quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Quatro anos, quatro parágrafos.

Cheguei. Três meses de "à condição", uma nova língua, uma nova cultura, uma nova organização. Ao fim dos três meses tinham dúvidas, afinal alguém com a minha experiência devia estar mais à frente (assim pensavam eles) e tive de explicar-lhes que, à excepção das técnicas e material tudo, mas tudo era diferente. Mais três meses à condição. Fiquei lixado, revoltado, trabalhei mais que os meus colegas que começaram no mesmo dia que eu... mas eu era o único não francófono.
Trabalhei ainda mais, seis meses passaram e depois um ano e fui aceite para fazer a especialidade. Dois anos. No primeiro dia pensei que ia estar atrás de toda a gente. Afinal era um percurso académico duro numa língua que ainda não dominava. Enganei-me. Modéstia à parte, fui mais longe e mais rápido do que toda a gente. Acabei nos prazos, rebentei com o júri na prova oral e senti-me orgulhoso do que tinha feito.
Três anos depois de ter chegado sou um dos especialistas do serviço e sou convidado pelos chefes a integrar a equipa dos enfermeiros chefes-de-equipa, aqueles que têm a função de coordenar toda a actividade relacionada com os doentes presentes no serviço de urgências assim como supervisionar a equipa de enfermeiros. Ultrapassei carradas de colegas que ainda estão à espera e as vozes de protesto não se fizeram esperar assim como os testes e desafios à minha competência e saber estar. 
Um ano depois disso estou bem na minha posição, os meus colegas respeitam-me enquanto colega e responsável, embora não recolha a unanimidade (e ainda bem!). Entretanto fui convidado para um outro curso, desta vez uma pós-graduação em avaliação e gestão da dor para vir a ser responsável pelo novo projecto "Gestão da Dor" que se iniciará no serviço em Junho deste ano. Novas vozes de desacordo que terei de calar.     
Olho para trás e penso que foi tudo tão rápido mas ao mesmo tempo já passaram mais de quatro anos. Olhando para trás percebo o porquê de quase ter deixado morrer este blog: andava na luta. Hoje estou num lugar bom e a única dúvida que me assola actualmente é qual o desafio a escolher a seguir!

3 comentários:

Sarah disse...

que todas as escolhas sejam realizadas!

Carla Santos Alves disse...

Um orgulho, portanto! :)

DeepGirl disse...

E eu já lá vao cinco, em Neuchâtel! Vá lá que pelo menos reconhecem as nossas competências, é o leitmotiv :).