sexta-feira, 5 de novembro de 2010

É a vidinha!

A enfermagem exige um trabalho em equipa. Para bem dos doentes, para bem dos enfermeiros. A ideologia do serviço deve estar bem definida, as rotinas bem estabelecidas, a comunicação sempre clara. E assim é muito fácil trabalhar porque, não importa qual o colega com quem partilhamos o turno, sabemos sempre o que tem de ser feito, a que horas deve ser feito e como deve ser feito. E acima de tudo cria um sentimento de respeito pelo colega. Porque o trabalho que nós fazemos no nosso turno vai reflectir-se no turno seguinte. Principalmente se esse trabalho for mal executado!
Nos últimos três anos trabalhámos isso na nossa equipa. Definimos e optimizámos normas, rotinas, protocolos. Criámos condições para melhor servir os doentes e também para que o nosso trabalho fosse menos "pesado". Criámos uma dinâmica de serviço própria, eliminámos os elementos menos adaptados, os "corpos estranhos", recebemos e doutrinámos os novos elementos. E, três anos passados tínhamos finalmente uma equipa! Mas tínhamos outra coisa: gostávamos de trabalhar juntos. Eu, que já aqui escrevi algures, que não alinhava nos jantares de serviço passei a ir e a gostar de estar com aquela gente fora do contexto do branco das fardas. Trabalhar tornou-se agradável. E depois...
Bom, e depois, após tanto trabalho e alguma dedicação, depois de se criar uma simpatia entre toda a equipa eis que alguma alma pensadora da gestão decide desmembrar a equipa e distribuir-nos pelos restantes serviços. Agora trabalho numa equipa que não conheço, uma equipa sem alma, sem personalidade, sem cumplicidade. E isto não é relativamente a mim, o novato, é algo que imediatamente se sente ao observar a interacção entre estes enfermeiros que já trabalham juntos há anos! E isto é triste. E desmotivador. Mas enfim, já ando nisto há tempo suficiente para não desmoralizar com estas coisas! O segredo está em centrar-me nos doentes que me são atribuídos, prestar os melhores cuidados que me forem possíveis e... cumprir o meu horário sem levantar ondas. Mas continuo a sentir-me triste com a extinção da minha antiga equipa.

2 comentários:

Katty disse...

São este tipo de decisões que levram o nosso país ao ponto em que estamos. Enfim...

Naná disse...

Na empresa onde trabalho, as chefias também acham que desmembrar uma equipa de obra que trabalha bem, unida no mesmo objectivo, com dinâmicas de execução e realização que acabam por se reflectir na (boa) execução da obra, é de louvar!
Por isso, em vez de manterem uma equipa "vencedora", nããão... vamos lá separá-los! Tudo porque acham que se ganham "vícios"...
Eu quando aqui comecei também ia a jantares, convivios, cafézinhos ao fim de semana e tinha prazer em ir trabalhar... mas agora isso perdeu-se!
Os chefes ainda não entenderam que um empregado satisfeito no local de trabalho é um empregado produtivo!!