sexta-feira, 30 de abril de 2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Eu tenho dois alunos...

...que em nada são iguais! E tem sido este o meu maior desafio na orientação desses miúdos (19 e 20 anos!). Enquanto um deles é reservado, inseguro e com alguma falta de auto-estima mas, no entanto, trabalhador e aplicado, o outro é expansivo e perspicaz e trabalha muito no improviso, entendendo muito bem os sinais que recebe! Os dois propõem situações bem diferentes mas igualmente desafiadoras e a abordagem tem de ser necessariamente diferente para cada um deles.
Na verdade eu preocupo-me com eles, com os seus resultados. Em parte porque o resultado deles ao final das 8 semanas de estágio reflecte aquilo que eu fui capaz de lhes oferecer mas também porque considero que este é um estágio em que eles têm todas as condições de evoluir. Cada um deles tem um doente atribuído e é responsável pelos cuidados a esse doente, o que dá "pano para mangas" e colaboram comigo nos restantes doentes do serviço. Isso faz-me evoluir também na medida em que eles me dão uma outra visão sobre os cuidados. Porque aprendem hoje novos paradigmas e classificações, porque me fazem relembrar os conhecimentos-base que sustentam a nossa prática e porque me obrigam a ir estudar para me manter ao nível que eles exigem.
Esta coisa de ser orientador, apesar de nos oferecer algum trabalho ao qual não estamos habituados, é muito interessante de se fazer. A ideia não é sermos professores, não no sentido clássico do termo! Essa função fica para os docentes da escola. A nós cabe-nos fazer a ponte entre o teórico e o prático, a operacionalização do que vem descrito nos livros que na maior parte das vezes, não é exequível! Nós lidamos com a situação real, em que o teórico nem sempre funciona como está descrito nos manuais. Nós podemos colocar os alunos em situações problemáticas reais e eles podem lidar com todas as limitações que uma situação real nos coloca. Nós podemos colocar os alunos a pensar. Porque a Escola não nos ensina a pensar, antes a memorizar.
Que os meus alunos tenham sucesso neste estágio é o que desejo mas, mais que isso, desejo que no próximo estágio eles sejam ainda melhores graças ao que aprenderam neste!

Flagelo Feminino.

Na minha linha de trabalho deparo-me muitas vezes com um flagelo feminino que não é devidamente valorizado. Uma trágica situação feminina ao nível da burka, da não-emancipação da mulher, da desvalorização social feminina: refiro-me obviamente às unhas fracturadas!
Recebo muitas mulheres em desespero por terem partido ou arrancado (total ou parcialmente) acidentalmente uma das suas arranjadas unhas. E fico com o coração partido... É que não é sensação mais cortante que receber uma histérica mulher em brados lancinantes pela terrível alteração da sua imagem corporal. É algo que não escolhe idade nem condição social, não distingue entre beleza e fealdade, entre elegantes e matrafonas. Simplesmente acontece.
Este é um problema que me toca particularmente porque eu gosto de unhas arranjadas nas mulheres. De preferência naturais, com uma cor apenas e não muito mais compridas que a extremidade dos dedos. Discretas portanto. Uma bela unha natural bem tratada e saudável é bem mais excitante que a espanpanante unhaca de gel!! O problema da unhaca de gel é que veio democratizar e, eu diria, até descredibilizar a unha atraente como símbolo de uma mulher elegante. O que é que isto quer dizer? Que agora qualquer matrafona me aparece com uma unhaca de 10 cm onde mandam desenhar verdadeiros vitrais manuelinos. E são estas matrafonas que partem as unhas e que entram por aqui aos urros! Porque as usam demasiado compridas e porque, normalmente têm empregos primários na área da prestação de serviços de limpeza, alimentação, jardinagem, etc. O que não quer dizer que não possam usar unha arranjada mas... há coisas que não combinam! Hoje, por exemplo tive duas clientes com problemas do foro ungueal: uma era desdentada e outra cheirava mal! Não bate a bota com a perdigota! Existem aquela com enooooormes unhas gritantes de cor, cabelo apanhado, enooormes argolas nas orelhas, tops apertados que revelam a lingerie, gangas gastas e apertadas até ao osso e botas pretas de cano alto e stilletto de 15 cm: também não resulta! Urge avisar essas mulheres que há coisas que não são para elas e que as unhas não são fresas para lavrar a terra e, logo, não precisam de tanto comprimento.
E este é o verdadeiro flagelo! Porque a unha arranjada não é um mero acessório de moda! É antes um símbolo de classe, de elegância, de beleza que nem todas as mulheres sabem ou podem aspirar a ter...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Papa Bélico.

Leio hoje no sempre insuspeito e imparcial Correio da Manhã que o Santíssimo Padre Bento XI, a.k.a. Cardeal Ratzinger, estará protegido em Fátima por várias baterias de misseis terra-ar do Exército e em Lisboa por fragatas da Marinha que estarão no rio Tejo.
Ora, isto faz-me muita confusão mental pois misturar cerimónias religiosas com artilharia pesada é algo que não bate... é como comer sardinha assada e beber coca-cola! Não resulta. Para quem tem por missão a conciliação entre os povos e transmite uma mensagem de paz... Que ele ande lá no Papamobile com vidros blindados até percebo, porque maluquinhos há em todo lado e sempre são uns milhares para vigiar, agora MISSEIS?!?! Não tarda vamos começar a ter cristãos-bomba que, em vez das tradicionais velas de cera vão para Fátima com velas de dinamite.
Parece que a Protecção Divina andas pelas ruas da amargura e já não dá garantias...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Elogio à Mediocridade.

Quando toda a gente fala do "Achas Que Sabes Dançar?" e dos seus cromos, eu não consigo deixar de pensar (uma e outra vez, sempre que há um "realtity show" ou um concurso de busca de talentos) que neste país se premeia a mediocridade.

Hoje, no programa da manhã da SIC, entrevistava-se um dos cromos do programa de dança. No casting ele fez figura de urso, fez perder o tempo do júri e dos concorrentes que realmente sabiam dançar , foi naturalmente eliminado mas saiu de lá convencido que era o melhor. E, no entanto, lá andava ele a arrastar-se pelo chão do estúdio da SIC para gáudio do público e dos apresentadores.

Entristece-me que alimentem as ilusões dessas pessoas que algum trauma psiquiátrico devem ter, entristece-me que alguém se divirta com as figuras tristes dos outros mas, acima de tudo, entristece-me que se faça o Elogio da Incompetência. Alguém vê entrevistas de gente que persegue o seu sonho desde criança, que é de facto bom naquilo que faz e que trabalha todos os dias mas que não tem oportunidades para mostrar o seu talento? Não. O que interessa é que sejamos o entretém da malta. Isto explica em parte o fracasso deste país: o Elogio à Mediocridade.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Depois do Luto...

...pela abrupta perda do meu companheiro de corrida, o meu iPod, posso agora falar sobre o contexto em que se deu o trágico acidente! A Nike organiza treinos livres de corrida, com a presença de monitores e de atletas profissionais. Depois de alguns meses em Lisboa chegou a vez da margem sul! O encontro foi no Almada Fórum, na loja The Athlete's Foot, onde pudemos escolher os ténis que gostaríamos de experimentar no treino! Assim uma espécie de test-drive dos topo-de-gama da Nike Running!
Seguimos depois para o Parque da Paz (um enorme parque verde no coração de Almada, mesmo ao pé do Almada Fórum e da A2) já em passo de corrida. Bom tempo, ténis fantásticos nos pés (quero!!) e um ritmo de corrida bem lançado e... eis que subitamente o grupo está reduzido a umas 7 pessoas, num total de 20!!! Enfim, as pessoas tendem a ter expectativas optimistas acerca da sua forma física e a maioria resolveu que estaria pronta para o grupo intermédio (eram três: iniciados, intermédio e profissionais) quando eram, na verdade meros iniciados!! Ainda pensei ir com os pro's mas pensei que 8 meses de corrida ainda não são suficiente para aguentar o ritmo de um profissional como o Rui Silva!!
No final ofereceram águinha fresca, Isostar e fruta e fiz ainda uma análise biomecânica da minha passada em corrida. Fiquei contente por saber que a minha é uma passada neutra, logo menos propensa a lesões!!

Mas deixo as imagens falarem por mim!!
Inscrição e escolha dos ténis a experimentar!

Admirando o meu belo... par de ténis novos!!

Em plena rotação!

Estica! Esticaa!!

No próximo sábado, dia 1 de Maio, mais um treino! Apareçam!

sábado, 24 de abril de 2010

Triste...

Perdi o meu iPod.... a minha companhia de tantos quilómetros e tantas corridas... o meu confidente silencioso... o meu principal motivador quando o corpo já não queria mais...

Agora preciso de um novo companheiro. Alguém tem um iPod Nano que não use e que queira vender? Alguém me quer devolver a felicidade?

Anyone?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Existe uma Resposta Correcta?

Como é que se diz a alguém "A sua mãe vai morrer. Pode ser hoje ou na próxima semana, mas vai morrer nos próximos dias."? Assim, de uma forma crua e desprovida de "amortecedores" emocionais ou de uma maneira subtil, indirecta, subentendida?
Nos últimos dias tenho acompanhado a evolução de uma senhora de oitenta-e-muitos com um tumor cerebral. Ele tem sido uma companhia incómoda mas inofensiva nos últimos anos mas resolveu manifestar-se. A evolução destes casos costuma ter uma história e um desfecho conhecidos. Esta senhora é a matriarca de uma família diferenciada, educada, brasonada. E, desde o início os filhos indagam acerca da evolução deste caso. E nós, enfermeiros, lá vamos dizendo que é sempre impossível fazer previsões e que até pode acontecer uma recuperação mas que, a nossa experiência nos diz que o final estará próximo. E eles, dia após dia, turno após turno lá perguntam "E como está a minha mãe hoje?". E ela lá está, deitada, edemaciada, entubada, com bombas e monitores á volta da cama, a respiração cada vez mais difícil. Volto a explicar, como tantas vezes antes, que o prognóstico não é bom, que devem preparar-se para o pior. "E as análises estão boas? Não fazem outra TAC?" e eu explico que neste momento as nossas preocupações se situam ao nível do conforto, alimentação e controlo da dor da senhora. Se eles compreenderam a mensagem? Não me parece. Desisto e remeto-os para o médico enquanto eles insistem em saber os resultados das últimas análises. E é cada vez mais claro que estas pessoas não estão preparadas para a perda que lhes surge no caminho.
Um caso semelhante, uma esposa que ansiosamente esperava pelo regresso do marido da luta com uma dessas doenças que, mais cedo ou mais tarde acabam por ganhar o duelo. O homem estava mal, muito mal mesmo e o ar que se respirava no quarto estava impregnado de morte. A mesma questão de sempre "O que estão a fazer para salvar o meu marido", "Ele abriu os olhos", A mão dele chamou-me" numa ansiedade regada a lágrimas e desespero. O senhor estava agónico há dias e era penoso para todos vê-lo assim. Menos para ela, aparentemente. "Compreenda que o seu marido está a sofrer. Olhe para ele, olhe. Não há nada mais que possamos fazer..." e sou interrompido pelo filho de ambos, sempre calado e reservado "O que o Enfermeiro quer dizer Mãe, é que o pai vai morrer esta noite. Não é isso Sr. Enfermeiro?", "Nesta noite, amanhã de manhã quem sabe? Mas sim, o senhor vai morrer." Foi a primeira vez que disse essa frase a alguém de forma tão directa. O senhor morreu comigo nessa noite.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Apologia do Vício.

Há algum tempo atrás deparei-me com este texto, extremamente bem escrito e fundamentado e que faz a apologia dos fumadores. Saliento desde já que não sou nem pretendo ser um fundamentalista anti-tabaco, que de fanatismos está o mundo farto e já não há pachorra! No entanto...
Não posso dizer que nunca fumei. Fi-lo aliás, numa época da nossa juventude em que todos o fazemos por umas ou outras razões: porque dá estilo, um ar rebelde e revoltado, porque queremos impressionar alguém. Mas foi coisa que não durou. A Lei do Tabaco aprovada há não muitos anos atrás veio repor alguma justiça na utilização de espaços públicos. Antes dela era virtualmente impossível comer um pastel de nata e beber um café sem assassinar uns milhões de células pulmonares e fumar, passivamente, o equivalente a vários cigarros. Porque, antes desta súbita demonização do tabaco, havia um certo sentimento de "se-não-estás-bem-muda-te" por parte dos fumadores em relação aos não-fumadores. Lembro-me de estar a receber ou a passar o turno no hospital envolto numa fumarada pior do que a do vulcão islandês! E nessa altura já era proibido fumar nos hospitais!! Mas havia sempre a "sala de fumo" e um sentimento de impunidade e, já agora, de "ai que chato este gajo que não deixa fumar um cigarrinho descansados"! Hoje o ar é limpo nos hospitais e outros locais públicos e todos podemos escolher bares e cafés livres ou não de fumo. E assim é que se está bem pois ninguém se pode queixar de discriminação!
Abordada que está a questão do fumo em espaços públicos, chega a hora de desconstruir uma certa ideia instalada de que "o que faço em minha casa só a mim diz respeito!". Porque o acto de fumar acarreta com ele consequências graves, não só para o indivíduo que fuma mas também para a Sociedade. Está mais que estudado e divulgado o efeito do tabaco na saúde de quem fuma. E também está calculado o que se gasta com os tratamentos de doenças relacionadas com o consumo de tabaco. Os fumadores dirão que descontam para a Seg. Social mas isso também os não fumadores e se, como se costuma dizer, vícios não se pagam a ninguém penso que não devemos pagar os tratamentos decorrentes desses vícios. E, acreditem, o que se desconta numa vida de trabalho não chega para pagar esses tratamentos! "Morrer ou ficar gravemente doente também posso ficar se, ao sair de casa for atropelado!", este argumento, muitas vezes usados pelos fumadores, rebate-se apenas pelo facto de o atropelamento, neste exemplo, ser algo acidental enquanto que uma doença pulmonar num fumador será tudo menos acidental! Que direito terá um fumador com uma doença pulmonar grave a um transplante pulmonar? Se foi alguém que durante anos assassinou os seus pulmões? O mesmo se aplica a outros vícios, como o álcool. Que direito terá alguém que bebeu durante décadas a um fígado novo, se em consciência destruiu o seu próprio fígado?
Penso que aqui o problema se coloca ao nível social, mais uma vez. É que, por razões históricas, drogas como o tabaco e o álcool são consumidos livremente mesmo sabendo-se dos seus malefícios. Pergunta: se o ópio, a heroína, a coca, o haxixe tivessem o mesmo percurso histórico seriam hoje drogas socialmente aceites? E se fossem liberalizadas e o seu cultivo e distribuição fossem regulamentados e taxados (como é o tabaco), existiria a criminalidade associada ao consumo? Nas épocas em que álcool e tabaco foram proibidos (Lei Seca, por exemplo) o preço e taxa de consumo subiram consideravelmente! Mas isso seria uma outra discussão...
Enfim, são apenas considerações e perguntas retóricas mas que podem servir para que os fumadores compreendam que, por muito que afirmem que esse é um problema que só a eles lhes diz respeito, o certo é que isso não é exactamente verdade!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Vendas Agressivas.

"Adoro esses ratos de esgoto
Que disfarçam ao pilar
Como se fossem mafiosos convictos
Habituados a controlar"

Reconhecem estas palavras? O Reininho é que sabe! Cada vez que ouço este belo poema musicado pelos GNR não consigo deixar de me lembrar de um grupo de profissionais que saltita pelos hospitais: os Delegados de Informação Médica! E como me irritam esses seres...

Elas são normalmente bonitas e elegantes ou, no mínimo com boa presença e Eles sempre no seu fato impecavelmente engomado e sapatos engraxados. Na verdade, o pomposo nome Delegado de Informação Médica é sinónimo de Vendedor. Porque, na prática é isso que eles fazem, tentam vender um produto. É uma profissão tão honrada como qualquer outra. O que me irrita nestes vendedores, como aliás nos outros vendedores porta-a-porta, é a sua insistência e a sua postura de... fuinhas. A melhor imagem que encontro é a das suricatas. Sabem, aquele bichinho tipo rato do deserto que espera pela melhor oportunidade para ir arranjar comida? É mais ou menos.

Na prática: numa Urgência os médicos devem estar a observar doentes. Certo. Não devem pois ser incomodados por alguém que lhes queira impingir algo! Certo. A Administração proíbe que os Vendedores visitem os Médicos na Urgência. Certo. Os vendedores contornam a Urgência e vigiam, quais abutres, a saída interior da Urgência que dá acesso à zona reservada a profissionais. Na verdade, é a táctica de "incomodar até à exaustão". Já nas enfermarias têm de ser corridos dos corredores várias vezes, incomodando quem tenta trabalhar e só se retiram quando chegam à fala com o médico. Saliento que existem normas que estes seres devem cumprir mas isso...

Mas o pior é que não se trata de convencer os médicos que o produto deles é o melhor. É antes COMPRAR o médico! E isso foi claramente exposto pelo famoso "congresso" na Tailândia onde os Drs. andavam a brincar aos piratas! Expliquem-me como é que o acto de trazer o jantar aos médicos todas as noites (com o devido cartão da empresa colado nas caixas) contribui para o facto de o médico perceber a eficácia do medicamento em causa? Que lhes entreguem toneladas de tralha publicitaria como canetas, blocos de notas, tapetes para ratos, calendários de mesa, agendas, pen usb, sacos térmicos, clips, marcadores, etc., etc., etc., só me preocupa porque isso vai tudo parar ao lixo sem ser separado! Mas quando uma empresa farmacêutica descobre que um médico tem o carro na oficina e prontamente se oferece para lhe "emprestar" um carro ou quando outra empresa desse tipo oferece a uma médica electrodomésticos para a sua nova casa, algo se passa.

Mas pronto. É o mundo em que vivemos. O que me irrita mesmo é aquela postura fuinha, manipuladora, pretensamente submissa que serve mais a vendedores de aspiradores e de banha-da-cobra do que a Delegados. Mas um vendedor será sempre um Vendedor.

terça-feira, 20 de abril de 2010

S.O.S.

SOCORRO!
SOCORRO!
A minha existência, inteligência, sanidade mental e o meu TEMPO (oh! precioso tempo!) estão a ser sugadas por projectos-de-enfermeiros ansiosos, apelativos, inseguros!!!
HEEEEEEELPPP!!!
(suspiro)
(agora que já desabafei e respirei um pouco vou voltar para a sala e tentar, tentar digo-vos eu!, ajudar a que eles aprendam alguma coisinha...)

domingo, 18 de abril de 2010

O que sabemos quando temos 20 anos?*

Em conversa com uns das minhas alunas descubro que a Enfermagem foi uma das opções num leque que também incluía a Arquitetura. Ou seja, como ela própria admitiu, havia uma vasta área de interesses e calhou Enfermagem! O que me desespera é como miúdos de 20 anos se enfiam num curso que está entupidíssimo, onde não há emprego para todos, onde as privadas dominam e que não tem futuro como carreira! Que me desculpem os meus colegas mas temo que a Enfermagem venha a tornar-se cada vez mais aquilo que era nos anos 50 (meros aplicadores de técnicas sem autonomia) do que aquele futuro brilhante e independente que nos pintam no curso. A diferença está no facto de que hoje nos obrigam a estudar durante 4 anos.
Visões fatalistas à parte, o certo é que esta aluna de quem vos falo tem a noção exacta da situação dos enfermeiros em Portugal e, mesmo assim, insiste em completar o curso. Calculo que sinta o mesmo que senti quando iniciei o meu próprio curso: "Quando chegar a minha vez as coisas estarão melhores e eu farei tudo para que isso aconteça!". Optimismo ou ingenuidade? Decidam vocês. Eu, no que me diz respeito se soubesse o que sei hoje (céus, como detesto esta expressão!) teria escolhido outra vida, outro emprego, outra área de trabalho. Mas, enfim, a vida empurra-nos e pressiona e somos forçados a tomar decisões importantes demasiado cedo! Afinal, o que sabemos da vida aos vinte anos? Dos nossos interesses profissionais, daquilo em que gostaríamos de trabalhar o resto da vida? Nada. Eu, pelo menos, não sabia!
E hoje? Hoje não desgosto do meu trabalho mas consigo imaginar-me a fazer outras coisas... No futuro pretendo dar aos meus filhos as ferramentas que lhes permitam escolher com a maior consciência possível das sua opção: tempo e uma visão o mais global possível daquilo que é o mundo no seu tempo. Se eu posso mudar de vida? Posso. E mais cedo do que muitos imaginam.
*Ou, "A minha desilusão com a Enfermagem."

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Memórias...

Acabo de ver uma senhora que, por acaso, é professora primária. Estava ela guiando os nossos futuros primeiros-ministros, cientistas e génios em geral quando se apodera dela um grande mal das professoras primárias: a macacoa!
Não sei se têm esse conceito mas eu divido as professoras primárias em dois grandes grupos: as professoras calmas, meiguinhas, que falam sempre docemente com os seus meninos e os guiam através do carinho e as outras, as loucas desgrenhadas que falam aos guinchos estridentes e que guiam os alunos como um rebanho de gado: aos berros e ao chicote. Não sei porquê (talvez pelos cabelos desgrenhados, a maquiagem exagerada e o discurso histérico?) julgo que esta senhora pertence ao segundo grupo. E mais certo disso fiquei quando a senhora afirma que os seus alunos estão sossegados na sala de aula sem a supervisão de um adulto, enquanto ela está deitada numa maca de hospital de seios desnudados enquanto um jovem e bem-parecido enfermeiro lhe faz um ECG! Custa-me a acreditar. Porquê? Bem, porque são crianças!! Do 4º ano, logo devem ter uns 10 anos! Quantos grupos de crianças com 10 anos vocês conhecem que ficam sossegados numa sala de aula sem a presença do professor? Pois. Mas a senhora professora assegura-me que sim! E isso, numa espécie de visão do Eli Stone, transporta-me à minha infância...
Estou agora na antiga escola primária. Invade-me o cheiro a madeira corroída pelas traças misturado com o pó que nunca se conseguia limpar. Sinto a madeira polida pelos anos e anos de uso daquelas carteiras do tempo da outra senhora. Nas paredes temos mapas de Portugal e do corpo humano, alguns trabalhos e um enorme crucifixo com um Cristo de olhar esgazeado que me metia sempre medo. Aliás, ainda me assusta hoje! E lá está Ela. O seu cabelo desmazelado ergue-se em direcção ao tecto e tem a forma de um enorme ananás, os lábios pintados num vermelho escarlate gritante, os olhos delineados com um negro profundo, gorda com enormes mamas que apoia (com alívio!) em cima da sua enorme secretária. Está possessa e guincha como um porco prestes a ser sangrado. Enormes perdigotos saltam da sua boca em direcção ao menino que se encolhe à sua frente! Levanta-se e dirige-se ao canto da sala... NÃO! Paramos todos de respirar, o ar fica pesado, uma menina soluça na fila da frente. A gorda dirige-se ao armário do canto e agarra, triunfante!, no objecto do seu desejo, do seu prazer! A Régua... um cabo robusto e grosso subtilmente fálico que ela agarra com deleite que culmina numa enorme bolacha perfurada. Ela vira-se lentamente com um sorriso raro nos lábios e, num breve instante consigo vê-la lamber os lábios... Arrasta-a a sua enorme e flácida carcaça em direcção ao menino que, instintivamente estica um braço enquanto fecha os olhos e encolhe o resto do corpo. Ela agarra a mão dele gentilmente, num gesto quase carinhoso, eleva a Régua e....
Volto a realidade, na minha sala de tratamentos. A Professora discorre sobre como os seus alunos já a conhecem, como ela os "educou" e como eles são meninos aplicados e disciplinados. Sinto um arrepio na espinha e dou por mim a esconder as minhas mãos atrás das costas.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Chamem-lhe o que quiserem

...mas o certo é que estou com uma espécie de "bloqueio criativo" típico dos artistas. Enfim, está tudo bem, o Gabriel está fervilhante de energia, a Mariana e a sua barriga nem tanto e o David está a desenvolver bem na sua piscina de água quente com serviço personalizado. Tenho tido ideias para belos textos, ideias que seria normalmente capaz de desenvolver com alguma facilidade mas, na hora da verdade... NADA! Não me sai nada desta cabecinha oca.
Continuo a correr, cada vez mais, cada dia com mais prazer! Parece que ultimamente só me interesso por isso, além claro dos dias com a família, pela corrida. Aqueles cerca de 50 minutos que passo na estrada são uma espécie de "zona sagrada" onde sou só eu, a estrada e os meus pensamentos. E não sei se são as endorfinas mas tenho pensamentos bem marados nessa altura! E, numa dessas alturas percebi: existe algo, uma certa energia negativa com quem me tenho degladiado nos últimos dias. Uma sombra, uma sensação fria no estômago, uma ânsia. Enfim, algo que eu reconheço de fases menos boas da minha vida. Se algo está mal? Não, pelo contrário tenho vivido dos dias mais alegres da minha vida mas julgo que se trata de uma ansiedade por antecipação. Por algo que só acontecerá dentro de alguns meses (e não, não é o nascimento do David) e que coloca toda a minha (nossa) vida em jogo. É algo que todos ansiamos.
No plano profissional, same old same old, os mesmos problemas, as mesmas pessoas, as mesmas rotinas. Sinto que o barco vai abanar em breve mas tenho-me preparado. Contudo, misteriosos caminhos, eis que me dão a responsabilidade de orientar dois alunos em estágio até ao próximo mês de Junho! Nada mau, nada mau! Além de quebrar a rotina talvez forneça histórias giras para escrever aqui no blog!
Resumindo, meus amigos: está tudo bem, o puto ainda não nasceu (semana 28 e a contar!) e não estou deprimido. Há apenas uma porcaria qualquer que me empena as engrenagens! See you soon...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Procrastinando...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Em branco.

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Favoritos.

Painel do Blogger.

Cheirinho a Éter: nova mensagem.
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Frustrado olho para o fino cursor negro que pisca irritantemente no enorme espaço branco.
Em branco.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Tenho andado desaparecido não é? Pois.