São 5 da manhã (quase) e ouvem-se os ponteiros do relógio. Para se ouvirem os ponteiros do relógio numa Urgência é preciso que esteja tudo muito calmo. E está. Há sete doentes na Urgência mas todos estáveis, a dormir. As lampadas à média luz e à minha frente dormitam 4 ou 5 colegas, mal instalados nas cadeiras azuis de escritório, cabeças poousadas nas mesas, embrulhados a lençóis, pernas estendidas, pés descalços.
Visto assim nem parece o mesmo serviço dos casos graves, dos acidentes e das reanimações. Não parece o sítio onde há sempre movimento, o vai-vem dos enfermeiros, o entre a sai dos médicos, os pedidos e reclamações de doentes e famílias, as macas dos bombeiros que chegam, o telefone das reanimações que toca.
E, visto assim, até se torna um pouco estranho, melancólico até, que o ritmo destas horas de madrugada no Serviço de Urgência seja dado pelo som dos ponteiros do relógio. Mas é booooooom!
4 comentários:
Miguel, não me perguntes porquê, mas, de acordo com a descrição que fizeste, esse cenário seria o suficiente para me dar uma cólica brutal.
É profundamente estranha a minha relação com o silêncio, os ponteiros do relógio e o intestino.
:)
Enf.º Miguel: Já que está na suiça qual o conhecimento que tem com os faiseurs du secret e com as prieres de guerison no caso dos queimados que ocorrem ao seu SU?
Daria para fazer um post sobre a matéria? Continue a escrever pois eu que trabalhei 18 anos em SU revivo muitas situações que descreve no seu blog.
abraço
Olá Miguel,
cheguei aqui através da Naná e estou a adorar.
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