quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A minha amiga Maria.

Esta semana reencontrei uma velha amiga: A Maria! Sim, com A maiúsculo, porque esta é a verdadeira Maria! Conheço-a há muitos anos, com ela cresci e aprendi a ler, ela me contava histórias de gente conhecida e desconhecida (uma verdadeira coscuvilheira, a Maria) mas, acima de tudo, a Maria povoa como nenhuma outra o meu imaginário de adolescente que descobria o interesse pelo sexo. Com ela aprendi tudo sobre sexo (nas suas mais variadas vertentes!), sobre gravidezes inesperadas, encontros e desencontros fortuitos, dúvidas, sustos e traições. Tudo isto do ponto de vista das mulheres o que, penso, enriqueceu bastante o meu conhecimento acerca delas!! Após muitos anos de afastamento eis que a reencontro! Constato que mudou pouco mas mesmo assim perdeu o brilho com que a recordava. Talvez não por culpa dela mas sim minha. Hoje, a minha visão de adulto consegue filtrar toda a luz que, inocentemente, via nela. Hoje farto-me de rir com a Revista "Maria"!
Quando encontrei uma delas, perdida no meio das revistas cor-de-rosa que sempre se encontram pelos hospitais não resisti. Procurei apressadamente a secção "Consultório Sexual" (noto que agora existem páginas rosa "para ela" e azuis "para ele"), páginas que invocam em mim imagens da minha adolescência sexual! E exulto quando descubro que nada mudou! As mesma perguntas parvas, as situações imbecis, caricatas, impossíveis de acontecer com pessoas reais! Situações descritas por pessoas inocentes num tom quase infantil. Tão inocentes e infantis que nem se apercebem que relatam situações que bem poderiam fazer parte de um qualquer filme porno! Há quem insista que são textos imaginados pela redacção da revista, que é impossível que alguém normal tenha aquele tipo de dúvidas e que, acima de tudo, as exponha numa revista de tiragem nacional. Mas acredito que sim, que são pessoas reais com dúvidas reais. Basta ver os cromos do "Big Brother" ou do "Ídolos" ou de qualquer outro reality show para ficar convencido! Mas quase tão hilariante como a questão colocada é a explicação do "consultor sexual" da redacção. O tom é inocente, quase pueril e paternalista. Como se explicasse a uma criança que encontra o vibrador dos pais e brinca alegremente com ele que, na verdade, aquele objecto tão engraçado não é nenhum brinquedo de criança. Vejamos este pequeno exemplo:


Em resumo: a senhora, de livre vontade, acedeu aos pedidos do marido. Teve prazer mas não quer repetir porque não achou romântico. A resposta da redacção inclui "preconceitos sociais", blá, blá, blá, blá, "praticam com ternura", blá, blá, blá, "odeiam". E quanto à atitude paternalista com que a "psicóloga aconselha" (reparem que é "psicóloga e não "psicólogo"): "a leitora (...) parece ter conseguido usufruir do prazer que a estimulação anal proporciona". WTF!! Ela afirma que teve prazer, sem dúvidas!!

Bom, eis o meu (não solicitado) aconselhamento: minha cara leitora, ninguém a obrigou a ter sexo anal. Seria mau se o seu marido a tivesse forçado ou tivesse utilizado a velha técnica do "Oooops! Escorregou, desculpa... foi sem querer!". Mas não. Ele pediu e a leitora acedeu. E, como a própria afirma, teve prazer! Agora queixa-se que o seu marido quer mais. Bom, quanto a isso... oferecer esse tipo de experiência a um homem, ter e dar-lhe prazer e depois recusar!! Isso é o nosso Suplício de Tântalo!! É cruel e não se faz, minha senhora... Ah, porque não é romântico e parece animalesco! Aquela treta que a psicóloga escreve "alguns casais praticam-no com ternura..."? Desde quando é que levar no cu é romântico?!?! Que o diga o Tomás Taveira...



2 comentários:

S* disse...

Desde quando é que levar no cu é romântico? ahahah

oh senhores... que gente mais totó.

Cate disse...

Eu garanto-te que o conteúdo do Consultório do Sexo da revista Maria é completamente inventado pelo pessoal da redacção. E o horóscopo também.
Quando descobri isto, algo em mim morreu. Fazia-me rir imenso. Agora já não acho piada. Não é real! Enfim.