Cá está, eis que finalmente se concretiza algo que só os menos atentos julgavam impossível: é chegada a hora do FMI, ou do FEEF, o que na prática é a mesma coisa. Mas afinal que mecanismo é este?
Daquilo que tive oportunidade de ler o processo é parecido ao empréstimo bancário para a construção de uma casa (neste caso, da reconstrução da "casa dos tugas"!): o FMI/FEEF (insisto nesta dupla designação, não vá o Professor Aníbal ler este artigo e ficar zangado) vai libertando o dinheiro em várias fases. Uma primeira fase dá dinheiro para construir das fundações até à primeira "placa" da casa. Nesta fase, lá vem o avaliador do FMI/FEEF verificar a obra e, sim senhor, liberta mais dinheiro para a construção até à segunda "placa", momento em que volta o senhor dos euros verificar a obra e dizer, sim senhor, tomem lá dinheiro para terminar a barraca. E tudo seria simples, o banco empresta dinheiro que paga ao empreiteiro e o credor paga ao banco em suaves prestações até à véspera do seu funeral.
O problema nesta equação é, precisamente o empreiteiro ou seja o sujeito a quem nós entregamos o dinheiro para as obras. No caso em análise esse empreiteiro é o Sr. Engº José Sócrates. Logo à partida, há fortes suspeitas que o senhor se tenha indevidamente apropriado do título de Engº e logo, parece evidente que não deve ser muito competente neste negócio da construção de imóveis. E depois, os imóveis que o senhor projectou numa aldeia qualquer lá no norte também não abonam muito a favor da criatividade e eficácia do senhor. Mas nós, ao bom estilo português lá nos deixámos embalar no discurso meloso e na imagem de vitalidade e mudança e, pimba!, entrega-mos-lhe as rédeas do nosso projecto.
O fulaninho afinal não era empreiteiro nenhum e entrou o no esquema da distribuição do dinheiro por vários sub-empreiteiros em quem confiava. Falhou prazos, ultrapassou orçamentos, utilizou materiais do chinês e deixou a obra por acabar e o projecto finou-se. Culpou os sub-empreiteiros, claro! Ele foi só responsável pelo cimento e pilares e não pode ser responsável se os tipos da confragem falharam, se as loiças do WC não apareceram ou se a cozinha tem as portas empenadas! Nós ficámos agarrados a nada e a Banca mandou-nos à fava, fechou a torneira dos euros, subiu os juros do empréstimo por causa do nosso imcumprimento e certificou-se que mais ninguém nos emprestava ou, se emprestarem que o façam com juros típicos de uma qualquer D. Branca.
Lá vem então o FMI/FEEF. Mas como a obra está a meio e está tudo encravado já não há outro empreiteiro que pegue na obra do senhor Sócrates (que até, muito humildemente, se demitiu do cargo de empreiteiro mas sem antes garantir que vai concorrer ao cargo novamente) o dinheiro vai ser entregue ao mesmo empreiteiro que queimou todo o dinheiro, que falhou prazos, que estoirou orçamentos! Porra. Parece que há aí um novo empreiteiro que se prepara para assumir a obra, um tal de Sr. Passos-Coelho mas que também não deve ser muito bom porque diz que o seu trabalho nos últimos anos tem sido mais atrás da secretária, a fazer projectos e assim, e não percebe nada de construção.
O problema, no meio disto tudo, é dos empreiteiros. É isso e quando aparecerem os senhores do Cobrador do Fraque para reaver o seu investimento. Com juros.
1 comentário:
Já percebi é que os economistas culpam os portugueses de viver acima das suas possibilidades e que as famílias se endividaram até ao limite de não conseguirem pagar. Não foi isso que os sucessivos governos fizeram? Mesmo estando a dever imenso, não deixaram de querer fazer mais obras, aprovar orçamentos e fazer contratos que favorem todos menos o estado? Então a culpa é de quem?
Eu também penso que é dos portugueses, mas porque votaram sempre para serem os mesmos a colocarem-nos a corda na garganta. Agora ("coitados") viram-se obrigados a chamar o FMI, para apertar o nó. Mas ainda falta o empurrãozinho para ficarmos a balançar... Isto se os portugueses continuarem a não se revoltar com o que lhes estão a fazer. Mas eu tenho esperança que haja uma Padeira de Aljubarrota em cada um de nós.
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