sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Parentalidade (como agora se chama) visto pelo lado de um homem...

Ontem li este post e lembrei-me do que senti quando estive nessa situação. Sim, meus amigos, eu gozei 120 dias de licença quando o Gabriel nasceu. Os primeiros 2 meses em conjunto com a Mariana (entre licença por nascimento, 5 dias na altura, atestado de apoio à família e alguns dias de férias lá consegui os dias!) e os dois outros meses como Pai a 100% (isto porque, por razões parvas e que não interessam, a Mariana foi forçada a abdicar...). Confesso que foram os melhores meses da minha vida!! Neste momento sinto-me legitimado a reclamar também para mim aquele elo de ligação forte que é a ligação mãe-filho. Porque eu amamentei o meu filho (biberão é certo) e senti as dificuldades dele na adaptação à tetina de borracha, senti o seu desconsolo quando percebeu que não estava a mamar directamente da fonte, acompanhei a tristeza da Mariana quando saía pela manhã, congelei leite, esterilizei biberons, mudei muitas fraldas, acompanhei muitas cólicas. Mas também adormeci com o meu filho no meu peito, assisti ao seu primeiro sorriso, senti as suas pequenas mãos a descobrirem a minha face, tomei banho com o meu filho, escolhi a sua roupa, passeei com ele nos jardins e nos centros comerciais onde só vi mulheres com os seus filhos. Fiz tudo isto e garanto-vos, se tiver oportunidade, falo-ei outra vez!! Contudo, devo dizer que a melhor maneira de viver estes meses é a dois. Porque muito embora tenha sido muito compensador todo esse tempo que passei com o Gabriel, sentimos sempre muito a falta da Mariana...
Por isso não percebo a relutância (resistência?) de tantos homens em reclamar um direito que lhes assiste. Não percebo a resistência dos patrões em aceitar esse direito e as perseguições feitas (quando pedi os dias, o Director mandou o processo para análise jurídica para confirmar que eu tinha mesmo esse direito!!!), e não aceito que me digam que "é função da mulher"! A mulher deve estar todo esse tempo com o seu filho, mas deve ser concedido ao pai a oportunidade de a substituir sem se sentir perseguido e sem sentir que essa decisão o pode prejudicar. Mas este é assunto para dar um post bem longo.
Assim, percebo a angústia da Naná face ao regresso ao mundo real, do trabalho. É que custa com'ó caraças!!! Coragem!!!

6 comentários:

Melissa disse...

Olá, Miguel, cá em casa é igual, é o Hugo que está a fazer a licença. Tem um sentido m(p)aternal gigantesco - que eu própria não tenho, confesso - e já está a sofrer por antecipação o fim da licença, que será no mês que vem.
Ele trabalha na ordem dos advogados, por isso, não houve problemas quanto ao conhecimento da lei. Com os nossos outros amigos a conversa é bem diferente e mal puderam tirar os dias iniciais a que têm direito. Uma tristeza, mesmo, sexismo puro.

Agora com esta nova lei dos 30 dias a mais para licenças partilhadas a coisa talvez vá ao sítio. É um luxo para uma criança poder ter esse vínculo com ambos os progenitores. Sei que o meu Gabriel adora. :)

Amores da minha vida disse...

O primeiro e segundo dia de trabalho depois de ter tido a Joana foram só lágrimas!!! Mas o meu marido foi sempre muito presente e também fazia todas as tarefas que fossem necessárias para me ajudar a cuidar dela. O banho é que foi um drama!
A vantagem foi que um ano mais tarde eu necessitei de ser operada a um quisto no ovário, e, o melhor de tudo foi que a Joana ficou com o pai e eu não stressei nem um pouco porque ele já estava habituado ás tarefas e rotinas da bébé.

Naná disse...

Miguel, concordo contigo a 100%. O pai tem o mesmo direito que a mãe. O pai do meu filhote teve sérios problemas em lhe permitirem gozar os 5 dias a que tinha direito, porque não lhes dava jeito e tinha que pedir com antecedência... quando na lei nada diz disso! E ele só pediu para gozar os 5 dias quase 10 dias depois do Filipe ter nascido...
Ele, por sorte, como trabalha por turnos, maioritariamente à noite, tem sido um pai super presente, faz tudo o que tu fizeste sempre que o tempo lhe permite!
Por isso, acredito que a angústia de pai é igual à de mãe!

Joanissima disse...

Quando eu fiquei de licença de maternidade, foi martirizante. Foram seis meses longe dos meus neurónios e, quando regressei ao trabalho, parece que nem sabia pensar.
Eu achei maravilhoso estar com ela mas, por outro lado, perdi-me um bocadinho e custou-me horrores voltar ao normal.

Ana C. disse...

Miguel leste o meu post acerca dos suecos? uma das coisas que me apaixonou em Estocolmo foi ver os pais com as suas crias para tudo quanto é lado, aos magotes, em grupos só de pais. Achei um espanto. Acho que o governo desde os anos 70 que faz questão de impulsionar a igualdade de direitos Pai/Mãe e resultou mesmo...

Banita disse...

Faz-nos falta mentalidade sueca, quer aos patrões e depois, e por acréscimo aos pais do nosso País. Sim, acho que devem ser uns dias maravilhosos e partilhados com o pai, porque na hora de o fazer o pai também deu o seu quinhão! Toca a partilhar a licença que faz bens aos bebés e aos papás/mamãs!!