quinta-feira, 14 de abril de 2011

E assim se vira à Direita num país de brandos costumes.

Como as crises revelam o pior que há nas pessoas.

As conversas de café giram em torno do FMI e da crise. E parece salientar-se um denominador comum no que toca a identificar bodes expiatórios quando já não há argumentos para classificar a actuação de Sócrates: os imigrantes. Os pretos, brasileiros, ucranianos. E isto choca-me. Porque se toma o todo pela parte. Se é verdade que os brasileiros são associados ao crime nocturno, não é menos verdade que a maioria será gente honesta e trabalhadora; se os ucranianos, russos, moldavos estão associados à máfia, a maioria será gente explorada por essa mesma máfia em vez de membros activos da mesma; os pretos, mais antigos, ajudaram a construir este país e julgo que a sua fatia na distribuição da culpa da crise em que nos encontramos não será a maior.

Choca-me mais ainda quando estas pessoas pertencem a um dos povos com mais representatividade em países estrangeiros! Afinal, há sempre um português em qualquer parte do mundo. "Ah, mas os portugueses são gente séria que vai para fora para trabalhar, não é para roubar." como se todos os outros povos viessem para Portugal para roubar a nossa imensa riqueza. Mas, na hipótese de eu estar enganado e se os pretos, brazucas e russos vieram para Portugal para roubar então já chegaram atrasados. Os ladrões, os verdadeiros, são portugueses. Afinal, não podemos deixar os nossos créditos em mãos alheias.


PS: como futuro imigrante não posso concordar com esta visão de quem larga o seu país para procurar o futuro num outro, com melhores condições que o nosso.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Guerra de Siglas

FMI acaba com TGV.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O problema está sempre no empreiteiro.

Cá está, eis que finalmente se concretiza algo que só os menos atentos julgavam impossível: é chegada a hora do FMI, ou do FEEF, o que na prática é a mesma coisa. Mas afinal que mecanismo é este?

Daquilo que tive oportunidade de ler o processo é parecido ao empréstimo bancário para a construção de uma casa (neste caso, da reconstrução da "casa dos tugas"!): o FMI/FEEF (insisto nesta dupla designação, não vá o Professor Aníbal ler este artigo e ficar zangado) vai libertando o dinheiro em várias fases. Uma primeira fase dá dinheiro para construir das fundações até à primeira "placa" da casa. Nesta fase, lá vem o avaliador do FMI/FEEF verificar a obra e, sim senhor, liberta mais dinheiro para a construção até à segunda "placa", momento em que volta o senhor dos euros verificar a obra e dizer, sim senhor, tomem lá dinheiro para terminar a barraca. E tudo seria simples, o banco empresta dinheiro que paga ao empreiteiro e o credor paga ao banco em suaves prestações até à véspera do seu funeral.

O problema nesta equação é, precisamente o empreiteiro ou seja o sujeito a quem nós entregamos o dinheiro para as obras. No caso em análise esse empreiteiro é o Sr. Engº José Sócrates. Logo à partida, há fortes suspeitas que o senhor se tenha indevidamente apropriado do título de Engº e logo, parece evidente que não deve ser muito competente neste negócio da construção de imóveis. E depois, os imóveis que o senhor projectou numa aldeia qualquer lá no norte também não abonam muito a favor da criatividade e eficácia do senhor. Mas nós, ao bom estilo português lá nos deixámos embalar no discurso meloso e na imagem de vitalidade e mudança e, pimba!, entrega-mos-lhe as rédeas do nosso projecto.

O fulaninho afinal não era empreiteiro nenhum e entrou o no esquema da distribuição do dinheiro por vários sub-empreiteiros em quem confiava. Falhou prazos, ultrapassou orçamentos, utilizou materiais do chinês e deixou a obra por acabar e o projecto finou-se. Culpou os sub-empreiteiros, claro! Ele foi só responsável pelo cimento e pilares e não pode ser responsável se os tipos da confragem falharam, se as loiças do WC não apareceram ou se a cozinha tem as portas empenadas! Nós ficámos agarrados a nada e a Banca mandou-nos à fava, fechou a torneira dos euros, subiu os juros do empréstimo por causa do nosso imcumprimento e certificou-se que mais ninguém nos emprestava ou, se emprestarem que o façam com juros típicos de uma qualquer D. Branca.

Lá vem então o FMI/FEEF. Mas como a obra está a meio e está tudo encravado já não há outro empreiteiro que pegue na obra do senhor Sócrates (que até, muito humildemente, se demitiu do cargo de empreiteiro mas sem antes garantir que vai concorrer ao cargo novamente) o dinheiro vai ser entregue ao mesmo empreiteiro que queimou todo o dinheiro, que falhou prazos, que estoirou orçamentos! Porra. Parece que há aí um novo empreiteiro que se prepara para assumir a obra, um tal de Sr. Passos-Coelho mas que também não deve ser muito bom porque diz que o seu trabalho nos últimos anos tem sido mais atrás da secretária, a fazer projectos e assim, e não percebe nada de construção.

O problema, no meio disto tudo, é dos empreiteiros. É isso e quando aparecerem os senhores do Cobrador do Fraque para reaver o seu investimento. Com juros.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Montanha-Russa de emoções.

Quando inicialmente coloquei a hipótese de sair do país, passaram-se dias de angustias, dúvidas, receios de estar a pensar nas coisas de um ângulo errado, de não estar a pesar todos os factores, da estratégia ser fraca. Depois de tomar, definitivamente essa decisão nada mais me poderia mudar de ideias. Durante a troca de correspondência com o Hospital para a minha candidatura nada abalou a minha fé que seria contratado. Mas assim que pus pé em solo suíço foi assolado por dúvidas e anseios. Que não pertenço ali, que talvez não seja o melhor passo para o futuro dos miúdos, que a cidade não me acolhe como me acolhe Lisboa. No momento em que entei no Hospital tive a firme certeza que estava no sítio onde sempre deveria ter estado.

Ontem recebi os documentos a preencher para a redacção do contrato bem como a lista de documentos que lhes devo enviar. É a concretização inequívoca de um desejo, a conquista do projecto sonhado. E eis-me aqui, preenchendo formulários e questionários, fazendo contas a ordenados recebidos, impostos e despesas, procurando casa na Internet e, ainda assim preso entre um sentimento de alegria, concretização e antecipação da saída e um outro sentimento indefinível, pequeno mas presente que me aperta o peito e que tento conscientemente afastar de mim...


Na verdade, este processo não é para fracos de espírito.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Acontecimento de uma vida...

... este campeonato de futebol! Por uma vez na vida apenas se consegue ver um Clube aviar 5 golos sem resposta ao seu maior rival! E mais raro ainda é ver um Clube fechar as contas do Título em casa desse mesmo rival, na volta do Campeonato. Eu sou Portista porque tinha de ser, está escrito no ADN da nossa família. mas também o podia ser por escolha óbvia. Afinal tenho 32 anos e nesse mesmo período o FC Porto venceu 19 (!!) campeonatos. "Ah e tal, o Pinto da Costa e os árbitros e a fruta..." os argumentos dos aziados, ainda com a nossa superioridade entalada num lugar escuro e estreito, não colam: internacionalmente somos o melhor Clube português com 2 Ligas dos Campeões, 1 Taça Uefa, 1 Taça Intercontinental, 1 Supertaça Europeia e um dos clubes europeus com mais presenças na fase de grupos da Champions. Mas só isso não chega, não num pais com 6 milhões de benfiquistas e com uma imprensa que faz capas com declarações idiotas dos vários treinadores vermelhos e relega para um canto os feitos europeus do meu clube.

Mas nós somos O FC Porto, o melhor clube nacional, o mais organizado, o mais competitivo e hoje, hoje não há como desviar as atenções do que é evidente. O FC Porto veio a Lisboa demonstrar o seu poder, em casa do benfica. O benfica super-equipa, campeão antecipado, antecipado vencedor da Liga dos Campeões, o imbatível, o intransponível, o "ninguém pára o benfica". Se o Porto tivesse sido campeão noutro estádio qualquer estou certo que a primeira página de "A Bola" e "Record", traria a fronha do Jesus afirmando uma qualquer alarvidade sobre a superioridade do benfica. Mas, azar do caralho! O benfica foi atropelado no seu estádio! Levou um banho de bola como na primeira volta, podiam ter levado mais 2 ou 3, não fosse o Falcao estar desinspirado e perderam. E, vergonha suprema, entregaram as faixas ao seu maior rival no seu estádio! Nunca esquecerei esse momento! É nestes momentos que se os Grandes se agigantam. No ano passado a situação era a inversa. O benfica poderia ter sido campeão no Dragão. Não foi.

Vi o jogo no café da esquina da minha rua. Tenho quase a certeza que era o único Portista na sala. E que gozo meu deu ver os semblantes cada vez mais carregados perante a evidente superioridade do Porto. Que gozo meu deu os disparates verbalizados por aquela gentinha, esmagada pela antecipação da humilhação que os esperava no final do jogo. Limitei-me a sorrir para dentro, contive os meus festejos, não queria ferir orgulhos e havia muitos ânimos exaltados. Quando se apagaram as luzes do aviário soltei um "palhaços" num murmúrio demasiado alto que foi ouvido na mesa ao lado que vociferou contra mim.

Mas esse apagão foi muito mais que uma vergonha, do que uma atitude que todo o mundo hoje já viu e já comentou, que toda a Europa condena. Foi a metáfora daquilo que aconteceu ao benfica que foi apagado pelo FC Porto ao longo da época e naquele jogo em particular. Foi talvez o prenúncio das trevas (obrigado pela analogia ao Pinto da Costa) que se vão abater naquele estádio até ao final da época e, quem sabe...

Mas podem apagar as luzes de todos os estádios porque o brilho do azul-e-branco é sempre mais forte!!!


POOOOOOOOORTOOOO!!!