ao manterem a eterna incompetência nestas tarefas, sabem que as suas respectivas companheiras vão, mais cedo ou mais tarde, desistir de lhes pedir ou impor tarefas sabendo que eles não serão capazes de as cumprir convenientemente! Trata-se de um jogo de preseverança e paciência que trará os seus frutos a longo prazo. E como eu os percebo! Afinal, o que há de melhor na vida do que estar sossegado a fazer zapping ou a navegar sem destino na Internet enquanto uma parvinha qualquer cozinha para nós e, entretanto vai entretendo os miúdos, dá-lhes banho, passa a roupa a ferro e ainda paga as contas do cabo, não vá suceder a tragédia de perder-mos o jogo? Nada, meus amigos nada! Claro que eu só posso sonhar com este tipo de partilha de funções do tipo "ela cozinha e eu sento-me para jantar". Não. No que diz respeito a tratar dos putos não posso, por razões profissinais óbvias, afirmar que não sei, que tenho medo de os magoar, que não suporto o cheiro. E depois porque cada vez mais acho que, isto de viver com um homem é muito semelhante a trabalhar com animais selvagens! É preciso amestrá-los, treiná-los. Saber quando lhes dar uma festinha e quando lhes pregar uma palmada no nariz! E, querem lá saber, a minha mulher bem podia ganhar a vida no circo a domar leões vindos directamente da selva!!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Glourious Basterds!



Já não se toca guitarra assim... ultimamente tenho voltado a ouvir os meus "velhos clássicos" em repeat no meu Ipod. Estes, Nirvana, Pixies, Cure, Pearl Jam, Ben Harper (os primeiros albuns) e concluo: nenhuma música feita hoje me marcará tanto como estes gloriosos malucos!

(e sim, simulo que toco guitarra e/ou bateria quando os ouço!)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Leis? Qué isso??

Somos um país amador. No sentido em que nada do que fazemos acontece de uma forma verdadeiramente planeada. Por muito que se planeie e re-planeie e se torne a planear, nenhum plano traçado é cumprido até ao final sem interferências. E isto acontece, entre muitas outras coisas, porque toda a gente quer mandar e toda a gente acha que o plano que um outro alguém delineou não está como deve ser e então, toca de alterar e mudar as regras a meio do jogo! Isto é particularmente grave para quem deve desempenhar as suas funções e vê o seu trabalho tornar-se obsoleto uma e outra vez. Já os chefes, coordenadores, directores, administradores, supervisores e outros interessam-se em mostrar-se, nem que para isso tenham que inventar. Não se trata de servir uma instituição mas sim de servir-se dela. E isso é particularmente grave quando se atropelam direitos legalmente instituídos. Neste caso, as Licenças de Parentalidade.
Uma amiga contou-me recentemente como a supervisora de equipa do banco onde trabalha afirmava, em reunião de serviço, que uma mulher com filhos, que falta para prestar assistência aos mesmos, que tem direito a horas de amamentação ou que se encontra em gozo de licença de maternidade, não deve ter direitos aos mesmos prémios de desempenho que os restantes. Porque está sempre a faltar, porque passa menos horas no serviço, porque a sua atenção não está na empresa mas sim na família! Esta senhora, como tantos aliás, esquece-se que os prémios estão relacionados à produtividade e não ao tempo. Mas, acima de tudo, é revoltante porque se trata de uma discriminação com base num direito que está legalmente instituído!! Claro que a senhora em questão não tem filhos... Chamo a atenção para o problema por ela levantado: o tempo! Em Portugal interessa sair tarde. Mesmo que nada façamos, temos de sair tarde porque só assim somos valorizados. Chegar a horas e sair a horas é mal visto porque, lá está, não estamos a "vestir a camisola" da empresa!
Uma outra amiga, que tem dois filhos, limita-se a fazer algo muito simples: entra à hora determinada e sai há hora determinada. E é a mais produtiva do seu sector! Não obstante, é alvo de constantes críticas dos seus colegas que saem depois do horário! Talvez seja porque ela não vai com eles ao café ao meio da manhã, aos almoços de duas horas e aos lanchinhos a meio da tarde... E quando um dos miúdos fica doente!! Cai o carmo e a trindade!
Numa das instituições onde trabalho, o gozo da licença parental alargada (30 dias no final da licença da mãe) é, ostensivamente mal-vista pelas chefias. Porque no tempo deles não havia nada disto, porque já gozaram 10 dias quando o bebé nasceu, porque o pai não tem nada que ficar com o bebé! Imaginem o falatório que foi quando eu gozei setenta e dois (!!) dias de licença quando o Gabriel nasceu!! Além de não ser nada comum o homem gozar a maior parte dos dias que pertencem à mãe foram, convenhamos, cerca de 5 meses que estive em casa partilhados entre dias de nascimento, assistência à família, férias e licença de "maternidade". Ouvi todo o tipo de bocas acerca de como iria dar de mamar ou sobre como me estava a "baldar" ao serviço. E ainda hoje se fala disso. Eu só sei que foram os melhores meses da minha vida!
Num país onde o "parecer" importa muito mais que o "ser" é normal que o trabalho efectivo não seja valorizado. Mas o facto de se discriminar alguém por fazer valer um direito reconhecido na lei demonstra que somos não só amadores, mas acima de tudo, uns merdas! E qualquer país civilizado reconhece que a família é o pilar de qualquer sociedade. Lembro que os direitos associados a Lei da Parentalidade visam beneficiar AS CRIANÇAS e não os pais...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A minha amiga Maria.

Esta semana reencontrei uma velha amiga: A Maria! Sim, com A maiúsculo, porque esta é a verdadeira Maria! Conheço-a há muitos anos, com ela cresci e aprendi a ler, ela me contava histórias de gente conhecida e desconhecida (uma verdadeira coscuvilheira, a Maria) mas, acima de tudo, a Maria povoa como nenhuma outra o meu imaginário de adolescente que descobria o interesse pelo sexo. Com ela aprendi tudo sobre sexo (nas suas mais variadas vertentes!), sobre gravidezes inesperadas, encontros e desencontros fortuitos, dúvidas, sustos e traições. Tudo isto do ponto de vista das mulheres o que, penso, enriqueceu bastante o meu conhecimento acerca delas!! Após muitos anos de afastamento eis que a reencontro! Constato que mudou pouco mas mesmo assim perdeu o brilho com que a recordava. Talvez não por culpa dela mas sim minha. Hoje, a minha visão de adulto consegue filtrar toda a luz que, inocentemente, via nela. Hoje farto-me de rir com a Revista "Maria"!
Quando encontrei uma delas, perdida no meio das revistas cor-de-rosa que sempre se encontram pelos hospitais não resisti. Procurei apressadamente a secção "Consultório Sexual" (noto que agora existem páginas rosa "para ela" e azuis "para ele"), páginas que invocam em mim imagens da minha adolescência sexual! E exulto quando descubro que nada mudou! As mesma perguntas parvas, as situações imbecis, caricatas, impossíveis de acontecer com pessoas reais! Situações descritas por pessoas inocentes num tom quase infantil. Tão inocentes e infantis que nem se apercebem que relatam situações que bem poderiam fazer parte de um qualquer filme porno! Há quem insista que são textos imaginados pela redacção da revista, que é impossível que alguém normal tenha aquele tipo de dúvidas e que, acima de tudo, as exponha numa revista de tiragem nacional. Mas acredito que sim, que são pessoas reais com dúvidas reais. Basta ver os cromos do "Big Brother" ou do "Ídolos" ou de qualquer outro reality show para ficar convencido! Mas quase tão hilariante como a questão colocada é a explicação do "consultor sexual" da redacção. O tom é inocente, quase pueril e paternalista. Como se explicasse a uma criança que encontra o vibrador dos pais e brinca alegremente com ele que, na verdade, aquele objecto tão engraçado não é nenhum brinquedo de criança. Vejamos este pequeno exemplo:


Em resumo: a senhora, de livre vontade, acedeu aos pedidos do marido. Teve prazer mas não quer repetir porque não achou romântico. A resposta da redacção inclui "preconceitos sociais", blá, blá, blá, blá, "praticam com ternura", blá, blá, blá, "odeiam". E quanto à atitude paternalista com que a "psicóloga aconselha" (reparem que é "psicóloga e não "psicólogo"): "a leitora (...) parece ter conseguido usufruir do prazer que a estimulação anal proporciona". WTF!! Ela afirma que teve prazer, sem dúvidas!!

Bom, eis o meu (não solicitado) aconselhamento: minha cara leitora, ninguém a obrigou a ter sexo anal. Seria mau se o seu marido a tivesse forçado ou tivesse utilizado a velha técnica do "Oooops! Escorregou, desculpa... foi sem querer!". Mas não. Ele pediu e a leitora acedeu. E, como a própria afirma, teve prazer! Agora queixa-se que o seu marido quer mais. Bom, quanto a isso... oferecer esse tipo de experiência a um homem, ter e dar-lhe prazer e depois recusar!! Isso é o nosso Suplício de Tântalo!! É cruel e não se faz, minha senhora... Ah, porque não é romântico e parece animalesco! Aquela treta que a psicóloga escreve "alguns casais praticam-no com ternura..."? Desde quando é que levar no cu é romântico?!?! Que o diga o Tomás Taveira...



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Ferozes Felinos Felizes!

DOIS FEROZES FELINOS À SOLTA NA COSTA DA CAPARICA!!! Um enorme leão, bem parecido e de pêlo lustroso, e uma pequena e fofinha cria de tigre (mas não menos feroz) passearam-se alegremente pelo estradão junto ao mar, na Costa da Caparica. Não se sabe de onde vieram mas foram, decerto, a atracção principal daquela tarde solarenga, sendo o alvo de todas as atenções de todos aqueles que se passeavam naquele local. O sentimentos das gentes foi de confusão no início pois, se eram numerosos as bruxinhas, as carochinhas, os palhacinhos, os spidermanzinhos, os Noddyzinhos e os piratazinhos, a presença de uma cria de tigre e de um leão adulto (principalmente este!) não é visão comum por estas bandas. O leão (talvez devido à sua corpulência?) chegou a ser confundido com um urso, tendo-se ouvido alguns "Ólhó urso!" logo contrariados por "Ora essa, não se vê logo qué um leão?! Olha para a cauda!" Estes dois simpáticos animais passearem-se alegremente durante algumas horas, ora saltitando entres as enormes pedras que formam o paredão praticando assim as suas manobras de caça e evasão, ora simulando perseguições entre os dois e jogos de caça com emboscadas de parte a parte. Algumas pessoas mais destemidas aproximaram-se para tirar fotografias com os felinos e até para dar festinhas, principalmente na queriducha cria mas também no leão adulto! Pode afirmar-se sem dúvidas que estes dois fizeram alguns fãs!
Depois divertiram-se fazendo acrobacias verdadeiramente felínicas no parque infantil situado ao lado do estradão, colhendo aí a simpatia das crianças e arrancando algumas gargalhadas dos adultos presentes. Os simpáticos e enormes gatinhos acederam a deixar fotografar-se para o "Cheirinho a éter..." para que todos possam admirar as suas belas e luzidias pelagens...



(Eu e o meu filhote Gabriel divertimo-nos à brava! De facto, um filho pode dar-nos a coragem de fazer coisas que nunca faríamos sozinhos!!)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Para o António C.

Bem-vindo pá!!

(sem palavras)

Entre o processo Casa Pia, a face oculta, o polvo e a palhaçada á volta do Orçamento de Estado apraz-me dizer apenas isto: estamos entregues à bicharada!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Uma nova perspectiva.

O tema que estamos prestes a abordar gera bastante controvérsia e até alguma polémica, principalmente entre o público feminino: falo dos WC públicos! Esta é uma reflexão relativamente recente para mim uma vez que, embora seja utente mais ou menos frequente dos WC públicos a utilização que deles faço é, digamos, pouco íntima. Pouco íntima porque não implica contacto físico com as porcelanas... Na verdade, a utilização dada pelo público masculino aos WC públicos resume-se a isto: entramos a correr, despertamos as calças, agarramos na anatomia e.... AHHHHHHHHHHH! É o alívio. Mas, de há alguns meses para cá tenho vindo a ter uma experiência diferente, experiência essa que resulta de uma diferente forma de utilização desses espaços. É que o Gabriel deixou de usar fraldas.

Subitamente, após o sobejamente conhecido (pelos papás) apelo "Quero fazer xixi!" eis que a realidade dos WC públicos me é desvendada com a força de um murro nas trombas: AQUILO É NOJENTO!!!! Mas que m.... será possível que tanta javardice seja proveniente de seres humanos suficientemente civilizados para saberem o conceito de "centro comercial"? As pingas na sanita, razão de tanto debate entre Marcianos e Venusianas têm agora um diferente significado. Claro que continuo a achar que as reclamações domésticas das mulheres relativamente àquela insignificante pinguinha que cai no tampo da sanita após o último abano da extremidade são apenas um pretexto para nos moer o cérebro mas, CARAMBA!! Uma coisa é urinar tudo para a sanita e cair uma pinguinha no tampo, outra completamente diferente é urinar tudo no tampo e deixar cair a pinguinha na sanita!! E depois, há gajos que mijam no tampo, no chão, no autoclismo e no tecto. Em tudo menos no buraco da sanita. F*****-se!! É a mesma merda que falhar um penalty, com dois metros e tal de baliza conseguem acertar em dez centímetros de poste!! Depois há aqueles que fazem pintura com o , dando a ideia que o andaram a arrastar por todo o lado após se terem esvaziado de toda a merda que lhes ia dentro....

Felizmente o meu Gabi é um gajo!! E um gajo mija de pé. Assim, e apesar de tudo, essa nojice pegada acabou por ser um bom motivo para ensinar o miúdo a fazer xixi de pé! Pezinhos em cima do tampo da sanita, calcinhas em baixo e OOOOOPS!! Já está! Depois é passar um papelinho para limpar as tais pinguinhas (que a criança ainda não domina todo o seu pequeno corpinho). Neste momento ele já é capaz chegar com a pilinha onde é preciso! Mas ainda ontem, quando eu precisei de usar um urinol público, dei por mim a advertir: "Não toques em nada sem o papá dizer".
Mas se for um cocózinho... o que tem de ser tem muita força!!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Porque nem só o CR espatifa Ferraris...

Lição do dia: não façam filmagens enquanto conduzem...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Powersong.

A powersong é um conceito introduzido pela Nike e pela Apple no sistema Nike+. Na verdade trata-se de uma música de motivação, aquela música que nos dá aquele empurrãozinho para se correr mais uns metros. Pode qualquer música que se encontre gravada no iPod e só tem que ser predefinida no sistema. Depois é só carregar no botão quando estivermos nas lonas!
Não canso de me impressionar com a energia que vem da música. Da maneira como ele parece renovar a nossa força e nos empurrar as pernas por mais uns metros. Durante esses minutos todo o corpo está "ligado" a uma enorme fonte de energia e as pernas parecem correr ao ritmo da batida. A minha actual powersong é forte na batida, agressiva nas guitarras e o vocalista grita que se desunha!! Sintam a energia...


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O que é que a Noite tem?

Num hospital o Tempo avança de outra maneira. Poderíamos até dizer que estamos noutra dimensão de Tempo. Porque, aqui o Tempo não pára, não descansa, não dá tréguas. O Tempo avança e empurra-nos com ele. São as luzes que nunca se apagam completamente. Sempre há uma luz, num qualquer canto, a marcar presença. A velar, a vigiar, a lembrar-nos que está ali. Aqui, também a Noite é diferente. Quando o resto do mundo se apaga e adormece, aqui outra vida se levanta. E transformações acontecem.
O que é que a noite tem? O que é que a noite arrasta? Os doentes, deitados nas suas camas, transformam-se. Aquele velhote querido que deambula pelos corredores, escrevendo cartas de amor às enfermeiras com a sua caligrafia trémula e num português que já não se usa, aquele velhote que, durante o dia conta com orgulho os seus feitos amorosos aos enfermeiros já não está lá. No seu lugar está um velho corpo que se contorce na cama e tenta fugir dali. Uma velha carcaça que nos cospe e insulta, que defeca junto à cama, que arranca a roupa e grita. Faz-se o costume. As amarras ainda existem no séc. XXI, estão nos punhos dele e uma injecção adormece-o. Os fantasmas foram-se.
Aquele ex-combatente do Ultramar, negro, que deu os olhos, uma perna e meio braço em troca da liberdade. Aquele negro afável que não entende o que dizemos, que fica na cama ouvindo o seu rádio e diz "obrigado" a todas as nossas solicitações. A noite chega e com ela os berros, os lamúrios, as preces murmuradas em crioulo têm um sombra ainda maior. Aproximo-me da sua cabeceira e ele está de olhos fechados. A dormir? Ou preso num mundo de dor que teima em o perseguir? Ouço um som, um baque. Vou até ao seu quarto e a cama está vazia. De um canto escuro surge um vulto que se arrasta. Pelo chão, só tem meio braço e uma perna e arrasta-se. Com os olhos fechados e dirige-se a mim. Assusto-me. Mas é só o negro velho. Pego nele e sinto que estou a pegar num animal selvagem qualquer. Contorce-se e grita. Adormece horas depois.
Aquela mulher que entrou ontem. Um AVC levou-lhe metade do corpo. Para ela só existe a direita e ignora a esquerda. Consegue exprimir-se razoavelmente e está orientada durante o dia .Sabe onde está, como se chama, em que ano estamos. Diz-me que tem fome mas não consegue comer. A sua garganta já não lhe obedece. O leite que lhe dou pela sonda nasogástrica não a satisfaz. Calculo que eu próprio não ficaria satisfeito se a comida me fosse colocada directamente no estômago. Explico-lhe e ela parece resignada. Chega a noite e a senhora altera-se. Encontro-a com a perna direita pendurada fora da cama. Mas o resto do seu corpo traiu o seu plano de fuga. Diz que o seu marido a chama da cozinha, que precisa de fazer o jantar. Julga que está de novo em sua casa, no seu quarto. Não faço nada de especial, não há nada a fazer e fico mais descansado porque sei que a sua metade-morta nunca a deixará sair daquela cama. Nem de nenhuma outra.
O que é que a noite tem?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Aqui há talento...

Vi ontem na RTP1 uma pequena reportagem sobre uma nova rede social cibernética que se destina a conectar os portugueses mais talentosos espalhados pelo mundo. Até aqui tudo bem muito embora esta coisa de diferenciar um grupo de portugueses tendo como critério o seu "talento" um pouco pretenciosa. Mas adiante.
A reportagem segue, os "talentosos" falam, os mentores, impulsionadores e patrocinadores congratulam-se. Eis senão quando, no meio de tanto elogio à portugalidade, reparo na música de fundo. Tentava eu lembrar-me qual a banda portuguesa que produzia tão enérgicos e motivadores acordes de guitarra. Estava mesmo debaixo da língua e... EUREKA!!! Dou-me conta que é uma banda que representa Portugal como nenhuma outra os... Placebo.
Hoje pesquiso no Google esse tão luso sítio na rede e digito: star tracker. Star Tracker? Cujo o o endereço é www(dot)thestartracker(dot)com? Deve ser engano... isto está tudo em inglês!! Mas depois vejo, em jeito de subtítulo: "Global Portuguese Talent". E mais abaixo: "we connect portuguese talent through an invite only network". É caso para dizer... FODA-SE (falando em português correcto)!! Então é uma rede que visa reunir os talentos portugueses espalhados pelo mundo para que possam trocar informações que os ajudem mutuamente a ter sucesso e só se entra por convite? Então e nós, os burrinhos? Não podemos ter acesso ás mentes brilhantes lusas? Olha, lá teremos que nos amanhar com o Facebook! Sim, porque era o que faltava, haver misturas entre classes. , isso é muito século XX.
E ainda por cima está tudo em inglês. Não se percebe um ca******lho...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Desculpem lá...

... mas devido ao imenso spam que tenho recebido na caixa de comentários vejo-me forçado a activar essa coisa chata que é a verificação de palavras dos comentários.

O que quero ser quando for grande!

Se há programa que me dá prazer quando o vejo, esse programa é o "Top Gear", que passa no Discovery Channel. Eu, que não percebo nada de carros, gosto de carros. Da sua aparência, da velocidade, da potência, do barulho dos motores! Os pormenores técnicos aborrecem-me. Não sei bem o que é o binário, não percebo nada de transmissões e nem quero saber o que é o bujão do óleo! Mas gosto de ver o Top Gear. Pelos super-carros que testam, pelas dicas práticas sobre os carros mais acessíveis, pelas loucas corridas que fazem com os carros que lhes emprestam (!), pelos desafios a que se propõem desde atravessar África em "chaços" velhos e decrépitos, uma corrida entre um carro e um trenó puxado por cães até ao pólo norte, uma corrida através de Londres em hora de ponta entre um enorme jipe Mercedes, um bicicleta, um barco (pelo Tamisa) e os transportes públicos! Mas gosto do programa acima de tudo por causa do bom-humor constante, da galhofa constante entre os apresentadores, pelas excelentes tiradas do enorme James Clarkson! É gente que percebe de carros, que gosta de carros e que se diverte à brava a trabalhar!! Este texto não é tanto sobre o Top Gear mas sim sobre aquele tipo de trabalho que apetece fazer. Sempre que vejo o Top Gear não deixo de sentir uma ponta de inveja daqueles 3 divertidos "cromos dos automóveis". Porque têm a oportunidade de conduzir grandes bombas, porque se fartam de viajar, porque inventam desafios perfeitamente idiotas só ao alcance de crianças em ponto grande! E como se divertem!
Sinto o mesmo em relação aos jogadores de futebol. Caramba, esses anormais ganham milhões a fazer uma coisa que a maioria dos mortais faz apenas como divertimento! E ainda temos de pagar pela utilização do campo! Por isso não percebo tenho dificuldade em tolerar a incompetência de certos jogadores. ELES SÓ FAZEM AQUILO!! Treinam duas vezes por dia durante duas ou três horas, têm o resto do dia livre e fartam-se de ganhar dinheiro. E nem é preciso ser um CR7/9!.
De há uns tempos para cá tenho reflectido nisto de ter um trabalho em que, na prática o que é preciso é não crescer e cultivar a criança dentro de nós. Gosto do trabalho do Nuno Markl e o que ele se limita a fazer é pegar em coisas quotidianas, suas ou de outros, acontecimentos banais que ocorrem na vida de todos e abordár todos esses temas de uma perspectiva diferente e divertida. No fundo, o homem é pago para contar piadas. E isso deve ser bem divertido! E aqueles fulanos que testam os videojogos antes de eles serem lançados para o mercado? São pagos para jogar Playstation!
Numa conversa com um grande amigo especulávamos sobre a criação de um negócio que fosse uma alternativa aos doentes. Como ele é um gourmet perfeccionista e com o gosto da experimentação e inovação na cozinha sugeri a criação de um restaurante. Seria a combinação perfeita: ele seria o responsável pela cozinha e pela gestão das economias, encomendas, pessoal, etc. (ele é um tipo muito, mas muito responsável) e eu seria a referência do espaço. Aquela pessoa que recebe os clientes, que os conhece pelo nome, que repara como a esposa do Sr. Engenheiro mudou as nuances do seu cabelo. Alguém bem-falante e comunicativo, simpático e agradável. Isso sim, era um trabalho que não me importava nada de fazer!
Por vezes imagino-me a fazer algo bem diferente do que faço e já consegui encontrar algumas actividades que me agradariam:
-Logo à partida, começar a cobrar por cada visita aqui ao blog (brincadeira!! Nunca faria isso e, além do mais, ninguém pagaria por isto!!).
- Escrever um best-seller internacional e viver dos rendimentos.
- Criar o meu filho para ser o próximo CR (mas inteligente)/Federer/Tiger Woods (sem as amantes)/Schumacher e viver dos rendimentos dele.
- Patentear uma invenção que todos utillizassem e viver dos rendimentos.
-Ser vencedor do Euromilhões e viver dos rendimentos.
Acho que perceberam a ideia.

É como andar de bicicleta.

Nas urgências uma doente pediu-me que lhe desapertasse o soutien (estava a incomodar porque a senhora tinha um dor nas costas, nada de ideias...). Enfiei-lhe a mão direita por baixo da roupa e ZÁS!! Desaperto-lhe o soutien à primeira apenas com os três primeiros dedos da mão direita!!!
Realmente, quem sabe nunca esquece...