A propósito deste texto cheio de revolta.
O miudo de quem falei um ou dois textos atrás, o que morreu vitima de agressão, lembram-se? A história tem tanto de simples como de dramática: o miudo, 18 anos mal acabados, regressava a casa depois de um dia na escola de cozinheiros quando foi agredido por dois outros putos de 15 e 16 anos (!) pela simples razão que o casaco que ele usava nesse dia era de uma marca associada aos neo-nazis. E assim, do nada, um puto de 15 anos ,instigado por um segundo de 16, agride um outro de 18 com um murro. Esse murro que acredito não tinha intenção de matar, é causador de um traumatismo craneano com paragem respiratória e consequente sofrimento cerebral e, por fim, a morte.
Quanto à história das praxes, nunca me deixei praxar, tenho demasiado ego e amor-próprio para embarcar nisso mas percebo as fragilidades e inseguranças de quem se submete a isso. Pessoalmente nunca percebi o que andar a correr nu no Jardim da Estrela numa sexta à noite tem a ver com integração académica mas desde logo vi o gosto pelo poder e, sobretudo pela humilhação que muitos "praxadores" demonstravam com indesfarçável brilho nos olhos. Como já decerto calcularam vou falar do caso dos putos que morreram no Meco.
Revejo-me no sentimento de revolta, quase nojo que se sente no texto que referi acima. Então um anormal qualquer, carreirista da universidade com certeza, um daqueles cujo objectivo deve ser chegar a Ministro sem acabar qualquer formação académica (objectivo legítimo pois acabo de descrever boa parte dos nossos políticos), está envolvido directa ou indirectamente, em maior ou menor grau no desaparecimento de seis pessoas, SEIS! e esconde-se atrás de "amnésia selectiva"? Mas não é a sua atitude pequenina, cobarde, de rato de porão que me enoja, a sua atitude enquanto "dux" (seja lá isso o que for) não deixa dúvidas quanto ao seu valor enquanto Homem. Não, o que mete nojo, o que envergonha, é a atitude conivente de todos os que estão ligados à Lusófona. Todos, os alunos que provavelmente sabem ou suspeitam o que se passou, os directores que protegem o único sobrevivente de uma tragédia sem precedentes na comunidade universitária e os responsáveis das leis em Portugal que não tem colhões para dar um murro na mesa e levar esse "menino" a contar o que raio se passou naquela noite. Isto, para um Português que vê o país de fora é vergonhoso. Tenho vergonha de meu país no que a este assunto diz respeito.
O paralelismo entre estas duas história, o puto que morreu por ter sido agredido gratuitamente e o dos putos que se afogaram no Meco é este: tratam-se de duas tragédias que acontecem por razões estúpidas e mesquinhas, acredito que em nenhum dos casos houve intenção de matar. Agora a diferença é que, no dia seguinte ao puto ter sido agredido, ainda antes de ser comunicada publlicamente a sua morte, a Polícia Suíça já tinha prendido preventivamente os dois jovens (saliento de 15 e 16 anos) e dois dias depois esses dois meninos foram ouvidos por um Juiz de Menores que os constituiu arguidos e os colocou em prisão preventiva numa prisão para menores (sim, isso existe aqui).
1 comentário:
Ora que post tão bem escrito e que paralelismo tão bem feito!
O meu filho no 8º ano foi vitima de bulling..terrivel...e durou até ao dia que o pai "invadiu" o gabinete com o filho pelo braço, a dizer que ía fazer queixa à policia do miudo que constantemente agradia verbalmente e não só o nosso filho...nessa altura as coisas acalmaram e ele acabou por sair da escola.
O nosso país em neste tipo de coisas, de apurar a verdade e de agir em conformidade com a lei é muito atrasdo, quando interessa.
Também nao me deixei ser praxada, alias apenas me escreveram com um baton na testa " caloira" de resto mais nada...acho ainda que as praxes, sendo um ritual de integração devia sê-lo pela positiva fazendo jus aos miudos que entram na faculdade e não com parvoices de gente mal formada, mal educada, e muitos deles pouco inteligentes...
Acho que esta historia do Meco tem mesmo de ser investigada e a verdade apurada para sossego de todos...
E porque raio os miudos nao se recusaram às praxes...
Enfim...
OIbrigada por continuares com o blogue! :)
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