Estamos prontos. Depois de tudo o de mais importante estar tratado faltam apenas alguns aspectos mais acessórios a resolver antes de partir. O que quer dizer que neste momento encontro-me numa posição em que pouco mais me resta que esperar. E eu detesto esperar!
Com tudo bem encaminhado em Portugal, na Suíça apenas (este "apenas" entre aspas claro!) o meu posto de trabalho e um sítio para dormir estão assegurados, faltando ainda tudo o resto para que o resto da família se possa juntar a mim. E assim tenho passado muitas (muitas!) horas em frente ao computador a ler de tudo um pouco sobre a Suíça e os Suíços. Já percebi (finalmente) os princípios básicos da assistência na doença, não existe um Sistema Nacional de Saúde como em Portugal mas sim um sistema privado que é alimentado por Seguradoras. Todos têm de subscrever um seguro de saúde e existem várias modalidades de seguros (e vários preços claro!); o sistema bancário é muuuuito mais vasto que o nosso e muito mais complicado também! Para uma simples conta à ordem (que em Portugal é praticamente gratuita) é imensas modalidade e também se paga. Temos de estar muito atentos ao que contratamos com o banco e o simples acto de ir ao Multibanco (na Suíça não existe multibanco universal e cada banco tem a sua própria rede de caixas automáticas) pode sair muito caro se não estivermos atentos; os abonos de família são fixos e muito mais altos que em Portugal (cerca de 200 francos por criança); descobri um estudo que compara o nível de vida entre vários países da Europa e pude constatar que há aspectos em que é mais caro viver em Portugal que na Suíça (serviços de Internet e telefone por exemplo, são mais caros cá!) mas posso afirmar que globalmente o nível de vida na Suíça é cerca do dobro de Portugal. Se considerarmos que os ordenados na Suíça são cerca de QUATRO VEZES superiores...
Mas o que me fez realmente pensar acerca do meu futuro foi um artigo que encontrei, escrito por um francês especialista em recursos humanos e que se dedica essencialmente a estudar a integração dos emigrantes (franceses, mas não só) nas empresas suíças. Esse artigo enumera algumas regras/conselhos para uma boa integração na cultura empresarial (e pessoal) suíça. Saliento estes:
- No trabalho, treine-se para ter (e para inspirar) confiança nos colegas : na Suíça, contrariamente ao que se passa em França (e em Portugal, digo eu!!), as relações de trabalho são baseadas numa confiança recíproca entre empregador e empregado. Não utilizar formalismo excessivo, não demonstrar desconfiança, não ter uma atitude reinvidicativa, respeitar a hierarquia no local de trabalho.
- Adopte a "atitude suíça" face ao trabalho: evite os conflitos, pense "colectivo" e implique sempre a equipa nas decisões, não seja demasiado "familiar" com os colegas, cumpra as suas promessas.
- Atenue a sua cultura francesa, ela é um pouco barulhenta demais para os Suíços (também se aplica lindamente ao Tuga, não acham?): seja discreto, tente não se evidenciar em demasia, escute os outros.
Estes "avisos" dão que pensar... mas sinceramente, depois de anos e anos a trabalhar ao sabor do vento e das loucuras dos chefes, acho que me vai fazer muito bem trabalhar com linhas directas e muito bem definidas! Faltam 33 dias.