terça-feira, 30 de novembro de 2010

PANDAmónio!

Garanto que nada nos prepara para encontrar o Demónio nos sítios mais insuspeitos e aparentemente inocentes. Pois estupefacção foi o que senti quando me apercebi que o Panda, esse mesmo do canal televisivo por cabo, é o Demónio em peluche! Esse Panda tem o dom de endiabrar as crianças, electrificá-las, transforma-as em pequenos junkies viciados em ácidos e LSD. Sendo que aqui, a droga lhes é transmitida através do ecran pelos olhinhos dentro . Para além das séries e séries de bonecada histérica, esquizofrénica, em total chinfrineira, o Panda faz uma utilização verdadeiramente demoníaca da publicidade, enquanto meio de subjugar as crianças à sua vontade. São 30, 40, 50 minutos de anúncios non-stop, em frenética sucessão e obsessiva compulsão!
"PAI PAI PAI PAI" grita ele logo que acorda e me salta para as costas, arrancando-me da indolência do meu sono já leve com a dor de um salto em cima da minha coluna "Pai! Quero o porco comilão e a barbie magia de moda e o oceano imaginex e o cão mauzão, tá bem?" e sai a correr para o quarto dele a cantar uma música de um qualquer dos anúncios àquelas coisas que acabou de nomear. Não percebi patavina do que ele disse. Levanto-me e arrasto-me para o duche e tenho a leve sensação de que uma brisa sopra para mim... espera, foi ele que passou a correr pelo corredor. "PAI, PAI PAI PAI (ele repete sempre as coisas quando está excitado) podes vir comigo ver o Panda pai?" digo que vou tomar banho e que ele pode ver o o Zig Zag da RTP2 "Nããããão, eu quero o Panda!" e eu entro no duche. "PAI PAI PAI PAI, já acabaste pai? Já já já já?" dispara assim que afasta a cortina do duche e enfia a sua cabeça de cabelo preto lá dentro. Descemos e assistimos ao Zig Zag ou ao Disney que, durante a manhã é bastante decente. Depois passo o tempo a destruir tudo o que o Panda lhe enfiou na sua infantil tola e enfio-lhe com o discurso que não importa o que recebemos, que os bonecos que aparecem no Panda não são assim tããão espectaculares e que ele receberá uma prenda bonita que vai adorar, desde que seja um bom menino! E ele é um bom menino (o que é a minha sorte!).
Ainda mais sórdida se torna a mente do Panda quando organiza verdadeiros comícios, celebrações da sua malvadez, tal e qual as celebrações de alguma seita mais obscura com o nome de "Festival Panda". Milhares de crianças aos saltos e aos gritos, completamente dominadas pela vontade do Panda, filas e filas no trânsito, nas entradas, para os WC, para a comida... O INFERNO! E quando o Panda se infiltra, insidiosamente, na mente dos Papás e os faz apresentarem-se a esta provação, meus amigos, i rest my case!
Por isso estamos neste momento em desintoxicação do veneno do Panda e este não entra lá em casa! Benditos DVD's da Disney e da Pixar.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O que faço eu com o Facebook?

Fartei do Facebook. Alguns meses apenas de utilização intermitente bastaram para não saber o que faço eu com aquilo. Abençoado Mark Zuckerber que ultra-enriqueceu com a sua criação.
Para mim, o problema com o FB é que é chato. Chatinho mesmo! Excepções honrosas feitas a meia dúzia de amigos que escrevem uns murais porreirinhos (curiosamente são amigos que saíram aqui da blogosfera!) o resto é um vazio de ideias, de interesse. Nunca compreendi a euforia e a dedicação às quintas virtuais (parece que isso morreu, benzadeus!), ás guerras de gangsters, ás lojas e bares virtuais. Os grupos criados no FB, apelando a esta ou àquela causa apesar de serem frequentemente mencionados na comunicação social são, na sua maioria, vazios. Porque, na realidade são apenas alguns milhares de pessoas cuja única contribuição para a causa foi um clicar em "gosto" ou em "adicionar grupo".
Os murais individuais são um desfile de palavras vazias, sem interesse, fúteis. E dá-me uma tremenda vontade de comentar "seca", "que bom pra ti", "o qu'é q'eu tenho a ver com isso" tal é o desinteresse, a falta de inteligência associada. Ou isso ou os textos automáticos das aplicações parvas tais como frases do dia, qual a celebridade mais parecida contigo, constrói a tua árvore de natal, o teu animal virtual, etc, etc, etc. Tenho pouco mais de uma centena de "amigos" no FB e apenas uma mão cheia deles (mais uma vez os mesmos que conheço da blogosfera!) tem murais interessantes, comentários interessantes e inteligentes, coisas com estilo! Calculo que o FB não faz milagres. Se alguém é desprovido de interesse na vida real o seu mural do FB está condenado também ao bocejo!
Pensando bem, a principal razão pela qual eu não me dou muito com o FB tem mais a ver comigo do que com qualquer outro dos factores descritos. É a mesma razão pela qual nunca gostei do Messenger ou do Twitter. A comunicação é muito limitada. Palavras soltas, pequenas frases não funcional comigo. Exceptuando apenas aquelas frases que significam tudo, só ao alcance de algumas cabeças geniais, eu gosto de textos elaborados, fundamentados, argumentados e contra-argumentados. Também não sou grande fã de SMS já agora! E é por isto, acho, que prefiro os blogs. No fim de tudo, não consigo ser um gajo sucinto!

domingo, 28 de novembro de 2010

Curto e Grosso.

Acabo de ver "Toy Story 3" e só tenho a dizer... SE NÃO GANHAR O ÓSCAR PARA MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO É CRIME!
E pronto.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mon dieu!

Na edição do Correio da Manhã de hoje (adoro este jornal): Delegação Georgiana presente na Cimeira Nato contrata 80 prostitutas. Entraram no hotel fazendo-se passar por esposas dos membros da delegação georgiana e deram início ao regabofe! Tal não era a animação que os ocupantes dos quartos vizinhos, nada mais nada menos que Sarkozy e comitiva se sentiram incomodados. Não vão de modas e fazem queixinhas à segurança do hotel que termina com a festarola dos georgianos e expulsa as prostitutas do hotel.
Moral da história: os franceses são, portuguêsmente falando, uns empata-fodas!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Apercebo-me agora...

que no último sábado, dia 20 de Novembro de 2010, este blogzito cumpriu dois anos de existência!!! Parabéns a ele e a todos os que nos têm acompanhado!

O dilema das barrinhas.

Para quando, pergunto eu c'os nervos?! Que dilema este que me aflige a cada vez que me aproximo da prateleira do supermercado para comprar cereais! Passo a explicar: os cereais integrais são uma parte muito importante da minha dieta de corredor. E qual é então o problema? O problema é o facto de os fabricantes de cereais integrais deste mundo acharem que só as gajas comem cereais integrais! E como é que nós ficamos, nós os tipos atléticos, saudáveis, desportistas e, acima de tudo, másculos como se querem os atletas? Porquê? As embalagens senhores, as caixas decoradas com tudo o que é motivo feminino!
Todas essas caixas têm estampadas imagens de mulheres bonitas e magras, frases fortes como "Perca a sua barriga em 6 semanas", e palavras-chave como "dieta", "emagrecimento", "trânsito intestinal regular" e "formas definidas". Depois trazem brindes tais como vestidos, biquinis, creme depilatório, "pareos", chapéus de aba larga para o verão. Mas o pior são mesmo as barrinhas de cereais. Com as suas 87, 89, 92, 96 Kcal por barrinha, exibem sempre mulheres a correr, a alongar, a fazer abdominais. Mulheres sentadas em enormes "puffs" coloridos rodeadas por cortinas de seda com o mar em fundo, mostrando a sua barriguinha lisa e as suas pernas torneadas, sorrindo enquanto seguram uma barrinha de cereais com frutas vermelhas!
E isso coloca-nos dois grandes problemas! Em primeiro lugar corremos sérios riscos de que as senhoras das caixas gozem connosco assim que lhes viremos as costas:
"Uui, já viste? Aquele gosta de barrinhas de cereais, o malandro. E não são uns cereais quaisquer não senhor... barriguinha lisa, ihihihih! Cá p'ra mim vai pedir o vestidinho vermelho que estão a oferecer! ehehehe". Mas porque não há barras de cereais direccionadas aos homens, com chavões do tipo "abdominais de ferro em 2 meses", "braços definidos e fortes", "glúteos firmes"? E com uma imagética menos... de menina? Talvez assim as conversas das meninas da caixa fosse ligeiramente diferente:
"Ena, ena! Temos atleta. Como é que serão os abdominais do menino? Fantásticos a julgar pela alimentação saudável que faz! E a facilidade com que agarrou no saco cheio de compras? Deves ter uns bracinhos daquele que faz favor, ui, ui! Lindo..."
Mas não! Estamos condenados a comprar comida com rótulo "para gajas e gajas apenas"! O segundo problemas? O segundo problema é que as barras que comemos nunca são iguais às que vêm estampadas na embalagem! Mais pequenas, menos chocolate, menos fruta... bolas!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Negociação do tipo "Um olho no Burro e outro no Cigano".

É cíclico. Acontece todos os meses, na mesma altura do mês. Já sabemos que vai acontecer, já sabemos as consequências, já nos habituámos à azáfama que daí resulta mas, assim mesmo não nos libertamos da ansiedade que rodeia esse acontecimento que vai marcar a nossa vida... pelo menos até ao mês seguinte. É o momento em que recebemos o nosso horário para as próximas quatro semanas. é o momento em que "sai a escala"!
Para terem uma ideia, o enfermeiro que trabalha por turnos tem o dia dividido em Manhã, Tarde e Noite. A Manhã vai das 8 às 16, a Tarde das 16 às 23 e a Noite dura das 23 às 8 do dia seguinte. E, na verdade, um enfermeiro não vive por dias mas sim por turnos! Enquanto o cidadão trabalhador normal suspira "faltam x dias para as férias!" o cidadão-enfermeiro suspira "faltam x turnos para ir de férias!". E isto é assim porque na realidade nós não temos a noção do tempo em dias! Para nós é perfeitamente indiferente se é segunda ou terça ou domingo. O que causa alguns problemas na nossa adequação ao mundo fora dos hospitais. E aí reside a importância do dia em que a escala para o mês seguinte é publicada. Porque nós não vivemos hermeticamente fechados no sistema hospitalar e temos esposas, maridos, filhos, frequentamos cursos, ginásios, corremos, e também gostamos de ir ao cinema e jantar fora com a família e os amigos! E, como não podemos estar sempre à espera que saia o horário para marcar estas coisas todas, então combinamos as coisas assim mesmo e depois fazemos trocas com os colegas! Aparentemente fácil, pensarão vocês caros trabalhadores-das-nove-ás-cinco-folgas-ao-fim-de-semana, mas não... esquecem-se que a maioria dos enfermeiros trabalha e regime de duplo-emprego logo os malabarismos com o tempo são ainda mais difíceis!!
Assim, os pedidos e negociações de trocas são autênticas batalhas onde se exige rapidez e determinação. O ambiente é similar ao das negociações em bolsa onde tentamos sempre comprar o melhor dos outros e vender o nosso pior! Temos que conhecer bem os nossos colegas/adversários para podermos planear a nossa abordagem táctica. Por exemplo, aproveitar os colegas que preferem trabalhar as Noites (ganha-se mais!) para despachar as nossas Noites que estão "a mais", aquelas que não queremos ou não podemos fazer; ou então, oferecermos-nos para trabalhar a um domingo de manhã por troca com aquela colega que gosta de ir à missinha sendo que ela nos vai fazer um turno durante a semana quando nos apetece ficar em casa! Sempre que possível apresentar a proposta convencendo o colega que é ele que nos está a fazer um favor. Temos de ser verdadeiros diplomatas e aceitar o que nos é favorável e pedir mil-perdões e até encenar um número de "tenho-muita-pena-de-não-poder-ajudar-mas-é-impossível" quando não nos interessa uma determinada troca. Porque amanhã vamos ser nós a precisar e o nosso capital de simpatia é muito importante nestas coisas! Mas isto é a versão simples desta batalha.
Os guerreiros mais experimentados e mais ferozes fazem jogadas altamente complexas em que, muitas vezes, a vítima de tais golpes acaba por aceitar turnos que não queria sem saber bem como isso aconteceu! São esquemas de trocas que envolvem três ou mais elementos em que ocorrem trocas sobre trocas, num esquema em teia digno de ser utilizado em esquemas de fraude económica e em que as trocas são pensadas e feitas antecipando desde logo que vão ser desfeitas a seguir. Uma espécie retorcida de jogadores de xadrez que pensam três jogadas À frente dos concorrentes! Enquanto nós, os normalíssimos enfermeiros que só querem arranjar espaço na agenda para as coisas normais desta vida como brincar com os miúdos, estes jogadores são movidos por obscuros objectivos que ninguém conhece na totalidade e fazem trocas sobre trocas sobre trocas até à véspera da publicação da nova escala, altura em que toda a gente já estabeleceu o seu horário e anseia pelo novo.
Enfim, cada vez mais me convenço que o horário feito pelo Enfermeiro-Chefe é algo de meramente indicativo. No meu caso, por exemplo, ao final de duas horas após a publicação da Escala de Dezembro já não restava pedra sobre pedra do horário original!

sábado, 13 de novembro de 2010

O que as mulheres querem de um homem.

"Preciso de um homem".
Farto-me de ouvir as mulheres (ou muitas mulheres) a afirmar sem dúvidas que não precisam de nós, os homens, para nada! Nem para viver, nem para proteger, nem para criar os filhos, para nada. Excepto para reproduzir, aí sempre vão precisando do espermazito. Sim, assim mesmo dito "espermazito" tentando diminuir a importância do homem no processo de concepção de um terceiro ser vivo. Algumas (ou muitas!) admitem a necessidade do homem-objecto para o sexo. Mesmo assim, o homem-brinquedo-sexual acaba por, na sua essência, ser um homem Esta admissão acaba por deitar por terra o argumento de que as mulheres não precisam de um homem. Mas há ainda um outro objectivo para o qual uma mulher afirma: "preciso de um homem."
Quando a minha chefe me viu e proclamou "Preciso de um homem!", assim mesmo de uma forma afirmativa e seca, a primeira coisa que me passou pela cabeça foi "Espero que não precises de mim para sexo, por isso deve haver alguma coisa pesada para carregar!". Porque é mesmo essa a principal atribuição do homem numa relação: o levantamento de pesos! Isso e abrir frascos fechados a vácuo! E (felizmente!) tinha razão: era preciso carregar uma mesa. Lá fui carregar a mesa. Era para colocar no gabinete da chefe. Quando lá cheguei pediu-me para desmontar a secretária que já lá estava. Coisa fácil, portanto... Não! Para a desmontar foi necessário desmontar também o computador, a impressora e todas as ligações. Claro que depois da secretária montada (e o computador e toda a tralha associada também, claro!), afinal aquela secretária não ficava assim tão bem... troca a carregar aquela para o local de origem e levar uma outra que era mais "jeitosa"! Depois... bem, depois mudei móveis e mesas, arquivos e computadores numa experiência de feng-shui tão cara das mulheres!!
Seja de que maneira for, quando uma mulher exclama "Preciso de um homem!" é certo e sabido que o desgraçado a quem calhar tal sorte terá que dar o corpinho ao manifesto.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

No meu tempo não era assim!

Eu cresci num ambiente rural. Numa pequena aldeia, aliás, num "lugar" pequeno de apenas 4 ou 5 casas no meio de quintas. Por isso desde cedo me habituei a brincar fora de casa. Aliás, as minhas brincadeiras mais marcantes ocorreram no meio dos campos! Pelo menos até aparecer a Rua Sésamo. Por isso lembro com alguma saudade quando eu e o meu vizinho amigo, filho do dono da quinta mesmo ao nosso lado, íamos com o pai dele, em cima da carroça puxada por uma junta de bois, de como fugíamos no verão para ir mergulhar nos maiores e mais fundos tanques de rega das quintas, de como gostávamos de apanhar rãs nos lagos e poças que abundavam. Lembro-me de "roubar" fruta, de procurar nas vinhas as uvas mais brilhantes, de comer cerejas em cima da árvore, de fugir dos trabalhadores do campo quando nos viam a trepar pelas suas preciosas árvores a a comer o fruto do seu trabalho! Gostava também de subir para o cimo dos enormes montes de feno que acumulavam no meio das "eiras", de andar de enxada na mão a conduzir a água para os campos, de escorregar pelas encostas cheias de erva fresca! Era muito comum afastar-me um, dois ou três quilómetros de casa e só voltava quando a minha mãe gritava o meu nome, o que era coisa para se ouvir na aldeia vizinha!
Por tudo isto cedo aprendi a identificar as plantas, as árvores, os arbustos e a fugir dos mais perigosos como as silvas e principalmente, as urtigas! Os meus filhos não vão saber nada disto, obviamente. Brincam sempre comigo ou sob a minha supervisão, em parques mais ou menos bem pensados para as crianças. Por isso, o Gabriel simplesmente adorou quando o levei a passear e brincar a uma mata praticamente selvagem! Adorou as árvores, as bolotas pelo chão, os paus que se tornaram em espadas, o espaço para correr e a liberdade de se poder afastar de nós sem que o pai estivesse constantemente a berrar "Não vás para tão longe!". Afinal, eu podia vê-lo por muitos metros de distância no caminho da floresta. Mas o mais divertido da floresta é ter tantos e tão diversos esconderijos. Claro que jogámos Às escondidas sendo que a minha única função era procurar. O Gabriel estava a adorar esconder-se atrás das árvores, em pequenos desníveis, por baixo de arbustos! Claro que eu via onde ele se escondia entrededos. E eis que reparo que ele se vai esconcer nuns arbustos onde nenhuma criança da minha geração ousaria... "GABRIEL NÃO TE ESCONDAS AÍ! PÁRA!!"... Só ouvi "AUUUU" e depois um apelo desesperado para que o ajudasse a sair dali.
E foi assim que o Gabriel descobriu o que são as silvas!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Paneleirices.

Seguindo a linha de pensamento da Ana C. neste texto, também eu não entendi o propósito de uma certa comunidade gay ter ido protestar junto do itinerário do Papa, em Barcelona. Na verdade, nunca entendi o conceito que suporta acontecimentos como o "Gay Pride" e todas as "gay parade" que por aí aparecem. Não é segredo nenhum para ninguém que eu sempre defendi o direito à igualdade por parte dos homossexuais. Porque entendo que não devemos ser discriminados por uma questão sexual. Mas não concordo com este tipo de manifestação.
Qual é o objectivo de ir ostentar a nossa opção sexual em público à passagem do Papa? Chocar. Mas com que propósito? Serem aceites na Igreja? Casarem de véu e grinalda? Apesar de eu estar contra a maioria das posições da Igreja Católica no que ao sexo diz respeito, é preciso perceber que a Igreja tem uma doutrina, um conjunto de regras a seguir, de mandamentos a cumprir, de preceitos a obedecer. Por isso, quem quer pertencer em pleno à Igreja tem que respeitar o conjunto de regras. Já há algumas vozes importantes na Igreja que se mostram abertas à participação dos homossexuais na vida da Igreja, mas daí até aceitarem o casamento debaixo das suas cupúlas douradas...
Também não entendo a necessidade de algumas figuras virem afirmar publicamente a sua homossexualidade (a não ser que estejam desesperados por publicidade!). Qual é o interesse? Alguém tem conhecimento de alguém que tenha vindo a público afirmar, orgulhoso "Eu sou hetero!!"? Claro que não. Porque simplesmente não faz sentido! Existe um exemplo perfeito do que é ser figura pública e mesmo assim manter a sua vida pessoal o mais resguardada possível: Herman José. Claro, as dúvidas existem há anos! Sem namoradas conhecidas também nunca apareceu com homens, os seus trejeitos, os maneirismos e o guarda roupa histérico levantam ainda mais dúvidas. À boca-pequena contam-se histórias de festas gay e um namorado fixo mas nada confirmado. Mas o homem faz a vida dele e ninguém tem nada a ver com isso! Por isso, mesmo que algum dia ele apareça a jantar num restaurante romântico qualquer com um homem, a dúvida manter-se-á sempre. E o certo é que ninguém o chateia com essa questão.
Por isso, meus senhores, vamos a manter a dignidade e não embarcar em paneleirices, OK?

domingo, 7 de novembro de 2010

Histórico para uns, Humilhante para outros!

Um, dois, três, quatro... CINCO!!
Perdoem-me, eu não costumo falar aqui de futebol mas hoje, hoje meus amigos assisti a um jogo de uma vida! Que equipa, que jogadores! Podem falar do Hulk (gozem agora com o Pintinho por causa da cláusula de 100 milhões!) que é fenomenal mas hoje podem começar no Helton e acabar no Falcao, foram todos sublimes! E, este ano sim, o Futebol Clube do Porto demonstra a sua essência: raça, querer, coragem, nunca desistir. Aliado a artistas como Hulk, Falcao, Varela, Beluschi e Moutinho (então? 11 milhões parece pouco agora não é?) esta raça só pode dar nisto: quem vier, morre! E depois, claro, o adversário. Sou muito racional e equilibrado na minha vida excepto no que diz respeito a uma coisa: futebol. E por isso nem falo muito disso. Mas hoje, após meses de glorificação de um clube de bairro (eu moro em Lisboa, Benfica é um bairro) que até já era Campeão Europeu (isso não é para quem fala muito, é para quem JOGA muito) antes da época começar, após tantos ataques e jogadas de imprensa (aquele comunicado a pedir aos adeptos para boicotarem os jogos é ridículo. A ameaça de faltar ao jogo se fossem "atacados" é só estupidez em bruto!), após tanto menosprezo, esta vitória é um murro na boca de muita gente (Luís Filipe Vieira que foi para presidente das papoilas saltitantes porque nunca consegui ser uma mero dirigente do FCP e Rui Costa, que respeitei muito como jogador mas que se revela um verdadeiro sacana dos túneis.). E é verdadeiramente um prazer ouvir os comentários tresloucados dos comentadores do jogo, que não são capazes de esconder a sua preferência clubística, o desânimo dos analistas e a sua clara dificuldade em verbalizar a inequívoca superioridade do Porto, as desculpas esfarrapadas. Hoje não houve casos em que se desculparem (quando muito há um penalty contra os vermelhóides que não foi assinalado), não houve zonas escuras. A luz do jogo do Porto não deu margem para isso.
Depois, Jesus. Jorge Jesus anda triste, coitado. Aquela cagança do ano passado, onde está? Cabisbaixo, JJ. Também fico contente por finalmente ver provada a minha opinião acerca do JJ como técnico: vale zero! Foi campeão o ano passado? Pois foi, mas é preciso analisar o contexto. O Porto mais fraco dos últimos 10 anos, muitos jogos acabados a jogar contra 10 ou 9, muitos penaltys ao cair do pano e... o túnel da luz, pois claro!
Mas, desabafos feitos, quero louvar aqui a força do FCP, a raça, o querer. É o clube do meu coração, cresci a ser do FCP, não consigo abstrair-me das emoções que aquele símbolo transmite. Hoje sinto-me verdadeiramente orgulhoso em ser do FCP!!! POOOOOOOOOORTO!
Ainda estou a tremer de emoção, a rever os lances na minha memória, a ler todas as notícias relacionadas com o jogo. Não volto a escrever sobre futebol no blog. A não ser que este resultado se repita! Afinal, ainda temos a 2ª volta para jogar...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

É a vidinha!

A enfermagem exige um trabalho em equipa. Para bem dos doentes, para bem dos enfermeiros. A ideologia do serviço deve estar bem definida, as rotinas bem estabelecidas, a comunicação sempre clara. E assim é muito fácil trabalhar porque, não importa qual o colega com quem partilhamos o turno, sabemos sempre o que tem de ser feito, a que horas deve ser feito e como deve ser feito. E acima de tudo cria um sentimento de respeito pelo colega. Porque o trabalho que nós fazemos no nosso turno vai reflectir-se no turno seguinte. Principalmente se esse trabalho for mal executado!
Nos últimos três anos trabalhámos isso na nossa equipa. Definimos e optimizámos normas, rotinas, protocolos. Criámos condições para melhor servir os doentes e também para que o nosso trabalho fosse menos "pesado". Criámos uma dinâmica de serviço própria, eliminámos os elementos menos adaptados, os "corpos estranhos", recebemos e doutrinámos os novos elementos. E, três anos passados tínhamos finalmente uma equipa! Mas tínhamos outra coisa: gostávamos de trabalhar juntos. Eu, que já aqui escrevi algures, que não alinhava nos jantares de serviço passei a ir e a gostar de estar com aquela gente fora do contexto do branco das fardas. Trabalhar tornou-se agradável. E depois...
Bom, e depois, após tanto trabalho e alguma dedicação, depois de se criar uma simpatia entre toda a equipa eis que alguma alma pensadora da gestão decide desmembrar a equipa e distribuir-nos pelos restantes serviços. Agora trabalho numa equipa que não conheço, uma equipa sem alma, sem personalidade, sem cumplicidade. E isto não é relativamente a mim, o novato, é algo que imediatamente se sente ao observar a interacção entre estes enfermeiros que já trabalham juntos há anos! E isto é triste. E desmotivador. Mas enfim, já ando nisto há tempo suficiente para não desmoralizar com estas coisas! O segredo está em centrar-me nos doentes que me são atribuídos, prestar os melhores cuidados que me forem possíveis e... cumprir o meu horário sem levantar ondas. Mas continuo a sentir-me triste com a extinção da minha antiga equipa.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Imbecil!

Imbecil. O adjectivo é este, e estou a ser educado. Uma velhota, 70 anos, vem ao médico porque fez um traumatismo ligeiro do joelho. Foi observada, levou a injecção voltaren+relmus da praxe e mostrou-me a receita para esclarecer uma dúvida. E quando vi o que o médico lhe receitou... Como é possível que um imbecil com um estetoscópio ao pescoço tenha tido a coragem de receitar a uma velha de 70 anos que recebe pouco mais de 100€ de reforma um medicamento que custa cerca de 30€, cada caixa de 28 unidades, quando existem no mercado alternativas bem mais baratas (e refiro-me a preços a rondar os 3€ por cada caixa de 20 unidades!) e provavelmente mais eficazes?? Imbecil, é o que é.
Este é um verdadeiro exemplo da promiscuidade que existe entre alguns médicos e a indústria farmacêutica. Na verdade, mesmo que o medicamento mais caro fosse realmente muito mais eficaz no tratamento da lesão daquela doente em particular (estamos a falar de anti-inflamatórios e não de anti-neoplásicos), não será de ter em conta o enquadramento social do doente? A situação económica logo á partida desencoraja a escolha tomada; depois, será que a relação custo-benefício do fármaco prescrito será a mais adequada, uma vez que se trata de uma senhora com 70 anos e não de um atleta de alta-competição? Ou seja, nem sempre o mais caro é melhor (aliás, no que a medicamentos diz respeito isto raramente é verdade.) e nem sempre os médicos enquadram os doentes antes de lhes prescreverem o que quer que seja.
Aliás, esse é o grande poder dos médicos, um poder que não raras vezes é mal utilizado. Trata-se do poder de prescrever o que quer que lhes apeteça sem que possam ser contestados. Aliás, tenho assistido a muitos abusos desse poder que continuam impunes a coberto daquilo que é chamado o "acto" ou "prescrição médica", ou seja TUDO o que seja intervenção médica. Depois basta-lhes, muito simplesmente argumentar que "com base no meu diagnóstico esta foi a opção que me pareceu mais correcta no momento" para que todos digam "àmen".

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Do outro lado da agulha!

Eu ganho a vidinha a enfiar agulhas no rabo de perfeitos desconhecidos. E apanho com montes de mariquinhas que têm "fobia" das picas, medo incontrolável, terror, pavor. Mas também apanho com malta a quem uma pica é apenas isso: uma pica! Apanho também mooontes de pessoas que me perguntam se eu tenho "mão leve". "Mão leve" era, até hoje, um conceito estranho para mim. Afinal, o acto de enfiar uma agulha no glúteo de um outro ser humano é tão simples como isso! É pegar na agulha e, com um movimento rápido, contínuo e seco, espetar essa agulha numa determinada zona da nádega do doente! E depois as opiniões dividem-se: há quem diga que tenho "mão leve" e há quem me apelide de bruto da pior espécie! Mas com isso vivo eu bem. Afinal se o enfermeiro é o mesmo, a agulha é sempre igual e a técnica é solidamente sempre a mesma, aqui o problema prende-se com a única variável da equação: o doente! Cá está, matematicamente provado, o problema é sempre do doente! Como confirmar então a teoria que existem enfermeiros "mão leve" e "enfermeiros-brutos"?
Desde há uns dias (6 dias para ser exacto) que ando a levar uma injecção diária para tratar uma tendinite, consequência das corridas. Caramba! É mesmo verdade! Nota-se diferença entre quem administra a injecção! No primeiro dia senti ligeiramente a agulha e o líquido mas nada de mais; segundo dia... O HORROR!! Senti tudo, a agulha, o líquido, a agulha a sair! Depois fiquei o resto do dia com uma dor na nalga que irradiava pela perna e, ainda hoje sinto uma pequena dor no local da injecção! O terceiro dia não foi muito melhor... no quarto e no quinto não senti nada, abençoadas mãos! Mas ninguém escapa impunemente a uma injecção de cerca de 6ml de líquido (é muito líquido, acreditem!) por dia e, hoje, sentado em frente ao computador enquanto vos escrevo, parece que estou sentado em cima de duas maciças bolas de golfe! Uma enfiada em cada nádega.
Quem diria...
PS: há novidades no "Asas para voar!"