Isto de estar em casa com dois filhos pequenos tem muito que se lhe diga. E a chave aqui está em três palavrinhas: "dois", "filhos", "pequenos". Pois é, com o Gabriel foi muito fácil! Um bebé pequeno que se limitava a dormir, comer, evacuar dava imenso tempo para tudo. Desde passear pelos jardins, visitar os colegas de trabalho, tomar um cafézinho com amigos, ver aquele filme ou aqueles episódios das séries em atraso. Afinal, perdia-se ali uma meia horita a dar o biberão ao pequenote e depois sobravam duas ou três horas de pura e perfeita liberdade. Se a liberdade existe é nessas horas em que o bebé dorme e a esposa está no trabalho! Foram os melhores quatro meses da minha vida: sem trabalhar, folgado, passeando por aí e com o ordenado por inteiro ao fim do mês! Hoje, esse bebé sossegado e comilão é um menino com três anos, enérgico, brincalhão, apelativo mas, ainda comilão! O meu filho não pára. Correr, jogar ás escondidas, brincar com os carrinhos ou, o melhor de tudo, brincar na piscina! Com quem? Com o pai. Hoje passámos a tarde enfiados, de molho na piscina e as brincadeiras sucederam-se...
-Pai, agora eras um crocodilo. Agora eras um tubarão e eu um golfinho. Não! Agora eu era um dragão azul com asas e estava morto e tu eras um caçador de dragões que atirava-me água mágica e eu vivia! Pai, pai! Agora tu deitas na bóia e eu vou para cima de ti e tu és um cavalinho! Agora vamos atirar a bola! Agora brinca com os barquinhos. Tu eras uma montanha e os carrinhos vão subir-te!!!
Tudo isto e ainda mais numa pequena piscina redonda com três metros e qualquer-coisa de diâmetro... Entretanto o David dormia, esparramado, na sua espreguiçadeira, completamente alheado da chinfrineira que o seu pai e irmão faziam a poucos metros! Nas pausas para preparar as refeições, para ajudar a Mariana com os cuidados ao recém-nascido, mudar fraldinhas e dar banho a um e a outro o Gabriel salta, pula, ri-se, faz caretas e brinca ao faz-de-conta, dá abraços fortes e beijinhos a mim, à mãe, ao irmão e a quem mais lhe aparecesse pela frente. Ao deitar leio uma história mas ele pede sempre outra e mais outra. E a última chega quando ele deita a sua cabecinha no meu braço...
Meus amigos, estaria menos cansado se tivesse trabalhado todo o dia com doentes mas, honestamente, gostava que esta licença durasse os próximos... vá, dez anos!!!