Quando inicialmente coloquei a hipótese de sair do país, passaram-se dias de angustias, dúvidas, receios de estar a pensar nas coisas de um ângulo errado, de não estar a pesar todos os factores, da estratégia ser fraca. Depois de tomar, definitivamente essa decisão nada mais me poderia mudar de ideias. Durante a troca de correspondência com o Hospital para a minha candidatura nada abalou a minha fé que seria contratado. Mas assim que pus pé em solo suíço foi assolado por dúvidas e anseios. Que não pertenço ali, que talvez não seja o melhor passo para o futuro dos miúdos, que a cidade não me acolhe como me acolhe Lisboa. No momento em que entei no Hospital tive a firme certeza que estava no sítio onde sempre deveria ter estado.
Ontem recebi os documentos a preencher para a redacção do contrato bem como a lista de documentos que lhes devo enviar. É a concretização inequívoca de um desejo, a conquista do projecto sonhado. E eis-me aqui, preenchendo formulários e questionários, fazendo contas a ordenados recebidos, impostos e despesas, procurando casa na Internet e, ainda assim preso entre um sentimento de alegria, concretização e antecipação da saída e um outro sentimento indefinível, pequeno mas presente que me aperta o peito e que tento conscientemente afastar de mim...
Na verdade, este processo não é para fracos de espírito.
8 comentários:
Também nunca pensei que fosse para fracos de espírito. A maior parte das pessoas desiste quando começam a pensar bem no assunto!
Vai tudo correr bem! Boa sorte! :)
Não é, não. Mas, depois do primeiro ano lá, as coisas serão mais fáceis. Espero que continuem todos entusiasmados :)
É que, com a certeza de que tudo está bem à frente, és forçado a olhar para trás. Faz parte. :)
O próximo passo são as saudades de cá, mesmo cá. E também faz parte, e é bom, até.
Como eu o compreendo colega. Estou exactamente na mesma situação, dentro de pouquissimo tempo irei também abandonar este nosso país para poder exercer a nossa profissão...e não é fácil...!
Bon courage!!
Bom dia,
Já acompanho o que escreve há algum tempo e só agora tive coragem de deixar um comentário. Nem imagina como o entendo... Moramos na mesma zona e ambos estamos de partida para um sitio melhor (?) com as nossas familias. Não há coincidências, por isso espero que tudo lhe corra pelo melhor possível e que ainda nos possamos cruzar para trocar experiencias!
Muita Força!
Elisabete
Não é fácil mas não é dramático. É enfiar as coisas na mala e seguir viagem.
E sim, sei do que falo. Estou fora vai para 5 anos. E sim, tb tenho filhos.
Bonne chance.
Não podia deixar de comentar. Vivo em Genebra há dois anos.E mesmo não tendo vindo por opção tenho de concordar que estou bem aqui.É dificil, sim, mas acredite ou não passamos a ver o nosso pais com outros olhos...
Bonne chance! Joana
Força!
O meu irmão também foi para a Suiça em 2008. Foi para o cantão alemão (Berna) e nos primeiros 9 meses passou as passas do Algarve (frio, dificuldades com o alemão suiço, mesmo para um fluente em alemão germânico e a tão portuguesa saudade! De tudo e de todos, agudizada pela falta do sol-de-Lisboa.)
Hoje (2011) tem um contrato a termo incerto e nunca se sentiu tão motivado no trabalho como agora.
Comprou casa lá, casou e já teve um filho e diz que não se imaginaria a educar a criança cá. Não equaciona regressar a Portugal.
Não se cansa de dizer que só se arrepende é de não ter 'dado o salto' mais cedo...
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