"Não sou ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo"Sócrates
(Não... o nosso Sócrates não tem capacidades suficientes para uma afirmação lapidar como esta. Foi mesmo o grego original que disse isto.)
Li esta frase pela primeira vez aí há uns 10, 11 anos atrás, nuns azulejos da estação do Metro da Cidade Universitária, em Lisboa. E ela ficou cá, latente, e de vez em quando esta frase surgia-me do nada, por nada. Fiquei marcado pela sapiência contida em tanta simplicidade. A ideia de alguém, no início da Civilização, quando não se sabia nada para lá da nossa aldeia, onde as viagens mais curtas levavam dias e ir para outro país e voltar levava anos (caramba, nem havia a noção de país...) definir tão bem os nossos dias, de globalização, de aldeia global, onde estamos a milhares de km de distância em poucas horas e onde falamos com alguém do outro lado do mundo em tempo real, sempre foi para mim, fascinante!
Alguém que visita este espaço, aliás que foi pioneira neste espaço e foi das primeiras a descobri-lo, deixou um comentário dizendo que este era um blog internacional por ter ligações com blogs de pessoas que estão no estrangeiro. Pois é, gosto de ler blogs de portugueses fora desta realidade e leio pessoas que escrevem desde o México, a Finlândia, a Austria, a Holanda, a Suíça. Interessa-me porque também eu quero seguir esse caminho. Portugal é demasiado pequeno (e não me refiro às suas áreas) para os nossos sonhos, os nossos projectos, as nossas vidas.
Intriga-me como é que um povo que "deu novos mundos ao mundo", que foi em tempos a nação mais importante do Mundo, que se deu ao luxo de assinar um tratado onde assumia que era dono de mais de metade do mundo, que foi em tempos a placa giratória de todos os negócios da europa, se deixou chegar a esta pequenez económica, social e acima de tudo, de espírito.
Por isso quero saír. Para um sítio onde eu possa trabalhar com qualidade e ser pago condizentemente com as minhas funções, onde a minha esposa, companheira de sempre e de todos os dias possa trabalhar, ela que é uma profissional da saúde qualificada, diferenciada e dedicada e se vâ obrigada a ficar em casa por falta de trabalho digno, para um sítio onde eu não tenha de trabalhar em 2 ou mais locais em prejuízo do tempo da minha família, só para pagar as despesas mensais, um local onde o meu filho tenha oportunidade de crescer com qualidade, com a presença dos pais e onde tenha reais oportunidades daqui a vinte anos. O que nós perseguimos, enquanto família, é apenas e só qualidade de vida.
Não quero enriquecer, vir de férias a Portugal ostentar o meu carro topo de gama de matrícula estrangeira e construir uma mansão de vinte quartos que só vê gente um mês por ano. Sei que a vida lá fora também não é fácil, que a crise está por todo o lado (mas em alguns lados mais que em outros..) mas se vamos todos, em família... siga!!!
Além de tudo isto, adoro conhecer pessoas com outras culturas, falar a aprender novas línguas, ver novas cidades e novos sistemas. Depois, a minha mais-que-tudo também gosta de viajar e de todas estas coisas que acabei de descrever logo, "junta-se a fome com a vontade de comer!"
Nunca me esquecerei do fascínio que senti na primeira cidade estrangeira que visitei: Colónia, na Alemanha. A limpeza das ruas, a pontualidade dos transportes, a dimensão dos jardins, a cordialidade das pessoas, nem efusivas nem antipáticas, o 1º Mundo, pensei eu. Andei o mês seguinte a falar disso aos meus amigos que só diziam: "Sim.... na Alemenha não funciona assim.... já sabemos."
E pronto, é por isto que talvez o meu blog tenha algumas hiperligações para outros de "lá de fora" mas isso meus caros, é inveja...
Sim, a inveja é um sentimento muito feio.