sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Gabriel já sabe contar*

Enquanto preparava o Gabriel para dormir ouvi um som, tipo breve ventania...
"Pai. Dei três "puns"..." disse ele enquanto espetava 4 dedinhos de uma mão.
"Isso não são três filhote, são quatro." respondi tentando que ele corrigisse os dedos da mão.
E então ele deu outro "pum".
Ou, "Cheirinho a... Matemática"!

O Invejoso Fado Portuga.

No milionário mundo do futebol são figuras principais dois portugueses: CR e Mourinho. Na minha opinião são os dois os melhores na sua área. Cristiano Ronaldo (a sua forma de falar e de vestir e a sua vaidade não têm nada a ver com isto) é o melhor jogador do mundo.Messi é divinal, consegue fintar uma equipa dentro de uam cabine telefónica mas o futebol não é só isso. CR finta, corre, sprinta, defenfe, marca com o pé direito, com o esquerdo, com a cabeça e ainda "saca" daqueles livres directos que deixam o guarda-redes pregado no relvado! É o mais completo jogador de futebol da actualidade e é português.
José Mourinho é um profissional por excelência. Faz do futebol uma ciência e eleva-o a outro patamar. Estou convencido que, em muitos casos, Mourinho conhece melhor as equipas adversárias do que os treinadores que as orientam! E isso faz dele o melhor! E por ter dado o que deu ao FCP estará sempre no Olimpo dos Portistas independentemente da forma pouco elegante como saiu do clube. E é português.
Agora, expliquem-me porque me deparo sempre com tantos ataques a estes dois Portugueses? Mas alguém acredita que, num mundo onde se exigem resultados e desses resultados se retiram milhares de milhões de euros, quer CR quer Mourinho são apenas produtos de marketing? Não. Estes dois portugueses estão onde estão porque trabalham, porque investem na sua forma, porque se dedicam ao máximo e porque nunca estão satisfeitos. Egos à parte, são dois Portugueses que elevam o nome e a imagem deste triste rectângulo solarengo. E olhem que bem precisamos! Mas é este o nosso Fado: maldizer os nossos e enaltecer qualquer vulgaridade que venha do estrangeiro.
É a inveja senhores, a inveja.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sandro.

Quando a miúda entrou na minha sala, agarrada à barriga de grávida redondinha e empinada nada faria prever o que se passou a seguir. Queixava-se de uma dor no fundo da barriga e tinha vindo da consulta do obstetra esta tarde e o médico tenha feito o "toque". Disse-me que estava de 32 semanas de gravidez e que não tinha ainda rompido as águas. A dor erá incómoda e ia e voltava "ás vezes". Suspeitei de contracções reactivas ao tal "toque". O médico concordou comigo e encaminhou a miúda (18 anos) para o Urgência Obstétrica. Quando os bombeiros chegaram, a bombeira de serviço estava renitente a levar a doente porque temia que o parto se desse pelo caminho. "Ouve! Garanto que o bebé não nasce contigo! Se nascer eu serei o padrinho!!" disse-lhe em tom de brincadeira. E lá seguiram, bombeira e grávida.
Minutos depois a bombeira irrompe pela sala "RÁPIDO, RÁPIDO, O BEBÉ VAI NASCER!!!". Uma hesitação breve para processar esta informação e saio a correr atrás dela! Entro no cúbiculo da ambulância e deparo-me com o chão cheio de sangue, o bombeiro siderado, a grávida a chorar e um bebé já com os bracinhos e o tronco deste lado do mundo! Ele está calado, não respira, está roxo e envolvivo pelas membranas da gravidez. Acelera o coração e, enquanto grito por umas luvas e as calço, recordo os conhecimentos há tanto tempo arrumados acerca de reanimação de recém-nascidos. Acto contínuo puxo o resto do pequenote para fora da mãe e aperto-o com força, esfrego-lhe as costas vigorosamente. Ele chora! Respira, ganha cor, berra como se tivesse interrompido o seu soninho. A bombeira emociona-se, mas ainda não acabámos. Precisamos de cortar o cordão umbilical. Não há pinças na ambulância. Peço ao bombeiro que as venha buscar à minha sala, ao meu colega. Pinçamos o cordão, corto-o. Pego no miúdo ao colo e ele abre os braços. Sei que é apenas um reflexo do recém-nascido, que é normal mas prefiro interpretá-lo como uma saudação, um "obrigado". Coloco-o no colo da mãe.
"Como se vai chamar o menino?"
"Sandro."
Que tenhas uma boa vida Sandro!
(não deixo nunca de me surpreender com a frieza que me invade es situações de stress, como já o descrevi aqui. Mas agora a excitação tomou conta de mim! Foi o meu primeiro parto!)

Fait-divers com interesse zero.

O "Cheirinho a éter..." é cada vez mais visitado por baby-bloggers. Somos, portanto, um blog baby-friendly.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Bem-aventurada a mulher que dá Homens a este mundo!

No caso da Elisabete Martins (olá vizinha! Quinta do Conde rules, yeah!!) o problema que se coloca encontra-se ao nível da pontaria.

"O que me lixa a mim, que tenho 4 rapazes, não é o tampo estar para baixo ou para cima. Não! São as pintas gordas de mijo que deixam espalhadas nas bordas da sanita ou melhor no adereço. Irra! Não consigo que eles deixem tudo limpo. Que porcos! Que me diz a este problemazinho, meu caro?"
Vizinha, antes de mais permita-me que a congratule pelos seus 4 Homens! Como se sentiria se eles urinassem sentados? Como explicaria o vexame a que eles seriam submetidos se esse comportamento fosse descoberto pelos seus pares? É a própria que define esta questão como um "problemazinho" e, em boa verdade, é disso que se trata. Somos criados, socializados, aculturados de uma determinada forma. Contudo, há impulsos ancestrais que não conseguimos reprimir. Para um homem, urinar de pé é um desses impulsos. À orgulhosa mãe de tão promissoras crianças cabe o papel de valorizar esse comportamento, mesmo que isso implique um ligeiro, quase inexistente, incómodo. Certamente que os meninos não deixam lagos amarelos pela casa e, mais uma vez, fazendo uso das suas palavras, tratam-se apenas de "pintas de mijo". Nada de mais para uma mãe que, com 4 homenzinhos cheios de energia a pular pela casa, tem certamente outros assuntos com que se preocupar.
Contudo, não é demais cultivar o cavalheirismo deles e incentivar a que passem um pedaço de papel higiénico pela sanita, se acaso ocorrer uma falha de mira e se falharem o alvo! Deixemos crescer as crianças!




Desconstruindo argumentos fraquinhos.

Da Naná chega esta questão, ainda relacionada com a palavra começada por "S":

"Miguel, estava eu na sanita, quando me chegou esta dúvida existencial... quando te dá uma real cag... sentas-te, certo?! Nessa altura não fazes um xixizinho?? E fazes sentado ou não fazes???!!! Isso diminui a macheza ou não??? Gostava de saber a tua posição sobre isso!...Eu só me tenho a queixar do seguinte: como trabalho nas obras, sou sempre a minoria, mas há sempre dois wc's: um masculino e outro feminino. E ainda gostava de saber porque raios os homens gostam de vir "arrear o calhau" no wc feminino... pró xixizinho a deles serve... mas pró cocózinho, é a nossa que procuram! Será que é por termos o tampo da sanita baixado e assim não dá trabalho a baixar??"
Caríssima Naná. Esse foi um argumento esgrimido também por uma amiga aquando de uma acesa discussão sobre o tema. Lamento mas o argumento é fraquinho! Fraquinho mesmo. Quando um gajo vai cagar, um gajo vai cagar e senta-se. Logicamente se a bexiga quer funcionar então que funcione! E, neste contexto de "cagar/mijar" não é um atropelo à masculinidade na medida em que a mijinha aqui é algo puramente acessório. É como tomar café e pedir um daqueles mini pastelinhos de nata. Pedir um café com um desses pastelinhos a acompanhar, tudo bem, é um complemento ao café, ao almoço que até nem era grande coisa. Já chegar a um café e dizer "Ó faxavor! É um desses mini pastelinhos de nata, pouco queimado e com canela." isoladamente não funciona e, à semelhança de mijar sentado, também diz muito acerca do homem que o faz!
Sobre essa questão de os homens do trabalho da Naná preferirem o WC feminino para aliviarem a carga, a explicação é simples. Trata-se de um momento em que o homem, aproveitando aquele momento de prazer e libertação de tensões, tenta interiorizar uma pequena parte do íntimo feminino. A disposição do espaço, a textura do papel higiénico, o odor libertado pelo ambientador escolhido, o ambiente intrinsecamente feminino que ali domina. O Homem-das-Obras, o mais directo descendente do Homem-das-Cavernas, é um ser essencialmente empírico e intuitivo. O seu raciocínio está treinado para elaborar frases simples mas carregadas de duplo sentido, tais como: "És como um helicóptero! Gira e boa!", apenas para dar um exemplo. Por isso, para esses homens satisfazer essa necessidade humana básica que é evacuar reveste-se de um sentido pedagógico quando realizada no WC feminino.
Sempre aqui para vós,
Miguel.

NÃÃÃÃÃÃO!

COMO FUGIR A TANTOS SPOILERS SOBRE O FINAL DE "LOST"???? Não quero ler, não quero ler, não quero ler, não quero saber....

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Um número redondinho.

200. São já duzentos os seres lindos-de-morrer-a-transbordar-sensualidade que seguem isto! É curioso porque com o aumento dos seguidores diminuem os comentários... estaremos perante um caso de elevação do autor deste blog a guru dos tempos modernos? Serão os textos aqui escritos de tal forma eloquentes e complexos que os comentários que merecem são apenas um acenar afirmativo com a cabeça e um "hmmmmm" introspectivo que só os filósofos conseguem arrancar a quem os segue? Hmmmmmm...
Enfim (e a ideia nem sequer é original) estamos abertos a sugestões acerca do tema a que deve ser submetido o texto comemorativo dos 200 seguidores do "Cheirinho...". Talvez assim voltem os tempos áureos dos muitos comentários a que estava habituado. Enfim, a crise chega a todo o lado!

(Adenda: houve um que se foi. Engraçadinho.... mas a proposta mantém-se.)

The "S" Word.

Eis que voltamos ao tema que, cada vez mais me convenço, será o eterno dilema irresolúvel entre Homens e Mulheres. A diferença que pode fazer quebrar a mais sólida das relações, o factor que destabiliza qualquer compromisso. Numa conversa entre amigos (e amigas!) constato que a palavra que começa por "S" (temo só de a escrever) é sempre, mas sempre!, tema de aceso debate entre as Venusianas e os Marcianos. Refiro-me, como já será óbvio para todos à palavra s.... sanita! Sexo? Não. Sanita mesmo. Nunca um pedaço de tão alva porcelana causou tantas altercações no seio de um casal.
Logo à partida, muitas mulheres gostariam de alterar um comportamento masculino básico como é o acto de urinar de pé! Porque isso é muito mais que um comportamento de eliminação de resíduos! É antes um momento íntimo do Homem com o seu melhor Amigo, com uma parte muito importante do seu ser, com a sua virilidade! O que é que o comportamento de urinar sentado diz do homem que o pratica? Reparem que escrevo "homem" com "h" minúsculo numa clara analogia com a virilidade de tal... homem, vá. Urinar de pé é mais do que simplesmente "prático", é uma afirmação de masculinidade ancestral e arrisco até a dizer que os homens que se sentavam para mijar foram eliminados pela evolução humana. Porquê? Simples, estavam assim mais desprevenidos a ataques de animais ferozes e morriam com mais facilidade. Darwin dixit! Quase consigo imaginar um garboso e robusto homem das cavernas vigiando o território inóspito enquanto dá uma mijinha! Numa mão a rudimentar lança de sílex e na outra o garante da reprodução da espécie! Diz-me uma amiga que, nos jardins-de-infância de hoje incentivam os putos a urinar sentadinhos... sobre isto apraz-me dizer: MASQUÉSTAMERDA???
A questão da tampa-levantada vs tampa-baixada será sempre uma questão por resolver. Queixam-se então as senhoras que nós, homens que urinam orgulhosamente de pé, nunca baixamos o tampo da sanita. Deviam antes considerar qual a razão pela qual a levantamos. Levantamo-la para limitar qualquer acidente de mira que possa ocorrer. Ou seja, fazêmo-lo em consideração a elas, mulheres, num acto de clássico cavalheirismo. E como somos retribuídos? Com queixinhas. Por outro lado, algum homem alguma vez se queixou porque quando foi mijar a tampa da sanita estava em baixo? Não. Limitamo-nos a levantá-la e a fazer o nosso servicinho! Sinceramente, parece ocorrer aqui um claro caso de perseguição feminina.
Enfim, estou convicto que este será uma questão para ser resolvida nas gerações vindouras, muito embora me pareça que será difícil. Pela parte que me toca, enquanto pai orgulhoso de dois Homens, farei ponto de honra que eles mantenham orgulhosamente esse comportamento tão definidor dos Homens que somos e da nossa indubitável masculinidade: mijar de pé!
Tenho dito.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Miss Fotogenia.

Ao contrário de Barney Stinson eu tenho uma má relação com as máquinas fotográficas. Enfim, é rara a foto que me faz justiça! Ou fico com os olhos semi-cerrados como se estivesse fortemente etilizado ou como se tivesse fumado erva da má, ou fico com a boca aberta ao ponto de me vislumbrarem o estômago ou então sou apanhado naquele milésimo de segundo em que a minha posição corporal pode ser interpretada de maneiras mais... brejeiras!
Nas fotos de grupo, em jantares e saídas com amigos fico sempre com aquele ar de campónio-que-nunca-saiu-à-rua-e-agora-está-livre e, quem não me conhece pode ficar com a impressão que na verdade, aquele parvinho que parece tão desfasado do resto do grupo tem uma ligeira oligofrenia. Já para as fotos de casamento não me apanharam desprevenido! Tive meses e meses para me preparar e treinar o meu melhor sorriso para depois aplicar nas sempre duras fotos do casório. Se correu bem? Não. O sorriso está lá mas parece que estou a ter uma espécie de ataque de tétano tal é a rigidez dos maxilares e, a bem dizer, do resto do corpo que, na maioria delas parece gritar de tanta tensão e de tamanha rigidez! Confesso que no final do dia já me doíam os queixos... o que salvou as fotos desse dia tão marcante é que a Mariana tem uma relação muito especial com a câmara e parece brilhar na película roubando assim o olhar a tudo o resto que lá esteja impresso!!
Tirar fotos para documentos é outro dilema. Posar para a foto não é uma das minha virtudes e, das duas uma, ou fico com um ar demasiado sério e agressivo tipo presidiário ou terrorista procurado pelo FBI, ou pelo contrário fico com um ar descredibilizante de pateta-alegre. Sinceramente, prefiro o primeiro... A chatice está no facto de o fotógrafo nunca estar contente com a face que lhe apresento. "Levante o queixo... mais! Tá bom. Olhe ligeiramente para a direita... rode a cabeça não é só os olhos! Agora sorria... mais.... mais.... tá bom... menos, menos!! Oh..." e zás! tira a foto e manda imprimir porque está farto do meu ar parvo! Claro que acabo sempre por ter fotos com ar de esgazeado, ou de demente, ou de criminoso. A foto do meu cartão da ordem parece retirada de um qualquer noticiário onde se mostram fotos de islâmicos suspeitos de um atentado qualquer!
Na verdade minhas melhores fotos são os chamados "instantâneos" ou "momentos kodak" em que alguém dispara uma máquina sem aviso prévio! Por isso, eu até podia mostrar aqui algumas das minhas fotos mas, na verdade o ar de atrasado mental que as fotos me dão não faria jus aos textos de tão elevada eloquência que por aqui vou deixando...
SAY CHEEEEEEEESE!!!!
(também não resulta.... bah!)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Sinto-me... revoltado.

Perdoem-me voltar a isto mas há cada vez menos pachorra para estas merdas! PUTA QUE PARIU OS CIGANOS!!! Não há um turno, UM, em que não haja qualquer tipo de atrito com esta gente. Gentinha mal-cheirosa, feia, desdentada, manipuladora, agressiva, criminosa, aldrabona, burra, ignorante, tacanha, histérica. Como numa matilha de animais selvagens juntam-se e urram, uivam e berram aos quatro ventos as suas desgraças que são sempre maiores que as dos outros. Fazem da ameaça o seu principal argumento, não aceitam nada que vá contra aquilo que eles entendem que deve ser. Trabalho num sítio implantado mesmo no meio de uma área de influência cigana. Cruzo-me com eles na rua, no café, à saída e à entrada do hospital. Já não os posso ver, sinceramente. Aquelas roupas pretas e encardidas de sujidade metem-me nojo, as mulheres casadas gordas, desdentadas e de corpo disforme repugnam-me, as solteiras, magras e com ar de puta étnica irritam-me, aos putos mal-educados, mimados e arruaceiros dá-me vontade de dar chapadas, os gipsy-teens arrogantes com ares de mafiosos controladores, não posso com eles e os velhos patriarcas armados ao quero-posso-e-mando não me inspiram propriamente sentimentos de ternura típica da terceira idade.
Podia aqui descrever imensas situações de conflito causadas por este grupo de gentalha inútil mas não vale a pena. Já tirei a raiva do sistema.
Que me desculpem a meia-dúzia de ciganos decentes que decerto existirá... eu não conheço é nenhum.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mamem a jarda "Movimentos Pró-Família Medievais e Homofóbicos"!

O Presidente da República acaba de assinar a Lei do Casamento Homossexual. Não poderia ser de outra maneira. Em primeiro lugar porque se trata de um direito fundamental de qualquer cidadão, o direito à plena partilha da sua vida com quem escolher. Em segundo lugar porque este assunto ocupou demasiado tempo da nossa vida política quando, na verdade é um assunto que nem sequer devia ser discutido porque, lá está tratava-se de um atropelo à liberdade fundamentado em argumentos no mínimo medievais. Logo, o PR não devia nem podia vetar a lei sob pena de levantar uma nuvem política mais cerrada que a nuvem do vulcão islandês cujonomeéimpossíveldepronunciar.
Estes argumentos são tão válidos hoje como eram quando Cavaco recebeu o diploma. Então porquê esticar o prazo quase até ao fim? Pois. Foi só Sua Santidade virar costas e toca a aprovar leis do demo... Onde é que já se viu, deixarem casar os paneleiros?!?! Só mesmo num estado laico como Portugal.

E eu nem sequer gostava de correr!

Quando comecei nesta história das corridas não esperava encontrar-me onde estou hoje! Andava num ginásio condicionado por um horário e não via grandes resultados. Depois, por acaso, comprei uns ténis Nike e descobri o sistema Nike+. Larguei o ginásio e comecei a correr.
A primeira corrida durou cerca de 2 km e estava exausto no fim! Caramba, eu nem gostava de correr e andava, feito artista, a correr pelas ruas circundantes á minha casa! Mas mantive-me firme nos meus propósitos: precisava de ficar em forma e de emagrecer! Ficar em forma porque o Gabriel ADORA correr, correr, correr e quando se cansa... repousa um pouco (uns 30 seg.!) e volta ás corridas e eu já não tinha "peito" para aguentar o ritmo e emagrecer porque, muito embora eu nunca tenha sido gordo, havia uma inestética barriguinha incómoda que teimava em não desaparecer! E digo "havia" porque ela foi-se! Hoje, cerca de 7 meses depois da minha primeira corrida perdi cerca de 6 quilos e corri já cerca de 570 km! Hoje a minha distância confortável são os 10 km que percorro sem sobressaltos e de forma confortável.
A corrida funciona hoje como um momento de escape. São cerca de 50 min em que sou apenas eu, o meu iPod e a estrada. E a estrada nunca se queixa! A estrada fica com todas as nossas frustrações e revoltas, o nosso stress e as nossas angustias. E está sempre lá para nós! Hoje olho para a estrada de uma maneira diferente, já não é apenas uma faixa que liga A a B. Hoje olho para a estrada e descubro muitas vezes novos percursos para correr e, a correr encontro coisas que nunca vi de dentro do carro. Corro pelos trilhos interiores da mata que contorno todos os dias no meu carro e não raras vezes há coelhos selvagens que correm à minha frente por uns metros para depois se esconderem nos arbustos. Corro por um trilho que fica entre a autoestrada A2 e a linha do comboio da ponte e ali, naquela faixa de terreno que não pertence a ninguém estou tão perto mas tão longe dos carros que aceleram e do barulho do comboio nos carris. Descobri que quando corremos tornamo-nos parte da paisagem. E percebi ainda que as distâncias somos nós que as fazemos! Que fazemos demasiados km de carro, que 5 km é já ali e que aquele sítio que julgávamos tão distante fica apenas a 3 km!
Mas, durante este mês descobri que a corrida não tem de ser um exercício solitário. Nos treinos Nike Running conheci outros corredores, a esmagadora maioria muito mais experientes que eu e facilmente entrei no grupo. Porque falamos a mesma linguagem, porque partilhamos experiências semelhantes e, de repente eis que dividimos as pessoas entre os que correm e os que não correm! Descobri que se pode partilhar uma corrida e que se corre mais e melhor quando alguém "puxa" por nós. E que não há limite de atletas no jogo das corridas! Na corrida não somos nós contra eles, sou eu contra mim próprio, contra as minhas limitações e com as minhas capacidades. Aqui não há erros de arbitragem, não há túneis, não há apitos dourados. Aqui ganha quem correr mais.
No próximo dia 30 vou participar na Corrida Novas Oportunidades. São os meus primeiros 10 km em prova. Objectivos? Dar o meu melhor e perceber qual é o meu lugar numa competição. Correr para ver! A longo prazo gostaria de correr a Meia-Maratona de Lisboa de 2011. Uns (ainda) inacessíveis 21 km! Mas, por outro lado, ainda só há sete meses eu achava que nunca correria os 10 km...
(Treino Nike Runnig de 15 de Maio de 2010, Praia da Cabana do Pescador, Costa da Caparica)



quinta-feira, 13 de maio de 2010

Divagações não particularmente articuladas sobre a Igreja, o Papa e o poder da sugestão.

Como podem facilmente constatar pelo "cartoon" que serve de cabeçalho a esta página (Bill Watterson, és genial!) a minha relação com Deus é pautada por algum cepticismo. Não negando a Sua existência no essencial, não posso afirmar que sou um ateu empedernido e irredutível. Já houve tempos em que sim, em que era completamente descrente. O meu problema não é com Deus (enfim, chamo-lhe Deus por conveniência cultural mas poderia usar outro termo qualquer) mas sim com a sua Igreja. Quer-me parecer que, a existir um Deus, uma entidade superior que tudo rege e tudo domina, ele deve estar muito desiludido com a Igreja que, supostamente, ele próprio mandou fundar através do seu filho, Jesus. A primeira questão com que me deparo prende-se com o facto de Deus não ter mão nos seus cordeiros o que não abona muito em favor da sua publicitada omnipresença e omnipotência. Que Jesus tenha existido não me choca. Num tempo marcado pelo misticismo, pela ignorância, pela pobreza, pela doença e pela morte, era fácil a qualquer homem que dominasse a arte das palavras arregimentar seguidores, principalmente se esse homem não pedisse nada em troca a não ser Amor e Misericórdia. Os milagres? Enfim, quem conta um conto acrescenta um ponto e todos sabemos que o poder da sugestão é enorme. O resto é a história de um homem perseguido pelos poderes instalados por ser uma ameaça aos seus interesses. Nenhum filme ilustra melhor esta história que "A Paixão de Cristo". Esse é um filme não sobre Cristo em si mas acerca dos Homens através dele, de Jesus. E o que fizeram os Homens? Humilharam, bateram, torturaram. Quantos estavam, declaradamente ao lado de Jesus na hora da sua morte? Meia-dúzia deles. Eu saí da sala de cinema agoniado. Não pela violência gráfica montada por Mel Gibson mas antes pela visão das atrocidades cometidas pelos Homens que, sendo ficcionadas, têm sido repetidas ao longo da História.

O meu problema com a Igreja Católica é que ela, enquanto organização, não reflecte os valores que prega. Esta organização tem toda uma hierarquia rígida, regras apertadas e funciona com base em dogmas. E dogmas, por definição, não se discutem. Não existe ali espaço para a discussão, para o debate, para o crescimento com base no diálogo. Por muito que me digam que se fala e se dialoga muito o que eu vejo é que sim, há diálogo desde que a conclusão fique dentro dos limites impostos e da doutrina vigente. Todo o pensamento que está contaminado por uma determinada doutrina é limitado. Depois existem ainda as influencias mais ou menos conhecidas da Igreja em Governos, Empresas, na Política e na Economia. Enfim, a Igreja tem uma história rica em episódios de violência, traição, tortura, guerra, assassínio em massa. Sendo construída por homens e conduzida por homens, a Igreja é imperfeita tal como eles. Tal como nós.

Tenho acompanhado esta visita papal com o olhar dos críticos, confesso. Não condeno nem critico a fé dos milhares de peregrinos que têm seguido este Papa. O mesmo Papa que, quando designado foi tão criticado por muitos dos que agora o veneram. "Porque tem uma face fechada,. Porque não ri. Porque não beija o chão quando sai do avião. Porque usa sapatos Prada. Porque pertenceu à Juventude Hitleriana. Porque é muito conservador." Hoje ouvi uma senhora com ar embevecido de quem está em êxtase espiritual afirmar o seguinte: "Isto é lindo! Tudo é lindo! Eu não gostava deste Papa, não se ria, não era simpático. Mas hoje estive mesmo ao pé dele! Ele é lindo, é um grande Papa! Estou aqui (em Fátima) desde dia 11. Dormi aqui, não tenho vontade de sair daqui, não sinto a chuva! Estive ao pé deste Papa e ele tocou-me com o olhar." De facto, o poder da sugestão, aliado a um elemento cénico e gráfico muito forte, pode mudar muito as opiniões das massas. E operar milagres.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Afinal...


... o Marylin Manson também tem mamas.

Separados à nascença...


Marylin Manson com mamas.

terça-feira, 11 de maio de 2010

A Padeira que era Exorcista em part-time.

Todo este ambiente de fé e crença no Altíssimo (cada vez que ouço este adjectivo só me lembro do Bruno Nogueira...) relembrou-me da minha infância, carregadinha de símbolos e locais do Cristianismo. Mas nenhum episódio dentro deste espírito é mais estranho do que um em particular que, por mero acaso se passou numa i... padaria!
Não era bem uma padaria, apenas um pequeno cubículo no rés-do-chão de uma habitação normal de igreja que distribuía o pão trazido pelo padeiro. Mesmo em frente À minha casa. A Dona Aninhas era (é, que a senhora ainda não morreu!) que voluntariosamente se ofereceu para me curar de um mal que me tinha acometido há vários dias e que não havia meio de me largar. Era um areijo levado do Diabo! Ora, para quem não saiba, o "areijo" é uma infecção da mucosa dos lábios que ocorre por desidratação destes mas que é perfeitamente inofensiva, desde que tomadas as medidas de higiene adequadas. A D. Aninhas estava convencida que era um areijo diabólico e disso conseguiu convencer a minha mãe que me entregou nas mãos daquela senhora para um ritual que só pode ser descrito de uma forma: exorcismo. Amador, é certo mas exorcismo ainda assim.
E assim, sem mais nem menos, dou por mim fechado no cubículo do pão, num ambiente bruxeleante onde a única luz era uma pequena vela onde existia ainda uma daquelas figuras de Nª Sra. de Fátima fluorescentes! Eu tinha uma dessas no meu quarto e tinha arrepios de medo só de olhar para ela, brilhando naquele verde berrante e só conseguia adormecer quando espetava com ela debaixo da cama. A D. Aninhas saca da faca do pão, com a lâmina curva de cortar a dura côdea do pão de centeio e aponta-a para mim! Julgo que pensei em dar-lhe um pontapé e fugir, pensando que ela me ia erradicar o mal à facada mas não. Começou a rezar e a desenhar cruzes na atmosfera, mesmo em frente ao meu nariz...
"Pai nosso que estais no céu.... Avé maria cheia de graça.... Hossana nas alturas... cordeiro de deus...." Ela bichanava as orações enquanto brandia a faca, de olhos fechados. Sempre me impressionou nas missas o facto de os fiéis bichanarem as orações! E que fechem os olhos também. Para mim era bom porque, em não sabendo as orações de cor sempre podia cerrar os olhos cerimoniosamente de ir fazendo "bchhh bchhh bchhh" e no final "Amén", mais uma benzedura e pronto! Ela bichanava e eu lembro-me de estar cheio de fome porque o ritual tinha que ser feito com não-sei-quantas horas de jejum e logo pela manhã. O cheiro do pão fresquinho que moldaava a atmosfera não ajudava a que me mantivesse concentrado nas orações e a pensar "Sai do meu corpo Diabo, sai do meu corpo!" conforme as instruções da exorcista-padeira. Portanto olhava para a Virgem Glam-Rock-Fluorescente e tentava encontrar concentração aí mas, nessa altura dava uma série de ET's na TV em que eles eram assim, verdes, e ficava logo com receio de ser atacado. Com as bolinhas de água, os pães de mistura, as carcaças, o pão de milho e a broa de centeio ali, à mão de semear, a minha barriga comandava a minha mente! E a senhora lá continuava "Pai nosso bchh bchhh bchhh... Avé Maria bchh bchh bchhh..." e eu com uma larica do caraças. Juro que a Virgem se riu maquiavelicamente para mim e a imagem de Cristo pregada na cruz, na parede, me fez um "thumbs-up"!
A D. Aninhas abrandou o ritmo e eu fechei os olhos com força e forcei-me por simular um despertar calmo de um transe intenso "Sai do meu corpo Diabo, sai do meu corpo!", bichanei de forma perceptível. A senhora libertou-me, visivelmente satisfeita com o seu trabalho. Tomei o pequeno-almoço e depois pedi à minha mãe para me comprar uma pomada.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Santa Paciência!

Quem atravessa a Ponte 25 de Abril em direcção a Almada não pode deixar de notar o enorme cartaz com a foto de Bento XI e o agradecimento em letras garrafais: "Obrigado Santo Padre!". Eu pergunto-me: obrigado porque? A resposta mais fácil e brejeira será: pelas tolerâncias. Mas só alguém muito desatento ou despreocupado fica contente com as folguitas abençoadas. E não estamos em tempo de folga e de gastar dinheiro. E quanto dinheiro se vai gastar com a presença do Ratzinger? Muito. Entre os gastos com a segurança do senhor, com os reboques dos carros estacionados no seu itinerário e a limpeza e obras para que as cidades fiquem mais bonitas, devem ser uns milhões! O que mais me choca (e já aqui falei disso) é a colocação de fragatas da Marinha de Guerra no Tejo e de mísseis do Exército em Fátima! Alguém acha que, a haver um atentado ele vai ocorrer por mar ou ar? É estúpido e típico de um país que gosta de mostrar o que não tem, que gosta de passar por rico, que aprecia a grandiosidade inútil em vez da eficiente discrição. Tudo isto num país cujo estado é laico...
Por isso, agradecer o quê? A inutilidade da sua acção no panorama mundial? O envolvimento inegável (ainda que na forma de encobrimento) em abusos sexuais de menores que ocorreram (ocorrem?) durante décadas? O conservadorismo e radicalismo como tem conduzido o Vaticano? É este endeusamento de um homem, um alemão de 80 anos que foi criado e formatado pela Juventude Hitleriana e que, muito embora isso até fosse normal para as crianças alemãs daquele tempo, não se pode negar a doutrina a que ele foi sujeito que me irrita. Ele é que devia agradecer ao povo português pela recepção, pelo seguimento cego que os católicos ainda lhe devotam, pelos gastos desnecessários que a sua visita acarreta. Mas são assim os portugueses e os católicos... se consideram alguém como superior a si mesmos rebaixam-se e submetem-se. É isso o Fado.
Voltando à foto gigante do Ratzinger: o homem tem um ar maquiavélico... brrrr!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Bom negócio!

Encontrei este anúncio na net e acho que podem estar interessados. Bons negócios!

E, por falar em elogio...

... já repararam que o bonequinho está eufórico? Pois é, 524 km dá pra isso...

Concepções erróneas de quem não pensa...*

A conversa decorria entre duas mulheres desimpedidas (nem marido nem filhos) na sala de trabalho do hospital. O tema era, claro está, homens! Pareciam concordar nas características do macho: bonito mas não modelo, bem formado, bom emprego, bom na cama e... sem filhos. Uma delas sai-se com esta afirmação: "E aqueles homens, pais-babados a correr e a saltar com os filhos nos parques e nos jardins? Cortem-me os pulsos... até podem ser giros mas os filhos cortam todo o interesse!!!". E, na verdade apeteceu-me cortar-lhe os pulsos. Literalmente.
A descrição das brincadeiras no parque com o filho serviu-me na perfeição. Francamente! Mas o que estas mulheres parecem não perceber é o seguinte: anda um homem a correr e a exercitar-se para poder aguentar o ritmo do filho, deixa de se cansar tão facilmente, corre e salta e rebola pela relva, joga ás apanhadas e escondidas, á bola e anda de bicicleta, trepa às árvores, dá cambalhotas e com isso torna-se num verdadeiro atleta, perde uns consideráveis quilos que tinha a mais, tonifica o corpinho e tem energia para, além de acompanhar o filho, manter-se activo no resto das actividades diárias!
Quer-me parecer que quem mais perde são elas...
(*ou, um exercício mental de pura imodéstia e auto-elogio.)

domingo, 2 de maio de 2010

Ele é nosso doente há anos. Um ex-combatente endinheirado, bon-vivant, amigo dos copos e petiscos. Diabético, com insuficiência cardíaca e com um fígado já a queixar-se dos excessos comensais, saía e entrava do serviço regularmente. Vinha ter connosco quando estava à rasca mas, mesmo ainda antes de sair das portas do serviço já ia a combinar um petisco ou uma mariscada com um qualquer companheiro! Uma vez disse-me, em resposta a um aviso meu: "Sr. Enfermeiro, já vivi o que tinha a viver, os meus filhos estão bem, deixo-lhes muito dinheiro. Restam-me os momentos com os meus amigos. Deixem-me viver bem o que me resta!". E hoje cá está ele, deitado numa cama, pálido, com dificuldade em respirar, o coração a falhar. A hora dele chegou.
É um velho conhecido do nosso serviço, alguém que conhecemos no seu auge, independente, lúcido, divertido, camarada. Um colega dizia-me ontem que esperava que a sua morte não acontecesse num dos seus turnos. Os olhos do meu colega não mentiam. Hoje uma auxiliar chorou junto á cama, mão na mão com ele. Na verdade, este doente marcou algumas pessoas daqui. E eu?
Eu sabia que este era o desfecho que o esperava quando o recebi. Cansado, velho e quebrado. Desorientado e agressivo, estava longe do homem alto, garboso e imponente que tinha sido. Vi-o a afundar-se naquela cama e estou aqui hoje vendo-o em períodos de apneia cada vez maiores. E sinto-me como uma parede emocional. Em contraponto aos meus colegas não me sinto triste ou revoltado, nem sequer angustiado com a sua morte. Sinto por ele o mesmo que por outros doentes menos conhecidos. Uma tristeza pelo sofrimento por que sei que eles estão a passar, mas não pela pessoa em si. E esta aparente frieza de emoções preocupa-me por vezes pois preocupo-me com os meus doentes. Apenas não sou capaz de chorar por eles, chorar a sua morte, a perda.