terça-feira, 26 de maio de 2009

Currículos

Acabei de fazer o meu Currículo. Nunca tinha feito nenhum, nunca tinha sentido essa necessidade. Quando eu acabei o curso tinha já emprego em vista. Na verdade, assinei contrato ainda como aluno e comecei a trabalhar no dia imediatamente a seguir a terminar o estágio final. Uma semana depois arranjei um 2º emprego noutro hospital. Era facílimo trocar de emprego. Se não estávamos satisfeitos, trocava-se de emprego de um dia para o outro! Hoje corta-me o coração quando sei de colegas enfermeiros recém-formados que estão no desemprego ou nas caixas do Continente. Ou então trabalham em condições deploráveis e pagos a metade do tabelado por lei. É a época do recibo verde e da prestação de serviços.
Ao fazer o meu currículo apercebi-me de duas coisas essenciais:
- tenho trabalho. Muito trabalho! Já passei por algumas instituições, já tenho alguma experiência, tenho armas para lutar por um "lugar ao sol".
- Por outro lado, não fiz ainda muitos cursos de aperfeiçoamento profissional. Por várias razões. Porque a maioria são vazios de conteúdo prático, sendo mais "verbo de encher" currículos e os bolsos dos formadores e porque não tenho disponibilidade financeira nem tempo para realizar as que valem a pena.
Estes dois factores, que se deviam complementar, estão em conflito. Por um lado experiência profissional e competências baseadas na prática e, por outro, conhecimentos teóricos adquiridos em cursos de profissionalização. Estes cursos deviam servir para sedimentar a qualidade da prática clínica mas não o fazem. Neste momento, a maioria das pessoas que trabalham não tem disponibilidade para os frequentar e esses cursos estão agora pensados para serem "papados" por enfermeiros novinhos que, não tendo trabalho, querem enriquecer o currículo. O que acontece? Temos enfermeiros muito novos e sem experiência "no terreno" a ser preferidos face aos "velhos guerreiros" da luta diária (como é o meu caso). Nunca na vida me tinham pedido um currículo mas, estando eu a concorrer para um lugar de formador profissional apenas com a minha experiência e um curso de formador (CAP) como é que raio vou competir com um puto que tem carradas de cursos e pós graduações, apesar de nunca ter dado uma injecção na vida?
Cheira-me que algo aqui não está a bater certo...

2 comentários:

Tasha disse...

Pois esta é umas das mas recordacoes do meu portugal. Pais onde se dá valor ao papel, mas nao á experiencia...
Carradas de cursos e cursinhos e canudos. E experiencia no terreno??? NICLES!!!
Que lhes valem os cursos e os canudos se depois nada sabem na pratica?
Aqui em Inglaterra é a experiencia e o trabalho no terrenos que fazem toda a diferenca.

Miguel disse...

Tasha, por acaso já trabalhei com um médico formado na Inglaterra e notei bem a diferença de atitude!! Para melhor claro!