terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Penso logo... escrevo!

Voltemos a um tema que parece ser recorrente neste blog: as reclamações, o livro amarelo.
Num dos textos mais antigos aborda-se o facto de os utentes não saberem reclamar. No meu ponto de vista, esse facto insere-se num problema bem mais vasto que se pode definir como a inexistência de uma "Cultura da Doença ou do Doente" que se prende com o facto de que os portugueses não sabem estar doentes, não sabem acima de tudo ser doentes. Arrisco-me a afirmar que somos incompetentes no papel de doentes. Mas avante, que esta reflexão dava um post completamente diferente e muito extenso.
Voltando às reclamações e ao livro amarelo. O que se passa é que os utentes não sabem, na sua larga maioria, escrever. É isso mesmo!
Passo a explicar que eu sou o tipo de pessoa que escreve SMS muito extensos porque detesto a nova linguagem utilizada neste sistema de comunicação. Se há coisa que me afecta é ver a língua portuguesa maltratada. E é isso que se passa neste caso. Fico absolutamente horrorizado ao ler o que é escrito pelos utentes.
Na maioria dos casos a caligrafia é ilegível sendo que a grafia se parece muito com a minha própria caligrafia... mas quando ainda estava no 4º ano!!! Os erros ortográficos são mais que muitos, já para não falar da utilização da tal "linguagem SMS". Isto num documento que se pretende sério e que se destina a um fim muito a sério.
Além disso não existe um corpo de texto definido, os temas são expostos de uma forma perfeitamente errática, não existe coerência no discurso, não há pontuação... enfim!
Sinceramente, a maioria dos textos são incompreensíveis, uns por causa da caligrafia e outros devido à encriptação criada pela estrutura do texto.
Obviamente não sou um perito da língua portuguesa, nem perto disso, mas parece-me que este pode ser um espelho da formação da nossa população. E estamos a falar de uma faixa bem representativa dessa mesma população!!
Lembro-me de, durante o curso, debater a questão do pensamento e da linguagem: haverá pensamento sem linguagem, e haverá linguagem sem pensamento? Uma coisa eu sei: para escrever é preciso pensar e aquilo que escrevemos e como o escrevemos reflecte o nosso pensamento.
Resumindo, as pessoas não sabem escrever, logo não sabem pensar!
E depois admiram-se que as reclamações não dêem em nada!! Pois se a maioria delas não se entendem (seja a letra, o texto ou o motivo da reclamação)...
(felizmente existe a blogosfera para ler coisinhas com jeito!!)

1 comentário:

Ana C. disse...

Eu tenho uma teoria sobre o livro amarelo: Devia ser um gravador. Como é que alguém fora de si, verde de raiva, como eu já fiquei mais do que uma vez em mais do que uma repartição de finanças quando confrontada com alguma anta com olhos que se limita a repetir a mesma resposta até à exaustão do outro lado do balcão.
Como é que uma vítima neste estado de quase colapso cardíaco ainda tem que redigir um texto coerente e minimamente educado, quando a única vontade é atirar com o dito livro de reclamações como arma de arremesso?
É como quando surgiram os telemóveis. Deixámos de poder "desligar o telefone na cara". Em vez disso estamos reduzidos a carregar num botão...